Prólogo

177 55 269
                                    

— Oh meu filhote, eu vou condenar o meu pequeno filhote! Por que que o meu destino tinha que ser tão cruel? Não podia esperar que o meu filhote nascesse?— Taewoon andava de um lado para o outro acariciando a barriga de já nove meses, o rosto desprovido de qualquer cor a fazia parecer um  tanto abatida. Bastante assustada, ela andava de um lado para o outro respirando pesadamente, tentando se acalmar, embora isso fosse impossível.

— Te acalmes.— Malak pediu, franzindo o cenho preocupado com a cria.— Isso fará mal ao filhote, Taewoon.

Taewoon sequer ouviu as palavras de Malak, roendo as unhas continuou andando de um lado para o outro. Ela tinha vontade de desistir, tinha vontade de acabar logo com aquele tormento. Fazia dias que não conseguia dormir, o problema não era dormir em si, mas sim o que se passava depois que adormecia. Os pesadelos tinham se tornado cada vez mais regulares, Taewoon sabia bem que não era bom quando ela sonhava repetidas vezes com a mesma coisa.

Falar de sonhos ou pesadelos, era mais complicados quando se tratava da rainha. Ela lembrou de uma das passagens do pesadelo, do sangue, dos gritos e do cheiro a morte que ela pensou sentir e estremeceu dos pés a cabeça.

Aquilo não eram simples sonhos, eram premonições. Ela sempre gostou de ter o dom de ver o futuro através do sonhos, porém, naquele momento, ela daria tudo para não ver o que aconteceria no futuro. Daria tudo para ser normal e ter o seu segundo filhote em paz.

Taewoon virou-se para Cibele que a acompanhava de perto e segurou as suas mãos com delicadeza.

— Tu tens que ajudar-me.— Taewoon suplicou com grossas camadas de lágrimas caindo dos olhos que brilhavam, fazendo com que parecessem duas jóias preciosas.

— Amiga minha, por favor, não chore.— Cibele pediu se abaixando com um olhar carinhoso, para enxugar as lágrimas que escorriam do rosto da rainha sem cessar.— Teu filhote pode sentir essas emoções negativas, isso não o fará bem.

Cibele inclinou a cabeça olhando para Taewoon com extrema tristeza. Doía muito saber que a sua amada amiga tinha um destino tão cruel, e doía ainda mais não poder fazer nada pelo filhote.

— O meu filhote não pode morrer desse jeito... não pode morrer por culpa do meu maldito karma! — a rainha praguejou, olhando para Malak, sentado perto de onde as duas se encontravam, ele tinha uma pose despreocupada e olhava para a interação das duas mulheres atentamente. — Malak, não o leve embora, por favor, só dessa vez não o leve embora. Não o faça partir tão cedo, por favor!

— Taewoon, nesses anos todos de amizade tu deverias saber que não sou eu quem controla isso. — Malak respondeu seco, ele detestava quando a culpa disso era incumbida a ele. Ele nunca matou ninguém. — Não podemos evita-lo, esse é o teu karma...

— Malak! — Cibele interrompeu o irmão, sabendo que aquilo não levaria a nada bom. — Parem de brigar, nós estamos aqui para pensar em uma forma de salvar o filhote.

O silêncio se fez presente no local. Malak compreendia Taewoon, afinal ela estava desesperada procurando uma forma de salvar o filhote que gerou durante longos meses. Tinha um ditado que dizia que mulheres nunca seriam sensatas quando se tratava de proteger seus filhos, Malak comprovou isso com seus próprios olhos. Ele continuou sentado no escuro onde a luz da lua não o alcançava e olhou para a irmã, que parecia estar realmente a procura de uma forma de ajudar Taewoon. Era muito difícil para ele dizer se era bom ou não salvar Taewoon e o filhote.

— Eu tenho uma forma.— Cibele falou de repente, despertando Taewoon do estado de transe em que se encontrava.

Na verdade ela já tinha pensado nisso antes, no entanto, precisou de muito tempo para decidir usar tal método vil.

— Diga-me!— Taewoon pediu com urgência.

— Antes de tudo, eu preciso saber se estás disposta a fazer qualquer coisa por teu filhote.

— Faço tudo por meus filhotes!— a rainha segurou com firmeza as mãos de Cibele, afirmando sem pensar duas vezes.

— Precisamos falar com o rei antes de fazê-lo.— acrescentou trocando um olhar rápido com o irmão que a fuzilava com os olhos.

— Cibele!— Malak chamou com urgência sabendo bem o que ela deveria estar pensando, afinal eles eram gêmeos. O yin e o yang, dois lados diferentes da mesma moeda, era impossível não adivinhar o que se passava na mente dela.

— Apenas uma vez, por Taewoon que tanto nos ajudou.— a mulher de longos cabelos ruivos mostrou um semblante triste, cheio de remorso pelo que faria. A culpa já a consumia. Era apenas uma vez, repetiu mentalmente várias vezes numa tentativa falha de aliviar o peso.

Malak sabia que aquilo não era bom, mesmo assim não a tentou impedir. Apenas levantou-se, passando por elas com uma rajada de vento frio. Frio o suficiente para fazê-las estremecer e erguer todos os pêlos que possuíam. Depois que o vento frio se foi, uma voz aguda e clara ecoou em todos os cantos do jardim, sussurrando simples palavras que acarretariam várias consequências no futuro.

Apenas uma vez, por Taehyung...

                           🌹

Comecei bem?

Estou muito fora da minha zona de conforto escrevendo na terceira pessoa, mas estou gostando de ter essa nova experiência.

Obrigada por ler! Até a próxima. 😆

O Príncipe Do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora