Capítulo Um

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Boa leitura!

Helena pov's

- Helena querida, você vai se levantar? -pergunta minha avó.

- Sim vovó já estou indo - respondo ainda meio sonolenta.

- Então vem logo que o café já está na mesa. Tem pão fresquinho que eu comprei hoje na padaria do seu Francisco.

- Ok. vou levantar dona Aurora - respondo com um sorriso de canto. Levanto-me da cama e com a mão procuro por minha bengala. Quando à encontro, caminho em direção ao banheiro para fazer minha higiene matinal.

Eu nasci cega. Sei que isso é triste, mas minha deficiência não me impede de levar uma vida normal. Eu lavo a louça, Limpo a casa e até cozinho. Faço uma torta de pêssegos de dar água na boca, além de disso também zelo e cuido do jardim de nossa casa. Eu moro com minha avó Aurora em uma cabana simples, isolada da cidade grande. Assim como qualquer neta faria, eu cuido dela e ela cuida de mim. Minha avó é a única família que me restou.

Minha mãe morreu logo após me dar à luz. Já o meu pai... bem, nunca cheguei à conhecê-lo. Minha avó não fala muito sobre ele, e quando eu me atrevo a perguntar percebo seu tom de voz mudar, tomado por um sentimento de tristeza.

A única coisa que sei sobre ele é que quando minha mãe lhe deu a notícia de que estava grávida de mim, ele respondeu a ela dizendo que era muito jovem para se tonar pai, alegando que tinha um futuro à construir. Nesse mesmo dia, ele ajuntou seus pertences e foi embora, deixando ela sozinha e desamparada.

Minha falecida mãe amava muito meu pai e quando ele a deixou ela entrou em tristeza profunda. Não se alimentava, não queria ver ninguém, ela passou a gestação inteira dentro de casa.

Tempo depois, ela entrou em trabalho de parto, mas como estava muito debilitada em decorrência de não ter se alimetado direito durante a gravidez, e de ter sofrido uma queda quando estava de no meio da gestação, acabou por não aguentar. Mas antes de ela vir à morrer, ela pediu a minha avó que cuidasse de mim e que colocasse meu nome de Helena em homenagem a santa na qual ela era devota.

Volto de meus pensamentos, saio do banheiro e vou até o guarda roupa pegar um dos meus vestidos floridos que minha avó faz para mim. Apesar de não vê-los, imagino o quanto eles devem ser bonitos, além, é claro, deles serem muito confortáveis.

Depois de vesti-lo, calço minha sandália. Logo em seguida caminho até a penteadeira, pego a escova em cima da mesma e me ponho a escovar os longos fios do meu cabelo, deixando ele solto.

Meu cabelo é de coloração negra e possuí algumas ondulações, pelo menos é o que minha vó diz. Ela sempre me fala que ele são semelhantes o cabelo de minha mãe e que eu deveria deixa-lo solto.

Já os meus olhos verdes claros são idênticos aos de meu avô. Meu avô faleceu quando minha mãe era pequena, ela devia ter uns doze anos na época. Por isso não o conheci. Minha avó fala que ver meus olhos à faz lembrar dele, e isso a alegra muito.

Ao terminar de penteá-los, levanto-me da penteadeira e saio do meu quarto. Desço as escadas devagar e com muito cuidado apoiando-me no corrimão, até chegar a cozinha.

Quando chego a mesa, puxo a cadeira e sento-me. Sinto lábios quentinhos na minha bochecha. Minha avó, todas às manhãs, sempre me da um beijo de bom dia.

(Eu amo quando ela faz isso)

- Bom dia querida - Diz ela.

- Bom dia vovó. Como a senhora está se sentindo nessa manhã? Dormiu bem?

- Dormi sim minha filha. Só acordei com um pouco de dor no braço esquerdo, mas já passou.

Fico preocupada.

- Ai vovó, eu vivo lhe dizendo para à senhora ficar de repouso, mas como sempre a senhora não me da ouvidos.

Ouço ela soltar um longo suspiro.

(Ela vai fazer o mesmo discurso de sempre) - penso mentalmente.

- Não filha. Eu já falei que não gosto de ficar deitada o dia inteiro sem fazer nada. Você sabe que minha geração são de pessoas que sempre trabalharam, sou mulher que nasci em meio ao trabalho.

- Eu sei disso vó e admiro muito sua boa vontade, mas quando a questão é saúde temos que estar conscientes de que o assunto é sério - indago preocupada.

Minha avó é uma mulher maravilhosa. Sempre docê, carinhosa e cuida muito bem de mim. Mas ela é tão descuidada quando o assunto se trata de sua saúde.
Por ela ser minha única família, eu ficaria muito triste, se vinhesse acontecer algo com ela. Eu não iria me perdoar. Não sei se continuaria vivendo ou se morreria de tristeza como minha mãe.

- Promete que vai repousar só um pouquinho vó? Pelo menos faz isso por mim, por favor! - termino de dizer com meu semblante triste.

- Prometo minha filha. Eu farei um esforço só para te ver feliz. Agora muda essa carinha triste e da um dos seus sorrisos especiais.

Fico satisfeita com sua resposta.
Mudo meu semblante de tristeza e abro um sorriso.

- Assim que quero tiver todos os dias. feliz e alegre. Você sabe o quanto que eu te amo muito.

- Eu também te amo vó. Mais que tudo em minha vida, depois de Deus e nossa senhora.

Ouço seus passos vindo em minha direção, em seguida, sinto suas mãos me envolvendo em um abraço sereno.

(Deus obrigado por ter criado as avós)

- Agora vamos comer porque o café já está esfriando.

Eu e minha avó tomamos café da manhã juntas, rindo e conversando sobre assuntos aleatórios. Quando terminamos, ela se levanta e recolhe as xícaras e os pratos da mesa e os leva para lavar.

Eu me levanto, abro minha bengala, pego minha cesta com meus Lírios, mas antes de sair me despeço de minha avó.

- Vovó já estou indo. Volto na hora do almoço. Mas me de a sua bênção antes de eu ir.

Ela caminha até mim pega minhas mãos e diz logo em seguida:

- Que Deus te abençoe e te ilumine - ela traça o sinal da santa cruz em minha testa - E tome cuidado minha filha. Não fale com estranhos.

Sempre preocupada comigo.

- Eu vou ficar bem. Volto logo - deixo um beijo em sua face.

Em seguida, com ajuda da minha bengala, caminho até a porta e saio em direção à cidade para vender meus Lírios.

Continua...

Quando Os lírios Choram Onde histórias criam vida. Descubra agora