Um barulho do lado de fora chamou minha atenção, me fazendo levantar da cama e espiar pela janela. O despertador digital na cabeceira informava 2:10 da madrugada.
Me levantei, fazendo o assoalho ranger bem devagar.
No lado de fora, o carro prata de minha mãe estava estacionado com as portas abertas. Me perguntei imediatamente o porquê de estar assim.
Abri a porta e desci as escadas tentando fazer o mínimo de barulho possível. A porta da frente estava completamente aberta e um vento forte e frio invadiu a sala de estar.
-Mãe?
Roxana prendeu a respiração e olhou para trás.
-O que está fazendo acordada?
Dei mais um passo pra frente.
-Onde você estava?
-Nós vamos embora daqui.
-O que? E voltar para Portland?
Ela negou com a cabeça várias e várias vezes, me deixando ansiosa.
-Nós vamos para um hotel na Califórnia.
-Califórnia?! Você ficou maluca?Minha mãe parou imediatamente, segurando as malas.
-Eu ainda não cheguei nesse ponto e você não imagina o quão pouco falta para eu chegar nele, Grace!
Nesse exato momento, meu pai Richard, entrou pela porta. Ele estava sem os óculos de tartaruga e usava uma blusa de flanela. Parecia um adolescente, tirando alguns poucos cabelos brancos.
-Pai?
-Richard o que faz aqui?Ele deu mais um passo, encharcando o tapete persa de minha vó.
-Eu não vou deixar você ir para a Califórnia, Roxana. Eu não posso.
Observei minha mãe cruzar os braços sobre o peito para parecer forte. Mas sua expressão entregou o jogo e lágrimas rolaram.
Meu pai caminhou até ela, um pouco cauteloso, e a abraçou.
Eu não percebi que estava chorando até sentir meus olhos arderem e corri até meus pais. O vento frio entrando pela porta não era tão importante agora.
Meu pai pegou o rosto de minha mãe nas mãos e meu coração travou. Eu nunca tinha visto meus pais em um momento assim.
-Roxana eu sei que te machuquei e continuo te machucando, mas eu não vou parar de lutar um minuto pela a família que construímos, mas infelizmente deixei escapar.
Teve um minuto de silêncio e minha mãe abaixou a cabeça.
-Grace, vá para o quarto. Preciso falar com seu pai.
Pensei em hesitar mas o olhar do meu pai me mandou subir imediatamente.
Peguei meu celular que apitava bruscamente e tive que reler a mesma mensagem trezentas vezes.
Amy: Minha mãe sumiu! Meu pai está indo atrás dela mas estou desesperada!
Digitando...
Grace: Acho que meus pais estão se acertando, Amy! Tudo irá ficar bem. Sua mãe pode ter vindo para cá?
Escondo o telefone quando minha porta se abre.
-Filha?
O cheiro de Abercrombie e Fitch que meu pai sempre usava invadiu o quarto e eu quase chorei.
-Eu e sua mãe decidimos estabelecer uma trégua.
Suspirei aliviada.
-Mas por enquanto nos manteremos separados. Eu morarei em Eugene e você poderá ficar comigo nos fins de semana. Sua mãe voltará para Portland.Franzi as sobrancelhas.
-Você não vai morar com a gente?
Meu pai colocou as mãos nos bolsos e dava passos para trás e para frente.
-Por enquanto não. Sua mãe precisa pensar e eu também.
Abaixei a cabeça e me surpreendi quando senti um beijo suave nela.
Meu pai já havia saído do quarto quando levantei novamente com os olhos marejados.Esperei alguns minutos para ver se minha mãe também apareceria, mas ela não apareceu.
Então apenas ignorei a mensagem de Amy e deitei na cama. Exausta demais para qualquer coisa.
Então era isso.
Meus pais estavam separados e eu voltaria para Portland.
Voltaria a ficar perto de Amy mas longe do meu pai.
Como eu odiava relacionamentos.
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BROKED - Concluída
عاطفيةAmy Thomas sempre teve uma grande curiosidade sobre sua orientação sexual, e Grace Ramirez chega para confundi-la ainda mais. Com seus all star sujos e blusas polo, Amy é muito mais do que uma jogadora de Lacrosse competitiva. Mas a competição se en...