P.VS/N

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Minha primeira sensação é uma forte dor de estômago, consumir álcool sem comer nada foi uma péssima idéia. Ele se encontrava em estado tão crítico que acordei com seu roncar, mas assim que ergui minha cabeça meus olhos alcançaram uma bandeja com arroz e vegetais que ataquei ferozmente. Por um milagre divino não estava temperada com pimenta e não tinha derivados animais, era a primeira vez em semanas que comia algo que não fosse me fazer mal.

Mas assim que minha fome vai diminuindo, além da insuportável dor de cabeça, também percebo que não estou na minha recente casa, tento lembrar da noite anterior, mas nada que justifique eu acordar em um luxuoso apartamento me vem à cabeça. Porém tenho a impressão de ter sonhado com Andy, pois lembro de me agarrar em um braço fechado de tatuagem assim como o dele, no entanto agora despertada de minha embriaguez as tatuagens não se pareciam com as dele.

Esses sonhos devem estar ligados a minha vida sexual aparentemente morta e a atração que tenho por homem com esse estilo.

De repente sinto um arrepio na espinha, me vem a sensação de estar sendo observada. E em poucos segundos meu observador se revela, me causando um grande susto, fazendo com que eu bata forte a cabeça na cabeceira da cama.

- Você está bem? Se machucou? Deve ter doído essa batida. - Diz o homem que antes me observava.

Eu não conseguia responder uma só palavra, apenas pensava o que eu e aquele deus grego asiático, sem camisa, absurdamente musculoso e lindamente tatuado, tínhamos feito noite passada. Apenas me recordei de suas tatuagem fazendo-me perceber que ele o braço que eu tanto agarrava pertencia a ele.

Eu continuava encarando-o, com a mão em minha cabeça, onde já sentia o leve inchaço da batida. E ele complementou - Não está me entendendo? Você apenas fala inglês quando está bêbada?

- Quem é você? - Pergunto assustada.

- Está com medo do seu salvador? Por que esses olhos arregalados para mim? Vai me comer com eles? Você que deveria se apresentar, depois de tudo que passamos ontem a noite. - Responde com um tom pouco alterado, porém com leve sorriso no rosto.

- O que houve ontem a noite? - Digo abaixando a cabeça para não assustá-lo com meus olhos.

- Você não se lembra mesmo? É esse tipo de bêbada que você é? Bom, por onde devo começar? Que tal... Você aparecendo como um fantasma e me agarrando no banheiro masculino, depois me xingando sem motivo, vomitando no estacionamento, no qual eu tive que vergonhosamente avisar os responsáveis pelo prédio, por conta das câmeras e ver o segurança me olhar com cara de " este cara é um pervertido que se aproveita de garotas alcoolizadas"...

- Se não é um pervertido, por quê me arrastou para sua cara? - Murmuro.

- Eu não acredito... Sua mãe não te deu educação? Sabia que você é uma mal agradecida? Queria que eu te deixasse lá, sozinha para algum tarado fazer algo contra você? - Dita ligeiramente irritado com o que eu digo.

- Não... Me desculpe. Eu sou uma idiota, fico feliz que não tenha acontecido nada entre a gente e muito obrigada por tudo. Por favor, agradeça por mim quem preparou a comida, estava especialmente deliciosa. Fazia tempo que não comia algo bom assim. - Respondo me levantando da cama e fazendo uma discreta reverência, enquanto saio do quarto em direção a porta para fora do apartamento.

- Como assim, fica feliz que não aconteceu nada? Acha que teria algo com uma garota como você? - Diz me seguindo até a porta com tom de revolta.

- Não. - Me viro e observo seu belo corpo e rosto de cima a baixo e completo. - Não sou alguém que esteja no nível de um homem como você. - Termino de falar abrindo a porta para me retirar.

- Aonde vai? Não acho que esteja em condições de ir embora ainda, não sozinha.

- Eu não tenho a quem chamar. Sei me cuidar.

- Eu ví ontem você se cuidando, se cuidou tão bem que nem sabia onde estava quando acordou. Deixa que eu te levo!

- Não precisa senhor, já fez muito por mim.

- Senhor? Eu sou seu pai por acaso? Está vendo alguma ruga em meu rosto? - Ele grita me assustando novamente. - Eu sei que já fiz muito mais do que deveria por você, mas... Bom... Apenas aceite e pare de teimar.

- Eu não quero e não preciso... Não, você não é meu pai, então pare de gritar comigo. Se já fez mais do que eu mereço, me faça o favor de não insistir. - Dito duramente e saio antes de lhe dar tempo de uma resposta.

Ao sair na rua sou castigada pelo frio que avisava o início do inverno, fazendo com que eu me encolhesse e arrepiasse por inteira. A cada passo que eu dava sentia o vento querendo me levar para o sentido oposto e parecia impossível encontrar o caminho de casa, sem o celular não podia nem chamar um Uber.

Voltar e aceitar a carona era tentador, mas além de humilhante, ele provavelmente recusaria após todas as minhas palavras. O vento novamente me atinge como um forte tapa me empurrando para um banco, onde me sento torço para que um milagre me salve, antes que congelasse de frio.

 O vento novamente me atinge como um forte tapa me empurrando para um banco, onde me sento torço para que um milagre me salve, antes que congelasse de frio

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