Único - Infelizmente não pode

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— E foi assim, que em meio a toda aquela tempestade de neve que nossa guerreira Soyeon voltou da batalha, vestindo a sua armadura e com o que lhe pertencia em sua cabeça, sua coroa. Se aproximou do povo que aguardava ansiosamente o seu retorno e pôde gritar em alto e bom som; Eu sou a rainha, uma rainha como um leão! – o homem encenou a personagem em sua fala final antes das criancinhas começarem a gritar e comemorarem o fim da história.

— Crianças, o lanchinho já está servido, podem ir comer e depois vocês voltam para conversar com o tio Suho, pode ser? – uma das funcionárias do local falou, e aos poucos a quantidade de crianças foi diminuindo e sempre tendo aquelas que escapavam da fila para abraçar o homem que tinha contado a história para elas.

— Nunca vi um contador de histórias botar jeito nessas pestinhas igual você conseguiu. – outro funcionário se aproximou, com o mesmo uniforme verde-água mais claro e as mangas do antebraço em xadrez vermelho.

— Sério? É a minha primeira vez contando histórias para crianças do orfanato, desde quando comecei a escrever eu quis fazer isso, mas era muita burocracia e estava sem tempo nessa época do ano nos anos anteriores. – dizia enquanto separava algumas folhas sulfite que usaria na próxima atividade com as crianças.

— É realmente uma papelada chata, mas sempre existem pessoas boas como você que vem alegrar o natal dos pequeninos. – ficava apenas encostado na parede enquanto via o escritor organizar as coisas – Trabalha com livros a muito tempo, Suho?

— Pode me chamar de Junmyeon, Suho é apenas para os livros. E sim já faz um tempo, comecei no segundo ano do ensino médio. – respondeu terminando de colocar as folhas junto de um lápis em frente a cada almofada que as crianças se sentavam em cima anteriormente.

— Uou, começou cedo. Mas por que sempre teve vontade de ler para as crianças daqui senhor Junmyeon? – o funcionário se sentou no lugar que pouco tempo atrás era ocupado pelo contador de histórias.

— Fui adotado quando tinha nove anos, e me lembro de como era deprimente os natais que não tinha nada de especial sem nem uma pessoa nova para nos alegrar. – suspirou, porém satisfeito consigo mesmo por saber que estava alegrando aqueles pequeninos – Alias, qual o nome do senhor curioso que parece um policial me interrogando? – o funcionário riu.

— Sehun, Oh Sehun. Faço trabalho voluntario aqui em alguns finais de semana apenas por gostar desses pirralhos mesmo. – ficou encarando o outro se aproximar da mesa e encher sua caneca de café – Você começou no segundo ano do ensino médio, está com quantos anos agora?

— Vinte e oito. – Sehun acabou tossindo pelo susto.

— Esperava menos, mas ainda dá pra flertar. – falou consigo mesmo, mas quando notou que tinha sido uma fala e não um pensamento se levantou apressado – Acho que pediram minha ajuda com as crianças, com licença. – tropeçou não só em seus próprios pés, como nas palavras e em sua própria respiração, entrando no cômodo que as demais funcionárias auxiliavam as crianças servindo comida e bebida.

— Sehun? Tá bem? – Wendy, sua amiga também voluntária questionou.

— Acho que estou morto, só falei em voz alta mesmo que queria flertar ele. – a garota ficou em choque antes de rir.

— Mereço, além de boiolinha é burrinho. Vai ajudar a Bae com o chocolate quente e vê se acorda pra vida. – o garoto mal pegou a garrafa térmica e já ouviu uma criancinha chamando.

— Titio Oh! Eu quero chocolate!

A tarde seguiu, as crianças tinham se apegado ao "tio Suho" e obedeciam às regras das brincadeiras e ficavam quietas para escutar atentamente cada história, mas o horário de ir embora chegou e as crianças foram uma a uma abraçarem o escritor, que no fim presenteou cada uma com um fanzine de sua coleção, e quando a última saiu saltitante do cômodo, o mais velho pediu ajuda.

Christmas StoryWhere stories live. Discover now