Capítulo único

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Parecia ser a vigésima vez no dia que Jimin checava a temperatura de SoAh com um termômetro. Tinha a mania de colocar a mão nas costas da filha para checar, por ali, se a febre tinha dado uma amenizada ou não. Claramente não tinha sequer noção de se aquilo funcionava cientificamente, mas sentia que por ali, pelo calor do seu corpo em contato com a pele da menina, teria ainda mais certeza do que o termômetro apontava: continuava quente.

Vinha se culpando nos últimos dias. Sabia o quão alérgica à mudança de tempo SoAh era, desde que a adotou vinha levando-a a consultas com os médicos e alergistas mais especializados da cidade para ver se todos os problemas respiratórios que ela possui, tinham tratamento ou não. Pesquisou por todos os remédios e, com Yoongi, ponderava se algumas coisas eram tão invasivas como ele achava que eram.

Onde já se viu fazer sua filha de apenas quatro anos sugar o pó de um remédio triturado duas vezes ao dia? Aquilo não poderia lhe dar problemas ainda maiores no futuro? Sentia suas mãos suarem quando via todos os relatos sobre como os usuários daquele remédio sentiam seu coração bater desesperadamente durante o uso daquele... troço! Jamais faria seu pequeno raio de sol passar por algo deste tipo.

— Acho melhor darmos outro banho nela.

Virou um pouco o tronco para conseguir ver Yoongi encostado na porta do quarto. Ele tinha olheiras tão escuras quanto as suas, sabia que não estava sendo nada fácil para ele lidar com aquela situação. SoAh não estava dormindo bem e Jimin não conseguia relaxar ao deitar na cama com o namorado, seu corpo parecia uma rocha de tão duro, ansioso e com medo que a situação da filha piorasse e os dois precisassem sair correndo para o hospital em meio a nevasca.

Jimin era um pai extremamente cuidadoso e preocupado. Yoongi sabia que aquele era um traço de sua personalidade, ainda que mais aflorado por conta da situação.

Era um pai incrível. Um marido mais incrível ainda se possível.

Se conheceram em uma festa da faculdade. Eram veteranos de cursos completamente distintos: Park da arquitetura e Min da música. Naquele ano, por algum motivo, a faculdade decidira proibir a semana de trote do calouros. Não que os dois se importassem, odiavam aquele tipo de humilhação pública. Mas como os responsáveis por aquele ''tradição'' inventaram uma festa para receber os novatos, os amigos dos, até então desconhecidos, não puderam evitar tirar um pouco de proveito da situação. Logo o campus inteiro estava lá, achando mais divertido ver a galera descobrir o álcool do que pagarem mico com dizeres ofensivos pintados em suas testas.

Foi amor à primeira vista, ou a primeira dança. Jimin que não estudava nada relacionado a arte, era a própria na pista de dança. Nunca vira um corpo se mexer tão lindamente ao som do maior terror de Yoongi: a música eletrônica.

Ficara fascinado por ele. Por seu corpo. Por seu cabelo preto suado grudado a testa, escondendo os olhos escuros. Parecia um ser celestial iluminado pelas luzes coloridas improvisadas do espaço.

Fez de tudo para saber seu nome, ter seu número, ser seu amigo, conhecê-lo melhor e beijá-lo a primeira vez. Tudo isso durara mais de meses. Isso porque Jimin era apaixonante. Ficava sem palavras ao vê-lo, chegou a gaguejar algumas coisas quando o Park lhe lançava algumas perguntas cheias de segunda intenção.

Se sentia um idiota. Um bobo. Jimin o tinha nas mãos ao mesmo tempo que não sabia ter o outro completamente apaixonado por si. Porque sim, o ser celestial dono de todos os seus pensamentos e partituras riscadas Park Jimin, estava totalmente caidinho pelo Min.

Jimin sempre tivera uma personalidade cativante. Fazia amigos com a mesma facilidade que tinha para piscar. Esbanjava carisma, conhecia todos que passavam por si diariamente, decorava o nome daqueles que via mesmo que apenas uma única vez e não tardou a se interessar pelo baixinho de cabelo menta e jaqueta de couro que o observava na festa dos calouros.

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