Capítulo 75

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Algo atormentava Brie desde o nascimento da filha. Ela amava Johanna com toda a sua alma. Mark também amava a menina. Entretanto, ela temia que ele escondesse a decepção por ter tido a filha mulher, pra não magoa-la. O observava atentamente, mas não tirava nada concreto.

- Eu acho que isso é neurose sua. Downey dá a vida por Victoria, porque Mark não daria? - Perguntou, claramente.

Kate e Brie haviam se tornado bastante amigas, desde o parto conjunto que as duas tiveram. Toda a mansão dormia agora. O marceneiro veio a tarde, e trouxe uma cama nova pro quarto de Scarlett e Evans, muito mais luxuosa que a original. A casa estava no mais completo silêncio. Mas Brie não conseguiu dormir, então recorreu a Kate, que era a quem tinha.


- É claro. - Disse, passando a mão nos cabelos - Ao menos se eu conseguisse engravidar novamente, ele podia se contentar.

- Ele já se queixou? - Perguntou, confusa.

- Não. Ele ama Johanna. Mas, não sei. - Ela suspirou, passando as mãos nos cabelos.

- Pare com isso. É bobagem, Brie. Mark baba por Johanna. Logo você engravidará novamente. - Disse, tranquilizando. Brie sorriu. Queria acreditar em Kate - Agora vou voltar pra cama. Se Downey acordar, e eu não estiver lá, ganho problemas. - Disse, se levantando.


Kate foi pro seu quarto, e Brie ficou pensando, sozinha. Até que ouviu o choro fino de uma bebê. Não era Rosalie, ou Victoria. Era sua Johanna. Ela reconhecia seu choro. Sorriu de canto e subiu pra ver a filha, mas parou na porta do quarto. Mark já estava lá, e ninava a menina veementemente. Ele cantarolava algo, e alisava os cabelos da pequena, que o observava, com os olhinhos cor de topázio, quase como os dele.


- Eu te quero, bela e pálida, como sonhei que você era. - Cantarolou, e a menina sorriu, sonolenta - Eu sinto você, Johanna. - Ele sorriu de canto, vendo a filha adormecer. A música era lenta, calma. Brie nunca ouvirá. Mark estava compondo pra Johanna, dando ritmo ao que lhe vinha na cabeça. Era típico dele. - Minha pombinha, minha querida. - Ele beijou a testa da filha, já adormecida - Você não estava na cama, aconteceu alguma coisa? - Perguntou, agora era pra Brie, mesmo sem ter olhado ela.


- Não. Apenas estava sem sono, e fui conversar um pouco com Kate. - Justificou, entrando no quarto. O quartinho de Johanna era amarelo clarinho, com bonecas, ursinhos.


- Veja como ela dorme. Parece um anjo. - Comentou, pondo a filha no berço.

- Tem o sono leve, como você. - Comentou, abraçando-o pela barriga. Mark sorriu, e a abraçou.

- Venha, vamos dormir. - Ele selou os lábios com os da esposa, que sorriu.

Brie sorriu, e foi com ele, tranquila. Não tinha mais medo. Ela já tivera a certeza de que precisava.

Dois meses se passaram. A cama não voltou a se quebrar. Em compensação a isso, a bancada da penteadeira despencou, e se Evans não tivesse amparado Scarlett, ela teria caído. Os dois riram com isso. Mas não estamos aqui pra falar de sexo. Brie não tinha mais duvidas em relação a Mark. Trocara farpas e mais farpas com Scarlett, mas não passou disso. Rosalie estava aprendendo a falar, também. Kate e Downey, Lizzie e Jeremy, Brie e Mark se amavam muito. Mas não tanto quanto Scarlett e Evans. O amor deles dois era intenso demais. Dava pra ver até pelo olhar. Era um tipo de amor que rasga a pele, e deixa o sangue fluir. A única coisa que atrapalhava eram as malditas cartas, que continuavam chegando.


- Está ficando bonito. - Comentou Kate vendo o bordado que Scarlett fazia. Ela tinha um projeto. Um conjunto de toalhas, alvas. Na ponta inferior ela bordava um "CyS" preto, com uma sombra, o que formava dois Scarlett e Evans, obviamente. - Eu ia te dizer pra você fazer umas toalhas de renda, pra mesas, só que com a mania que vocês ganharam agora de destruir os móveis, é melhor nem desperdiçar. - Lizzie e Brie riram.


- Ei! - Chamou, ruborizando um pouco - Foram acidentes.

- Sei. - Desacreditou, rindo, enquanto olhava Victoria, que olhava o teto do carrinho de bebê.

- Além do mais, talvez eu precise bordar outras coisas. - Sorriu, e estava clara a felicidade por trás da frase.

- O que, por exemplo? - Perguntou Brie, antes de se controlar. Scarlett não se deu ao trabalho de responder com ignorância. Apenas sorriu.


- Roupinhas de bebê, por exemplo. - Disse, sorridente.

Brie fez uma careta, e Kate e Lizzie sorriram abertamente. Mais crianças, ótimo.

-Você? Digo, você está...? - Perguntou Lizzie, com os olhos brilhando como os de quem presenciava um milagre. Mas se bem que era um milagre. Se não fosse por Rosalie, Scarlett seria considerada estéril.

- Eu não sei, ainda, mas acho que sim! - Ela sorriu, radiante, puxando a linha preta do contorno final do "S" que bordava - Minhas regras não vieram nos últimos dois meses. - Disse, animada.

- Evans já sabe? - Perguntou Lizzie, olhando a irmã.

- Ainda não, eu quero ter certeza primeiro. - Ela puxou a linha novamente - Mas logo saberá. - Sorriu, apaixonada, e deu o ponto final no bordado.


A chuva caiu, como era de se esperar. Isso irritou Scarlett. Queria, que ao menos uma vez fizesse calor, que o sol aparecesse. A última noite de calor que ela se recordava foi a noite em que descobrira que era prometida a Evans, que tentará fugir de casa, sem sucesso. Todos jantaram juntos, calmamente, depois foram cada um pro seu canto.


- Amor, deixa ela. - Reclamou, mas sorria. Todos já estavam prontos pra dormir. Evans estava sentado na cama, com Rosalie, que ria.

- Ela começou. - Acusou, como uma criança indignada.- Você, venha aqui! - Chamou, se fazendo de bravo.

Rosalie engatinhou um pouco, mas se sentou. Evans ergueu a sobrancelha pra filha, que riu. A menina se sentou, mas em seguida se ajoelhou, e desajeitada, se levantou. Uma vez de pé, se desequilibrou, mas se segurou pra não cair. Evans olhava a cena, com adoração.

- Vem aqui, com o seu pai, meu amor. - Chamou, erguendo os braços.

E assim Rosalie deu seus primeiros passos. Ela riu, indecisa, mas deu um passinho tímido. Em seguida outro, e outro, até que, vitoriosa, alcançou o pai. Evans não cabia em si de euforia. Agarrou ela no peito e a encheu de beijos. Rosalie amava quando o pai fazia isso.

- Papai! - Disse, após um gritinho. Evans travou geral. Já Scarlett se revoltou.

- Isso não é justo! - Reclamou, se aproximando - Os primeiros passos dela são pra você. A primeira palavra que ela fala é papai. Não é justo! - Cruzou os braços, mas Evans tinha voltado a beijar a menina.

- Gatinha...? - Chamou, tapando os olhos. Rosalie tapou os dela também.

- BOO! - Gritou, rindo. Evans abraçou ela de novo, rindo da menina.

- EVANS! - Gritou, subitamente irritada.

- Mamãe ciumenta. - Comentou no ouvido de Rosalie, que tinha a mãozinha na boca, olhando a mãe. Rose tinha uma carinha sonolenta, mas não dormiria até o pai dar uma trégua.

- CIUMENTA? - Repetiu, indignada - Além dela preferir você, vou perder meu marido também? - Perguntou, irritada.

Scarlett saiu, pisando firme. Então uma mão forte, máscula, quente puxou ela de volta pela barriga e ela se arrepiou, enquanto caía deitada do lado do marido.

- A mim, você não vai perder nunca. - Murmurou no ouvido dela. Scarlett sorriu, calma. Porém, ele havia despertado desejo nela ao puxa-la daquele jeito, e esse desejo não havia cessado. - O que foi? - Perguntou, ao ver a expressão indecisa da mulher.

- Nada. - Disse, se recolhendo, quieta. Rosalie havia se deitado abraçada a uma almofada, com os cabelinhos loiros jogados ao lado.

- Me diga, o que é? - Perguntou, já desconfiando do que era.

- Não sei se devo. - A medida que ele foi avançando pra ela, ela foi se deitando. Estava de atravessada na cama, com o braço colado na cabeceira da mesma. Evans sorriu.

- Porque não tenta? - Ele selou os lábios dela brevemente, dando-a ânsias por mais. Scarlett gemeu, derrotada.

- Me beije, Evans. - Pediu, por fim, sentindo-se corar. - Me beije, meu amor. - Que diabo havia acontecido com ela, pra estar tão sedenta por ele?

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