Capítulo 1- Hematomas e Pesadelos

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Capítulo 1- Hematomas e Pesadelos  

-"Te defina em uma frase"- era o que a mulher de cabelos ruivos sentada na poltrona à minha frente dizia. 

-Meu nome é Vanessa Regine Lancaster, 16 anos, moro em Portland com minha mãe e meu pai. estou indo para o 2º colegial ano que vem. - Terminei a frase com um suspiro, mas depois percebi que não respondi a pergunta, ou seja, se aquilo se pode se chamar de pergunta, mas para mim é um interrogatório, já que eu estava na psiquiatra.  

-Me desculpe senhorita Lancaster, você não respondeu minha pergunta. - ela falou calma e compreensiva, acho que estava tentando conquistar minha confiança. 

-Ah sim, me desculpe. - Abaixei a cabeça tentando me focar. - Eu me defino como uma pessoa chata, prefiro estar sozinha, acho que funciono melhor assim, mas creio que posso me definir uma pessoa independente. - falei confiante com esperança de que ela acreditasse que eu estava bem e que minha ida lá era obrigatória por causa dos meus pais que deviam achar que estou depressiva, mas acho que isso não confortaria ela. 

-Seus pais... você sabe por quê eles te trouxeram aqui?- ela perguntou e eu simplesmente balancei a cabeça afirmando.  

-Ótimo! Que tal conversarmos sobre isso? isso é, se você se sentir à vontade... - senti que poderia confiar nela, ela poderia me ajudar, mas acho que senti isso pelo efeito do diploma dela na parede, me senti sendo tratada por uma profissional, mas o que estava acontecendo comigo não eram apenas pesadelos, era algo paranormal que se eu contasse para uma psiquiatra eu seria internada, então decidi contar do jeito mais normal possível. 

-Recentemente eu ando tendo pesadelos, e no meio da noite acordo gritando assustada por causa deles, e muitos são sem motivo algum, simplesmente vieram do nada e não querem mais parar. - Eu me sentia a ponto de desabafar tudo para ela, mas não era seguro, então consegui me controlar, mas no momento em que parei e comecei a me lembrar dos pesadelos, algo mexeu comigo; comecei a chorar e falar  repetidamente coisas estranhas, sim, eu estava louca, se meu objetivo principal era não falar demais para não ser internada em um hospício, isso já estava fora de meus planos. Eu estava descontrolada e gritando coisas como " Eu tenho que ir" "Eles vão me matar" " Eu tenho que fazer". 

A psiquiatra tentou me acalmar mas não conseguiu, eu estava gritando e empurrando as coisas que atrapalhavam meu caminho até a porta, e rapidamente consegui sair daquele lugar. Minha mãe estava na sala de espera ,mas me viu saindo e logo depois foi me procurar. Não sei o que deu em mim, mas estava no meio da rua, sem rumo e sem medo de ser atropelada, eu olhava ao redor e me sentia sendo observada por alguém, e eu chorava sem saber o que fazer, quando alguém me puxa pelos braços rapidamente e me coloca dentro do carro, era minha mãe.  

O percurso inteiro foi de puro silencio e minha respiração ofegante, sentia um clima tenso no ar e a vontade da minha mãe de perguntar o que aconteceu , mas acho que ela não fez isso para não me estressar mais , quando eu estivesse mais calma iriamos com certeza ter uma conversa. 

Quando cheguei em casa subi correndo as escadas e fui direto para meu quarto, fechei as janelas e tranquei a porta, e fui tomar um banho. Isso, banho era o que eu precisava.  

A água tomava conta do meu corpo, e a água também levava a maquiagem que cobria meus hematomas e cortes profundos. Não mostrei isso nem para minha mãe, porque nem eu sabia o que realmente era, eu não sabia se eu virei sonambula e decidi praticar o ato masoquista, ou se meu sono era paranormal e pesado demais para não perceber alguém me torturando enquanto durmo, eu realmente não sabia. Depois do banho, coloquei meu pijama e deitei na minha cama, mas não queria dormir, não sabendo que eu poderia ter os mesmos pesadelos e acordar pior do que estou, mas isso foi algo inevitável, lá estava eu no meu sono profundo. 

-"No dia em que você amar alguém tanto assim, vai perceber que preferia morrer ao ver a morte dela". Dizia para mim uma jovem loira de olhos azuis, com um buquê de rosas vermelhas nas mãos, seguindo para um tumulo no meio de uma floresta, então se abaixou e pôs as flores sobre o tumulo.  

-" Bernadete Van Rausen". - dizia a jovem loira, como um sussurro. 

-Como assim? perguntei. 

-Só não se esqueça desse nome.- ela olhava em meus olhos, mas depois se desviou e olhou para algo atrás de mim, e se espantou como se tivesse visto um fantasma, e logo depois saiu correndo. Me virei para ver quem era, mas era tarde demais, alguém cobriu minha cabeça com um pano preto e eu desmaiei. 

Acordei ofegante, observando meu corpo procurando marcas de violência ou novos hematomas, mas nenhum se manifestou. Olhei as horas no meu celular e ainda eram 17:20 hs da tarde, já que eu tinha ido dormir cedo. 

Abri a janela e o sol ainda estava se ponto, quando vi que na rua em frente á minha casa tinha uma mulher pedindo ajuda pois seu carro havia quebrado, então decidi descer para ajudar, mesmo estando de pijama, que era nada mais e nada menos que uma camiseta e uma calça folgada. 

-Oi, meu nome é Vanessa, qual é o seu?- eu perguntei com um sorriso no rosto, e a garota de cabelos loiros longos que estava de costas para mim se virou e disse: Bernadete. 

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