eclipse • y.s

único 

Eu e você estávamos no parque, eu estava apenas te empurrando no balanço. Estávamos nos divertindo. Ver você sorrindo, uma das coisas mais lindas já  vistas por mim. Lembro de ficar na sua frente e você pular do balanço. Eu segurei você com toda a delicadeza, seus braços ao redor de meu pescoço, sua cabeça deitada em meu ombro.

Você parecia um bebê em meus braços. Como eu te amava. Seus olhos de gatinho, eram tão brilhantes, tão perfeitos. Seu sorriso, era tão lindo... mas você havia se envolvido com uma pessoa errada, essa que te falou que te amava (sendo isso, uma mentira), essa que machucou seu corpo, essa que partiu seu coração e essa que lhe deixou doentinho.

Lembro de te dizer: “Por favor, fique longe dele. Você não vê o quão mal ele te faz? Eu nem vejo mais a felicidade e o brilhar em seus olhos. Ele apagou você.” Mas infelizmente, você não quis me ouvir, gatinho. E bom, você acabou pagando um preço que não devia.

Lembro de você me ligar às 23h58 dizendo que não aguentava mais. Você disse que queria estar nos meus braços. Você também disse que não sentia amor por ele. Mas que sentia por mim. Eu não me importei muito com suas palavras, eu apenas quis ir te buscar. E foi isso que eu fiz. Eu fui até a casa dele e te peguei em meus braços. Lembro-me de te aquecer, céus, como você tremia de frio.

Quando nós chegamos em casa, eu lhe dei um banho. Você não havia falado nada desde que te tirei de lá. Mas pude escutar um sussurro vindo de você. Dizia: “Obrigada, Hobi”. Eu fiquei feliz, gatinho. Além de você estar seguro, estava ficando melhor e seus olhos... eles estavam brilhando novamente.

Um tempo se passou, nós estávamos namorando! Sim! Foi uma das melhores épocas que passei com você. Mas, de repente, você ficou doente. Eu levei você para o hospital e bom... você estava com uma doença rara e... com muitas poucas chances de cura. Céus, por que Deus? Por que dera uma doença assim para o meu gatinho? Depois disso, nós começamos o tratamento, algo em mim dizia que você não ia suportar. Mas eu não queria acreditar nisso. Você era o meu príncipe corajoso, meu bebê grande. Você tinha que aguentar! Sobreviver... eu queria te ver bem.

Com o tempo, tudo se intensificou. As dores e o tratamento. Você ficou magrinho, sem sua bochechas grandes, sem sua boca rosada que eu amava dar beijinhos. Você foi... desistindo. Me lembro de ir até o médicoe o perguntar: “Até quando, Doutor? Até quando Deus vai deixá-lo assim? Doutor, por que? Por que naquela criança?”, o médico apenas disse: “Apenas aquele lá de cima pode responder suas perguntas. Eu sou só um médico. Não sei das escolhas de Deus, senhor Jung. Perdão.” Eu assenti e nós voltamos para casa.

Dias passaram e você me acordou às 02h58. Você gritava de dor, chorava, se debatia e dizia que não aguentava. Que não suportava. Eu corri com você para o hospital, lá você segurou na minha mão e disse: “Eu te amo, muito, Hobi. Me desculpe não ser forte pra suportar. Nunca se esqueça do quanto eu te amo.” você olhou nos meus olhos após falar isso. Eles estavam diferentes. Mostravam amor e saudade. Eu vi você ser colocado em coma, e logo tive a péssima notícia de: Teriam que desligar os aparelhos alguma hora. Eu não aguentei e simplesmente comecei a chorar, ver seu corpo daquele jeito, sua pele sem nenhuma mancha de sangue, seus braços cheios de furos devido às agulhas. Por que você ficou daquele jeito? Por que você não conseguiu lutar?

Por que, Yoongi? Os dias passaram e eu tive a certeza de que iria falar aos médicos para desligarem seus aparelhos. Eu entrei no quarto que você ficou e suspirei. Fui até você e segurei sua mão, logo disse: “Durma bem, meu amor.” e foi então que fechei os olhos, as lágrimas caíram e com elas as enfermeiras vieram. De repente, no quarto, seus pais e seu irmão estavam lá. Meus pais e minha irmã também. Nossos amigos foram os primeiros à chegar. E foi então que, aquele que não gostava de mim, me abraçou. É, bebê, seu irmão me abraçou. Eu me lembro de ver a mulher tirando os aparelhos e bom... depois disso, eu não vi mais nada.