Capítulo 1

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As coisas nunca estiveram tão bem para mim. Depois de um tempo sem achar um produto interessante, que eu pudesse aumentar o preço, me deparei com uma cidade um pouco isolada que possuía especiarias incríveis!

Revendi tudo que tinha em uma cidade grande que desconhecia os produtos e lucrei como nunca!

Sei que não devia me confiar muito nessa maré de sorte, mas trabalhei tanto nos últimos meses, que resolvi que precisava de uma folga disso tudo.

Não é que eu odeie o que eu faço (modéstia à parte eu sou muito bom nisso), mas poder escolher parar de trabalhar um pouco quando a situação está boa não é pecado sabe? Sou humano afinal.

Com dinheiro suficiente para ao menos um mês, resolvi parar em uma cidadezinha qualquer e me dar umas férias.

Encontrei uma bela cidade portuária, mas estranhamente não consegui encontrar nenhum hotel. Pelo visto as pessoas daqui não estão acostumadas com forasteiros.

Entrei no primeiro bar que encontrei e me sentei. No mesmo momento todos se viraram para mim, e percebi que todos usavam roupas coloridas e estranhas, que faziam com que as minhas com tons escuros se sobressaíssem no meio daquela explosão de cores.

Um homem de cabelos compridos e azuis se levanta e vêm até mim. Me encara por uns segundos, e eu retribuo o olhar.
- Como conseguiu entrar na cidade sem ser visto? Esse lugar não lhe pertence, você deve partir.

- Até onde eu vi, sua cidade não tem nenhuma defesa. Não vim fazer mal, sou só um mero comerciante me aventurando um pouco.

Muito grosseiramente, ele me agarra pela gola da camisa, e me carrega para fora junto com mais alguns homens que se juntaram a ele. Minha educação provavelmente não é das melhores, mas sou uma dama comparado a esse sujeito.

Continuo em busca de algum lugar para ficar, mas os olhares, alguns curiosos e outros não muito convidativos começam a me incomodar, então me afasto do centro da cidade para tomar um pouco de ar.

Essa não era bem a recepção que eu esperava, mas já que estou aqui eu vou aproveitar minha folga de algum jeito.

Começo a me lembrar das pessoas da cidade. Além das roupas chamativas, lembro das marcas curiosas que algumas pessoas tinham nos braços e mãos. Para uma cidade pequena e desconhecida, eles tem uma tendência de moda bem forte e incomum para essa parte do continente. Em minhas viagens nunca vi nada parecido.

Enquanto pensava nisso, uma garota me chama pela janela. Ela grita tentando chamar minha atenção até que resolve descer para chegar até mim. Sem saber muito o que fazer eu simplesmente espero.

Ela chega até mim e me pergunta:

- Senhor, você seria um príncipe? Suas roupas são diferentes de tudo que já vi na vida!

Olho para aquela adolescente de longos cabelos cacheados, que também possuí as estranhas marcas, e me pergunto se ela sequer já viu alguém de fora desta cidade. Olho em volta e vejo que na praia não tem nenhum barco e nem porto, essas pessoas realmente vivem isoladas aqui?

A garota se estressa por eu ter ignorado ela e começa a me cutucar de um jeito bem irritante.

- Ei não finja que não me ouviu! Para um príncipe você é bem mal educado!

- Desculpe mocinha, mas não sou um príncipe. Gostaria de lhe perguntar algo, porque as pessoas são tão grosseiras com forasteiros nesta cidade?

- Bem, nós não recebemos muitos por aqui. Na verdade não me lembro de nenhum, porém umas invasões aqui e alí são muito comuns, então pode ser por isso que eles ficam assustados. Mas eu conheço um príncipe quando vejo um! É como nas histórias, alto, bonito, bondoso, gentil...

- Como já lhe disse, não sou um príncipe... Espere, como é possível vocês conseguirem roupas tão coloridas? Tintura é difícil de encontrar nessa região, e ainda mais dessa qualidade. E a abundância de jóias que as pessoas usam! De onde vem tudo isso?

- Tudo isso vem do trabalho duro do nosso povo. Tratamos nossa terra bem e a protegemos de invasores, e em troca as estrelas abençoam nossa terra com tudo de que precisamos! Enquanto os qui estellarum estiverem aqui para nós proteger, temos tudo de que precisamos?

- Quem são eles?

- Os jovens que são marcados pelas estrelas tem o dever de proteger Stellae. Todos são abençoados com poderes distintos para nós proteger, além de terem instintos tão fortes a ponto de sentirem a presença de invasores a distância!

- Como seriam essas marcas?

- São um pouco parecidas com a minha porque também fui marcada, mas infelizmente não fui abençoada com um poder útil para ser um deles...

Tento digerir tudo o que me foi dito. Seria esse um reino mágico de fato? Já sou muito velho para acreditar nesse tipo de coisa, mas ninguém da cidade parece muito afim de me dar informação exceto por essa garota. Continuo cínico sobre isso, mas não comento mais nada.

- Qual o seu nome príncipe?

Percebo que não adianta tentar mais corrigi-la, então aceito o apelido.

- Ethan.

- De onde um homem tão bonito como você vem?

- Não tenho um lugar fixo, eu viajo muito. Sou vendedor ambulante, já viajei por todo lugar.

- Podia ser que você não tem onde passar a noite? Pode ficar em minha casa! Vivo com a minha irmã, mas ela não deve se incomodar com isso.

- Nossa muito obrigado senhorita.

- Me chame de Aysha por favor. Venha para dentro, já está escurecendo.

Aysha me acompanha para o quarto. Ela bondosamente me oferece uma sopa deliciosa e depois me leva para a cama.

- Não tenho como lhe agradecer por isso senhorita Aysha. Como devo lhe pagar?

- Não precisa disso! Fico feliz em ajudar. É bem legal conhecer alguém de fora. Boa noite Ethan.

Ela se retira e desliga a luz, me deixando sozinho pensando em tudo que aconteceu hoje. Essa cidade com certeza é bem interessante.

StellaeOnde histórias criam vida. Descubra agora