*Atenção este livro pode ser sensível para certos públicos por conter assuntos como depressão, ansiedade e entre outros.*Hoje está sendo um dia muito difícil para mim na escola,não que os outros dias sejam mil maravilhas mas hoje está passando dos limites.Eu costumo ser muito ansiosa e nervosa atoa porém nunca pensei que chegaria ao ponto que cheguei hoje. Eu estava na aula de química e comecei a me sentir mal como sempre.
A ansiedade começou a tomar conta do meu corpo, eu falo com total certeza porque já passei tantas vezes por essa situação que essa sensação é mais familiar quanto a sensação de fome.
Meu estômago se embrulha,começo a soar frio, um nó se forma na minha garganta e uma vontade imensa de chorar atinge meu corpo.Apesar disso eu tento me controlar para que ninguém na sala perceba e então seguro o choro com todas as minhas forças. Geralmente da certo só que dessa vez isso só me atrapalhou e aumentou mais ainda o sentimento de ter algo na minha garganta me sufocando.
E lá estava eu denovo lutando contra minha própria mente e corpo, tentando não parecer para todos os meus colegas que, estava a ponto de ter um ataque, porém ao mesmo tempo implorando para que alguém me veja e me diga algo que me faça sentir melhor e que faça essa sensação passar. Mas a sala inteira estava focada na importante aula de química que o professor explicava detalhadamente. É meu último ano do ensino médio e essa matéria obviamente é muito importante, porém eu simplesmente não consigo me concentrar devido às circunstâncias, e isso só me faz me sentir mais culpada, aumentando ainda mais minha vontade de chorar igual a um bebê.
É uma mistura de sentimentos muito estranha que sinto: uma enorme vontade de fugir dessa sala e sentar num canto sozinha igual uma criança sem ninguém me julgando,uma culpa enorme por deixar isso dominar a minha mente e me atrapalhar a conquistar os objetivos da minha vida e ao mesmo tempo(e apesar de tudo) uma força de vontade enorme de superar todos esses sentimentos e sensações horríveis e me concentrar na aula e tirar notas boas para a faculdade.
Infelizmente esses sentimentos foram mais fortes que a minha força de vontade. Isso ficou ainda mais claro quando minha amiga percebeu que eu estava mal e me perguntou se estava tudo bem. Quando alguém te pergunta se você está bem é como se apertasse um botão que te faz desabar e colocar tudo para fora.E foi o que eu fiz:comecei a chorar desesperadamente e me veio uma falta de ar tão grande que sai da sala aos prantos sem nem pedir permissão ao professor. Minha respiração estava ofegante, minhas mãos tremiam,eu me sentia fraca e deslocada da situação em que eu estava.
A sensação de falta de ar me deixou desesperada o que piora ainda mais a situação. Um ataque de ansiedade é como se fosse um ciclo vicioso bem difícil de sair. Felizmente os monitores do corredor vieram me ajudar:me sentaram e me ensinaram a respirar profundamente puxando o ar pelo nariz e soltando pela boca. Depois de alguns minutos respirando assim comecei a me sentir melhor, minha respiração e batimentos cardíacos começaram a voltar ao normal. Fiquei fora de sala pelo restante da aula (mais ou menos 40 minutos), para me acalmar. Comecei a me sentir culpada por ter me deixado chegar a esse ponto então eu deitei minha cabeça na mesa e fiquei lá esperando. Temendo a hora em que o sinal iria bater e eu deveria voltar para aquela sala/prisão e ter que lidar com os meus sentimentos de novo. Porém eu não estava lá na sala,ainda. Então eu decido que irei aproveitar cada segundo de paz que tenho na minha mesinha no meio do corredor sem ninguém por perto.
Todos que passavam por mim nem sequer imaginavam pelo o que eu tinha passado.Não imaginam meus medos e inseguranças. Não imaginam como é viver em constante luta contra sua própria mente.
Ansiedade é algo invisível. As doenças mentais são invisíveis. Por isso devemos prestar muita atenção a todos a nossa volta. Nunca sabemos pelo o que o próximo está passando e que lutas internas estão batalhando.
O sinal bate e eu me encolho toda. A hora chegou. Eu me levanto devagar quase como se estivesse sendo arrastada e vou em direção a minha tão querida sala de aula. A monitora do corredor olha pra mim e me pergunta se melhorei de verdade, eu sorrio e respondo que sim. Sou uma ótima atriz, a gente aprende com o tempo. Não me gabo por isso porém é a verdade.
Eu entro na sala com o olhar baixo para que ninguém veja minha expressão e minhas amigas perguntam se eu estou bem e digo que sim. É aula de inglês, pego meus materiais e espero pelo pior:que todos os sentimentos voltem e aconteça tudo denovo. Porém para a minha surpresa eu não sinto ansiedade e nem medo nenhum. É como se tudo tivesse sido esgotado durante o meu ataque.Minha energia também parece que foi toda desgastada,isso explica porque estou toda fraca e sem energia suficiente nem para manter a cabeça levantada.Fico surpresa com isso tudo, mas como eu iria saber? É a primeira vez que tenho um ataque de ansiedade,como saberia como eram as sensações depois de tudo isso? Fico pensando nisso durante alguns minutos e concluo que minha teoria faz sentido,me sinto muito esperta. Ao mesmo tempo me sinto aliviada por não ter que lidar com esses sentimentos mais(pelo menos por hoje).
E assim se passou meu dia. Por mais que eu não esteja me sentindo mal eu queria desesperadamente ir para casa deitar e chorar até dormir. O dia parecia que não ia acabar nunca. Os minutos pareciam mais como horas e tudo parecia tão chato e desinteressante para mim.
Finalmente a última aula do dia chegou e eu contava os segundos para ir embora. Faltando uns 20 minutos para o sinal bater eu lembrei de uma situação parecida que aconteceu a uns meses atrás quando minha amiga também teve um ataque de ansiedade. Ela também saiu da sala sem mais nem menos e assim que ela saiu e fechou a porta uma menina chamada Rafaela começou a rir da situação, como se fosse engraçado. Nunca fui muito com a cara dessa menina e depois desse dia fui menos ainda. Como alguém pode rir de outra pessoa sofrendo por uma situação como essa?Absurdo mesmo. As pessoas acham que é frescura mas só quem realmente já passou por algo assim sabe de verdade como é.
Fiquei tão distraída nos meus pensamentos que quando me dei conta já estavam todos guardando os materiais e esperando o sinal bater. Fico aliviada e começo a guardar meus livros e estojo na mochila.Assim que o sinal bate eu saio e caminho até o meu onibus, sem conversar nem olhar para nínguem. Nao tenho vontade de nada apenas de entrar no onibus, chegar em casa, comer, deitar e dormir.
No caminho até em casa fico observando as ruas e as pessoas. Observo cada detalhe como se fosse a primeira vez, eu sempre amei viajar de carro e de ônibus observando a paisagem. O ônibus deixa um menino de mais ou menos 14 anos, cabelos até os ombros e feições asiáticas em sua casa, entao eu me preparo pois sei que a próxima a descer sou eu. O ônibus faz o mesmo caminho todos os dias e chega em todas as casas de manhã e de tarde no mesmo horário,a pontualidade desse motorista sempre me fascinou muito.
O ônibus para em frente a minha casa e eu desço. Observo a construcao a minha frente e penso "la vou eu" rezando para que o dia de hoje não aconteça mais nada de ruim. Subo as escadas e me sento na mesa ja com o almoço servido e faço meu prato.
Eu almoço arroz, feijão, carne e salada. Nao falo muita coisa durante a refeição, o suficiente para que ninguém perceba que eu tive um dos piores dias da minha vida hoje. Eu vou falar com minha mãe,assim como sempre falo dos meus problemas,porém não agora. Depois converso com ela, conversar com minha mãe sempre me ajuda muito e ela me disse que vai me levar a um psicólogo esses dias. Ela disse que o psicólogo pode me ajudar com meus problemas com ansiedade, que incrivel né?Eu não sabia que esse tipo de tratamento existia e pensava que era tudo frescura da minha mente adolescente.Se nao tivesse falado com ela isso nunca iria acontecer e eu teria que lidar com isso sozinha, o que seria horrível.
Termino de comer,lavo meu prato e vou direto para o meu quarto. Me deito na cama e fico olhando pro teto por alguns minutos.
Bom ja que estavamos descrevendo o menino asiático agora pouco,e nao tenho mais nada a dizer além de estar olhando pro teto ja faz 5 minutos então acho uma boa hora para finalmente me apresentar para vocês. Meu nome é Aline eu tenho 17 anos,estou no ultimo ano do ensino médio,e bom nenhum adjetivo poderia me descrever melhor do que o relato descrito ai em cima. Quer dizer eu tenho muitas outras características e histórias ,meus problemas nao me resumem, mas essas minhas outras histórias eu deixo para contar depois. Ah e voce deve estar se perguntando porque disso tudo? Porque isso aconteceu comigo? Porque eu fico tao anciosa atoa? Nem eu sei direito para ser bem sincera,tenho minhas teorias de coisas que aconteceram na minha infância e que podem ter me gerado traumas. Mas ja chega de teorias por hoje,estou cansada.
Eu pego meu diário e escrevo tudo que aconteceu hoje bem detalhadamente. Eu gosto de escrever no meu diario me faz me sentir melhor e organizar melhor meus pensamentos e emoções. Recomendo.
Eu fecho o diario, escondo ele embaixo de umas roupas onde eu sei que ninguém ira futricar, me deito e durmo.
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Mentes dos anos 2000
RandomTalvez você que tenha nascido em meados dos anos 2000 possa se identificar com essa história que conta problemas, transtornos e doenças que atormentam mentes e vida dos jovens de hoje em dia. Problemas que muitas vezes são vistos como frescura e fr...