Susto

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Depois do sermão do Couson, Tony foi liberado, dando um olhar mortal para Flash enquanto saía e deixava o loiro na sala com o treinador. Vestiu sua mochila e saiu da escola à procura do carro de Happy, mas não o encontrando. Pegou seu celular para chamá-lo, quando viu Peter à distância, caminhando distraídamente pelas ruas escuras. 

Desviou os olhos para seu celular, pronto para mandar mensagem para seu motorista quando aquele magnetismo louco o fez encarar Peter outra vez.

Dois caras suspeitos pareciam o seguir. O garoto, que estava a dois quarteirões de distância de Tony, pareceu notar aquilo, andando mais rápido. Ao ver que os perseguidores dele fizeram o mesmo, Tony se preocupou. Evocou o mapa do lugar ao redor deles, lembrando que as ruas dali eram escuras e havia um parque mal-iluminado cruzando as próximas quatro quadras, fornecendo o cenário perfeito para um roubo ou coisa pior. Lembrou também que o ponto de ônibus era perto dos portões de entrada do parque, e que provavelmente era para lá que Peter ia.

Sem pensar duas vezes, Tony se pôs a correr, logo pisando na grama do parque e entrando na escuridão que aquelas árvores produziam, já que impediam que a parca luz da lua iluminasse o lugar. Por sorte já tinha andado por ali várias vezes durante as aulas vagas no contraturno, então conhecia o local, além de ser um exímio atleta e conseguir suprir as distâncias com facilidade. Quando viu o fim do parque, se apressou ainda mais, e saiu pelo portão lateral, vendo Peter um pouco a frente e os dois caras estranhos do outro lado da rua, mas o acompanhando a pouca distância. Se apressou, logo chamando a atenção dos perseguidores, principalmente quando apoiou a mão esquerda nas costas de Peter.

-- Sou eu. -- Disse assim que sentiu o garoto se sobressaltar e que iria reagir. -- Vou te acompanhar, então se acalme. 

O castanho acenou quase imperceptivelmente. Tony conseguia senti-lo tremer sobre seus dedos, então moveu a mão para cima e para baixo, tentando reconfortá-lo. Assim que viraram a rua para ir até o ponto de ônibus, Tony olhou para trás, apenas para confirmar que não estavam mais sendo seguidos. Entretanto, esse fato não o impediu de continuar com os movimentos nas costas de Peter.

-- Sua mãe não o ensinou que é perigoso andar sozinho a essas horas? -- Tentou brincar ao chegarem perto da placa que sinalizava a parada do ônibus. Estranhou que não houvesse cobertura ou ao menos um banco para sentar ali. -- Principalmente nessa escuridão?

-- Não. 

Tony se virou para ele, prestando atenção na respiração pesada do outro e de como suas mãos tremiam quando ele coçou os olhos. 

-- Você está bem, Peter? -- Deixou que sua mão subisse das costas para o ombro do rapaz, apertando levemente.

-- Vou ficar.

-- Isso já... aconteceu antes? -- Tony continou o encarando, esperando ler a resposta nele. 

-- O quê? Ser seguido em uma rua escura por motivos duvidosos? -- Agora que ele falou mais de duas palavras, Tony notou como sua voz estava tremida também. -- Seja bem-vindo ao Brasil, senhor Stark.

Tony continou o encarando. Nunca entendia essa mania de Peter que transformava frases que soariam debochadas em coisa séria ou amena. Ele continou encarando a rua e Tony o verificou outra vez antes de perceber que o ônibus se aproximava. 

-- Você vai ter que andar por outras ruas assim até chegar em casa? -- Tony viu que ele estava confuso. -- Depois que descer do ônibus?

-- Digamos que a iluminação pública não é um foco das últimas gestões. -- Ele deu de ombros. 

Tony checou o celular, lendo a mensagem de Happy que avisava que ele estava na cidade vizinha resolvendo algumas coisas para Obadiah e chegaria em quarenta minutos. Tony sabia que sua decisão já estava tomada, assim como sabia que as chances de se arrepender seriam enormes. 

P.S.: Eu te odeio Onde histórias criam vida. Descubra agora