No ato do amor minha alma perdi

A luz da lua iluminava meu corpo. O sangue da menina que estava sem vida, em meus braços, escorria da minha boca. Uma culpa veio para me atormentar. Já tinha feito, o que adiantava sentir-me culpado?! O som do mar me acalmava; larguei a moça com cuidado, na areia, e deitei ao seu lado.
Eu queria chorar, mas não me era permitido. Vampiros não choram, não são fortes o bastante para isso. Deitado alí, lembrei de quando fui transformado.
Era o ano de 1960, eu tinha 38 anos. Havia conhecido meu verdadeiro amor fazia um mês. Depois dela nunca mais amei outra mulher. Era uma noite como essa, noite de lua cheia.
O céu estava brilhando. Ela tinha me convidado para um jantar ao ar livre no terraço do prédio em que ela morava. Ela estava ainda mais linda naquela noite. Seu vestido que ia até os pés em um tom vermelho vivo, confirmava. Seu olhar sedutor e sua pele macia me fascinavam.
-Não se atrasou nem por um minuto.
-Nunca me atrasaria para você.
Seus lábios se levantaram, formando um sorriso impiedoso.
Nós já tínhamos terminado o jantar, a lua iluminava-a. O cenário parecia perfeito e sem maldade. Seus olhos eram verdadeiros, era o que eu pensava...
De repente ela se levantou, com elegância. Se abaixou para pegar algo que estava em baixo da mesa.Era um rádio, ela o pegou e ligou. Estava começando a música de Paul Anka: Put Your Head On My Shoulder. Ela pegou minha mão e me puxando para perto de si, sorriu.
Ao decorrer de nossos passos, ela deitou sua cabeça em meu peito, me fazendo sentir o homem mais feliz do mundo. Minutos depois, levantou sua cabeça novamente, agora ela olhava em meus olhos. Devagar foi se aproximando da minha orelha. Foi então que ela sussurrou: - Matando-o dou-lhe a vida eterna. Antes que eu pudesse me afastar, ela encaixou seus lábios em meu pescoço e me mordeu, levando minha alma.

Essa história é um trabalho original de: Maria Eduarda Marx. ❤️