dna, REGULUS BLACK ✔️

parte um

Como tudo na vida de Regulus, começou por causa da sua família. Ou, mais especificamente, começou com uma acusação feita por alguém da sua família (por que você ainda não se juntou ao nosso mestre? não vai me dizer que você está pensando em ser um traidor de sangue como seu irmão, priminho). Daí, evoluiu para o que ele só poderia chamar de tortura.

Ele tinha 15 anos e era como se houvesse uma guerra em sua própria cabeça, uma guerra que ele não era forte o suficiente, corajoso o suficiente para vencer. Uma guerra que ele nem tinha vontade de lutar.

Ele tinha 15 anos e era como se ele estivesse caindo. Devagar. Dia após dia. Cada vez mais enterrado em um buraco que ele mesmo tinha cavado. E ele nunca, nunca conseguia atingir o fundo. Nunca acabava, não importa quanto tempo ele perdesse caindo, não importa o quanto ele quisesse que aquilo tudo acabasse.

É culpa do seu irmão, sua mãe tinha lhe explicado, acariciando seu rosto. Sirius nos deixou cedo demais. Colocou essas perguntas na sua cabeça. Não se preocupe. No momento em que você tiver a Marca em seu braço, você vai saber qual lado é o certo. Todas essas dúvidas, essa incerteza, tudo vai acabar quando você se tornar um Comensal.

Então Bellatrix tinha o acusado de na verdade não querer fazer parte dos Comensais. Não teria sido um problema, se não tivesse sido em frente a família inteira deles e se eles já não tivessem tanto medo de Regulus acabar como seu irmão.

Mas, graças a ela, agora ele tinha 15 anos e estava com seu pulso marcado com magia negra e promessas de uma nova sociedade "superior e limpa".

E, mesmo assim, mesmo depois de tudo, nada acabou. Tudo apenas piorou.

Essa era a sua tortura, o seu inferno na Terra.

Não havia glória em seguir o Lord das Trevas, Regulus descobriu. Não havia certeza, nenhum senso de estar fazendo o certo. Não, era apenas ele, machucando inocentes e matando inocentes e deitando em sua cama, sufocando soluços com seu travesseiro, chorando pela inocência que ele havia quebrado.

Não havia nada de inferior em Trouxas. Nada de nojento no modo como eles gritavam por piedade enquanto aguentavam as piores torturas que os bruxos podiam pensar e lutavam por suas vidas com uma força que Regulus tinha certeza que ele não conseguiria ter.

Não havia nenhuma das promessas de sua mãe.

Havia apenas Regulus, odiando seu corpo.

Odiando cada pedaço de pele que ele conseguia ver.

Odiando seu rosto que o lembrava tanto de Sirius, odiando suas mãos que ficavam cada vez mais cheias de sangue, odiando a marca que ele tinha alegremente consentido em receber, odiando as costelas que ficavam cada vez mais e mais aparentes, conforme ele ia perdendo seu apetite.

Odiando sua mente que não parava de funcionar. Odiando a culpa que o esmagava. Odiando aquela sua contagem cada vez maior de cicatrizes que mais parecia um timer até a ferida que finalmente seria fatal.

Odiando seu corpo quebrado, seu corpo corrompido e imperfeito.

Talvez fosse isso – talvez, na verdade, tudo tenha começado com ódio. O ódio de sua família, o ódio de Sirius, o ódio que corrompera sua infância e destruíra sua inocência.

Regulus não sabia como lutar contra ele.

— Aparentemente eles apareceram no meio da noite e mataram a família inteira.

Regulus não levantou sua cabeça. Ele não se encolheu ou mostrou qualquer sinal de estar ouvindo a conversa do grupo a sua frente. Ele não precisava ouvir – ele sabia exatamente do que eles estavam falando, sabia com mais detalhes do que qualquer um deles poderia saber. E, ainda assim, ele continuou escutando, com uma curiosidade mórbida de ouvir o que exatamente eles sabiam sobre seus feitos.