As Mortalhas Assustadas - Poesia

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AS MORTALHAS ASSUSTADAS

Eles choravam nas esquinas

Enquanto se despediam enlutados

Com suas capas negras

Pesadas

Mortalhas que anunciavam tristeza

Mas eles mesmos, os emissários

Choravam tristemente

Pois o peso das notícias

Era escuridão como noite sem fim

Era o terror se espalhando

Tão rápido que parecia 

Estrela morrendo a olho nu

Os emissários eram chamados

Malditos, o que era mais dor 

Já que deles o poder era a palavra

Apenas

Não carregavam poções ou encantos

Magias

Apenas a certeza do anúncio

Dezenas de almas cansadas corriam

Tentando fugir da notícia

Mas como raios rasgando os prados

Os emissários chegavam ligeiros

Sacudindo suas capas negras

Anunciando respeitosamente:

A hora chegou, a hora chegou.

E tudo ficava mais simples

Mais denso

Mais triste

E quando alguém olhou

Para o lago e viu borboletas

Azuis, brancas, roxas e amarelas

Pensou na possibilidade

Apenas distante e fugaz

Do fim da missão das mortalhas.

Por um momento o som

Se foi, e a morte parecia nada

Foi cancelado o anúncio:

A hora chegou 

Mas as mortalhas assustadas

Perceberam pequenos grupos

Gente que não estava anunciada

Em lista alguma do dia 

Fazendo o trabalho da morte

Roubando sua única missão

Gritavam como formigas alucinadas

Diante da tempestade:

A hora não existe

A morte não chegou!

E faziam isso enquanto

Em pequenos grupos

Propagavam a morte entre irmãos

Foi nesse dia que as mortalhas

Tristes

Souberam que seu serviço

Nunca teria fim

Nota: este poema reflete minha agonia diante da indiferença.

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⏰ Última atualização: Apr 10, 2020 ⏰

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