Outubro de 1980
A confusão mental machucava agudamente a cabeça de Byun Baekhyun e ele precisou pressionar os olhos por alguns instantes para conseguir finalmente abri-los de vez. A primeira imagem que surgiu na sua frente foi o teto sórdido e um cheiro irritante de álcool no ambiente, além de vozes aleatórias ao seu redor num idioma que ele não conseguia detectar. Seu corpo se sentia abatido, mas ele nem ao menos sabia o motivo. Algo havia acontecido, afinal, ele estava num hospital e seus braços doíam demais.
Baekhyun era um rapaz ainda jovem, com seus dezenove anos mal vividos, resumidos ao caminho do trabalho chato para a casa e vice-versa. Nenhum acontecimento veio em sua mente, nenhum porre após o trabalho ou briga de bar. Nada. Então por que diabos ele estava internado?
Com a força que ainda o restava, virou-se e se assustou com os dois olhos arregalados, focados em suas reações. O homem estava de pé, com as palmas das mãos sobrepostas num vidro que separava as duas macas, e ele o assistia atentamente como um animal trancado em sua jaula.
Rapidamente, Baekhyun analisou o ambiente a sua volta e engoliu seco. Estava realmente numa sala de hospital. Imunda, mas ainda assim, uma sala de hospital. Ele se levantou e gemeu quando seu corpo se mostrou fraco. Porém, ele estava temeroso e completamente sem entender nada. Quando conseguiu ficar sentado na maca, detectou inúmeros roxos nas dobras de cada braço, com sangue aglomerado.
― Some depois de uns dias, não se preocupe.
Baekhyun o encarou. Era como se tivesse esquecido de que havia um estranho o observando do outro lado do vidro. Apesar da proteção, ele conseguia ouvi-lo perfeitamente.
Ele se sentiu incomodado com o cheiro de álcool, como se alguém tivesse lavado o chão com litros do mesmo líquido, mas ainda assim, a superfície abaixo de seus pés permanecia suja e aborrecia seu olfato, o causando náuseas.
― Que lugar é esse?
― O inferno. ― O canto dos lábios do desconhecido se ergueu, Baekhyun não soube se ele estava fazendo uma piada, ou falando sério. O sorriso exalava ironia. ― E eu, sou o seu capeta. Seja bem-vindo, pecador!
Baekhyun o ouviu dar uma risada nada legítima. O estranho desviou de si e foi se sentar na própria cama. Enquanto sua atenção era roubada pelos algodões sujos de sangue em cima do carrinho de metal, Baekhyun detectou o soro ligado a sua veia e indo até o recipiente amarelado acima de sua maca. O estranho por sua vez, estava entretido com um isqueiro de prata estragado.
O jovem se levantou, mas suas pernas estavam fracas e ele precisou se segurar no carrinho para que não acabasse caindo. Aproximou-se da janela e notou que o tempo estava carregado, como se advertisse que uma tempestade logo estaria para acontecer. Nada de sol, apenas nuvens.
Após outra risada, a voz do estranho ecoou pelo quarto novamente:
― Momento de conhecer o casulo. Típico dos novatos!
Baekhyun olhou para a outra parte do quarto, a que residia após o vidro que os separava e encontrou um sorriso sínico. Ele estava começando a odiar aquele cara desconhecido e agradeceu mentalmente por estarem separados por algo. Não que se caso não tivesse, ele acabaria caindo na porrada com o sujeito, afinal, o jovem nunca havia sequer socado alguém em toda sua vida.
A curiosidade foi interrompida pelo barulho da porta se abrindo. Uma mulher toda vestida por um roupão de plástico amarelo e portando uma máscara de proteção no rosto, adentrou na sala. Baekhyun a assistiu vir em sua direção, empurrando com certa estupidez contra a maca.
― Sente-se!
Baekhyun o fez e ela colocou um item em sua visão, para analisar os olhos dele. Baekhyun sentiu uma dor aguda em seus olhos com a claridade que surgiu do objeto e empurrou a ferramenta quando sentiu que estava o queimando. Ela não se incomodou com a atitude violenta, como se estivesse acostumada e apenas se afastou dele.
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TRAICIONERO | ChanBaek
FanfictionByun Baekhyun tinha uma família estranha, um namoro meia-boca e um trabalho horrível. Até que numa manhã, ele acorda num hospital com um cara estranho internado ao lado dele e todos insistem que os dois contraíram vampirismo. ― Que lugar é esse? ― O...