Capítulo único.

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Ela era como uma centelha de luz quando passava pelo campus da faculdade. Atraia atenção de todos. Seus cabelos negros esvoaçantes deixavam qualquer um encantado. Eu poderia dizer que estávamos namorando? Bem, nos encontrávamos periodicamente na biblioteca para conversar sobre a vida e beijávamos escondidos atrás das estantes cheia de livros.

Quando começou? Meu estágio era nesse local onde o silêncio era prevalecido e ela, um dia, veio até mim, tirar uma dúvida de onde estava um livro sobre linguagem corporal.

Foi naquele dia que descobri que seu sorriso iluminava o meu dia como o sol. Desde então ela sempre arranjava um tempo para vir procurar um livro que ela não lia. Apenas para conversamos um pouco.

Foram nos dias em que a bibliotecária me deixava responsável por fechar o local em que demos nosso primeiro beijo. Suas costas estavam apoiadas na estante de livros sobre programação, no fundo da sala. Sua respiração contra a minha e sua cintura sendo puxada por mim.

Seu corpo era como um vício, tanto para mim quanto para os outros. Podia notar os olhares que todos davam para ela, já a garota fingia que não sabia disso. Se fazendo de boba para ver se conseguia arrancar uma fala na qual eu demonstrasse algum ciúmes. Meu sorriso aumentava ao saber que ela não cogitava por vontade própria a falar com eles, voltava para mim sempre. Naquela sala.

Agora o que querem saber é como estamos atualmente, estou certo?

O dia estava chuvoso lá fora, a biblioteca tinha apenas um aluno além de mim. Naquele dia eu estava encarregado de fechar o cômodo.

Meu tédio começava a se formar assim como os desenhos feios que eu rabiscava em uma folha sulfite esperando o tempo passar, mas minha atenção foi atraída pelo sino da porta anunciando a chegada de alguém. Levantei apenas o olhar por costume, porém um sorriso de canto se formou assim que visualizei ela.

— Olá. — veio sorridente até mim, apoiando os cotovelos no balcão — Está uma chuva pesada lá fora.

Sua doce voz entrou nos meus ouvidos e reparei em seus fios que estavam levemente molhados, grudados em sua testa.

— E veio até aqui por qual razão, petite? — tombei a cabeça sorrindo de canto, esperando a sua resposta.

— Para te ver. — respondeu como se fosse óbvia. Fiquei em silêncio, tentando conter a surpresa que foi ouvir aquilo — Está surpreso, esboçou surpresa.

Revirei os olhos para a garota que sorria meiga para mim.

— Poderia parar de estudar linguagem corporal? Não consigo esconder mais nada de você.

Ela riu baixo jogando os fios negros para o lado esquerdo, por cima do ombro.

— Vai continuar aqui até que horas? — perguntou ligeiramente curiosa, ignorando minha reclamação.

— Hm.. — olhei para o relógio na parede — Sairei daqui uma hora e meia.

No final da frase minha atenção foi novamente atraída pelo o aluno que anteriormente estava sentado, agora ele tinha acabado de colocar o livro no balcão e em um gesto mínimo, agradeceu, caminhando até a porta. O olhar da garota acompanhou o garoto sair da sala, em seguida se voltou até mim.

Estávamos a sós.

— Ele era o único? — questionou passando o indicador pelo balcão, como quem não queria nada.

— Sim. — arqueei as sobrancelhas para ela, movendo meu corpo para frente ainda sentado — O que vai querer?

— Quero algo novo dessa vez.

Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora