- Acorda Enrrico, é hora da sua aula! - aquela mesma voz rouca devido os inúmeros maços de cigarro consumidos por anos vinha lhe despertar mais um dia, a mesma voz que o embalava para dormir e que gritava inúmeras vezes afim de repreende-lo, a voz de seu querido e doce avô, seu único parente vivo desde que seus pais e sua avo, foram vítimas de uma grande fatalidade, ao serem atingidos certeiramente por uma carreta descontrolada, não resistindo ao impacto.
O jovem de cabelos loiros e longos, olhos verdes, medindo seus cento e setenta centímetros abriu minimamente seus olhos e avistou a figura o encarando, um pequeno grande homem com seus cento e cinquenta e quatro centímetros de altura, feições cansadas, mas muito felizes, olhos castanhos e grandes, vestindo a engraçada e habitual mistura de suas calças sociais favoritas, seu roupão, suas sandalias e o avental por cima, o que indicava que o café estava posto na mesa e só faltavam os dois sentados lado a lado para apreciarem qualquer que tivesse sido o prato do dia.
Enrico sentou-se, esticando seus braços e se espreguiçando, esfregou, em seguida, as mãos em seu rosto e correu em sua mente a lembrança de seu sonho da noite anterior o que lhe arrancou um leve sorriso cheio de expectativas. Ele se levantou e andou alguns passos em direção ao seu avô o abraçando.
- Bom dia vovô - disse o apertando e sentindo o cheiro do trigo e da cinzas de cigarro misturados a loção de alfazema. Seu avô retribuiu seu abraço e depositou um beijo em seu peito nu e o mesmo beijou sua careca brilhante.
- Se arruma meu filho, sua aula começa já, já, você precisa se arrumar, para tomarmos nosso café, ok?
- ok, vou só organizar rapidinho meu quarto, o senhor pode ir descendo, chego em poucos minutos.
Seu avô, olhou ao redor, sorriu e virou as costas, segurando a maçaneta e a puxando, parando o suficiente para apenas sua cabeça permanecer dentro do quarto e então disse:
- Não sei quem seria esse menino, mas para trazer de volta a você esse sorriso que é tão lindo e logo cedo, ele deve ser um ótimo partido, a propósito já lhe avisei para não comer doces durante a noite você acaba falando durante os seus sonhos. - ele deu uma pequena pausa para observar seu neto enrusbecer e em seguida sorriu, fechando mais a porta e saiu, dizendo do corredor - não demore viu, se não as panquecas irão esfriar.
Enrrico olhou para sua mesa, escrivaninha, armário de roupas, se encarou no espelho em frente a cama e se deixou cair de volta na cama, consciente de que seu sorriso agora estava maior ainda. Seu avô, Matheus, tinha o dom de dizer tudo o que ele queria ouvir e ser o avô mais fofo e o melhor amigo de todos.
O menino fechou seus olhos por alguns instantes e se deixou levar de volta, se deixou levar novamente para a praia onde foi o palco principal de seu sonho. Ondas lindas e de águas cristalinas quebravam na areia branquinha e fofa, enquanto o mesmo sentado com seu corpo exposto ao sol observava o contorno de um jovem vindo em sua direção, jovem este de cabelo curto e tingido levemente de roxo, um sorriso lindo e brincalhão, um corpo atrativo para o outro e segurando sua prancha em uma das mãos. Ele caminhava em sua direção lentamente e com o olhar fixo, um olhar tão cheio de promessas que arrepiava Enrrico e fazia o sentir-se como se mil borboletas levantassem voo de uma só vez dentro de seu estômago, a cada passo em sua direção o fazia sorrir mais e ansiar pela sua chegada e quando ocorreu ele não conseguiu se conter e arfou, o olhando com tanto desejo e ternura que fez o outro sentar-se ao seu lado e o observar.
- Você é tão lindo, seu sorriso consegue ser mais bonito que esse mar a nossa frente. - disse Enrrico quebrando o silêncio
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apenas Contos.
Teen FictionUm emaranhado de contos, dos mais diversos temas, para aqueles que como eu não tem tanto tempo ou paciência pra todos os detalhes e embromações que bons livros costumam trazer. Aproveitem e se deliciem com alguns devaneios de um jovem retardado, vu...