3° Encontro

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Escuto passos apressados.

Preciso dar um jeito de sair daqui...e rápido.
Estou atrás de uma mureta,ainda não sei como os soldados não me viram,certo que a falta de luz me ajuda,mas mesmo assim,é difícil não ver um vestido azul Royal gritante, que,para minha infelicidade,não tem como esconder muitas armas. Tenho só uma adaga em cada perna e umas agulhas com líquido paralisante no cabelo,é um enfeite bem bonito e criativo,devo admitir.

—Hum,pelo visto eles foram para outro caminho,ótimo. —Murmuro.

—Melhor você devolver esses livros,gracinha.—Diz uma voz grave atrás de mim.

—Merda.— Falo depois de tentar conter as reações do susto que levei. Me inclino lentamente em direção a voz,sem causar ruídos.
— Ora,ora,Ora...não sabia que eu era tão importante! Quem diria,o principezinho veio até aqui por minha causa! —Digo ao erguer a sombrancelha. Procurando dar alguns passos para saída.

—Por sua causa? Estou aqui pelos livros,que por sinal,você ainda não me devolveu,ou você prefere que eu pegue a força?— Pergunta ele,ao me olhar de cima a baixo,com um sorriso malicioso.

—Você diz esses livros? Levanto a bolsa em sua direção. —Como olhar desafiador.

Em um movimento rápido,sou empurrada contra a parede. —Parece que você não é tão forte,não é,gracinha? Pense duas vezes antes de me desafiar.— Murmura ele,voraz,perto da minha orelha.

—Hahaha,você não viu nada,amiguinho. —

Me aproximo de seu rosto,sua respiração se mistura com a minha,quente e tensa,sinto um arrepio na espinha,mas o ignoro. Vejo que está dando certo. Ele se inclina sobre mim,e me empurra com seu corpo,ainda mais forte contra a parede,chegando perto da minha boca.
Esse é o momento perfeito,penso. Coloco delicadamente a mão sobre meu cabelo e sorrateiramente,puxo uma das agulhas. Essa foi fácil.

Com agilidade,cravo a agulha em suas costas,o efeito é bem rápido,em 1 ou 2 minutos ele já vai começar a ver tudo girar. O empurro com toda força,e em um solavanco,ele se afasta,um grito abafado de dor e raiva é emitido por ele.

—Sua estúpida! Mulher dos infernos! Besta descarada! —Ele me olha com ódio,enquanto tenta tirar a agulha das costas.

—Me desculpe por isso,príncipezinho,na próxima, não se distraia tão fácil...—
olho pra ele sugestiva.

Então,antes que ele pudesse reagir ou responder,dou um soco em seu rosto,bem no nariz,certeiro.
Seguro os livros o mais firme possível,e saio correndo,novamente,dessa vez,sem ser vista.

[...]

—Então quer dizer que você perdeu uma luta para uma garota? Diz Erick,meu primo.—

—Eu não perdi pra uma garota,seu imbecil,ela fugiu por causa do veneno,o que esperava que eu fizesse? —Não sei...matasse ela,talvez? Ela roubou os livros do meu pai,merecia uma punição,não acha?—

— Eu não mato mulheres,e ela estava desarmada,como eu iria machucar uma pessoa desarmada?—
Respondo a ele,sério.
Meu nariz ainda está latejando e roxo,mesmo assim,não acredito que conseguiria mata-lá,ela parecia alarmada,como eu poderia tirar a vida dela?

—Ah,por favor,primo. Nós dois sabemos que você não é uma pessoa boazinha,não finja ser quem não é. Rebateu ele, cínico.—

—De qualquer forma,agora não dá mais pra resolver,os guardas fizeram uma varredura na cidade de amanhã e não encontraram sinal nenhum dela,nenhuma pista.—

— Deve ser uma pobre qualquer que recebeu algo pra entrar aqui,esses camponeses que fazem qualquer coisa por dinheiro,uma lástima.—Fala ele, dando os ombros.

— É,talvez seja mesmo. —Digo encerrando a conversa.
Não acredito nem por um segundo que a tal garota seja uma qualquer,a forma que se portava,o olhar claramente desafiador, dificilmente uma camponesa teria coragem pra isso.

[...]

AscençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora