Capítulo 4: Um desabafo, um abraço e o que?

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Depois de no dia anterior ter feito o relatório de todos(e dormido em cima da papelada, por que não?) Eu decidi hoje, visitar os pacientes, conversar com todos e inclusive com Catarina. A conversa entre todos foi boa, maravilhosa e é gratificante escutar a história de vida de todos, suas esperanças, inseguranças e claro, efeitos dos remédios(alguns parecia que eu conversava com um zumbi, aqueles remédios não estavam para brincadeira mesmo ein?).

Depois disso eu decidi ir ao quarto de Catarina, uma típica solitária com tudo branco, da cama aos seus trajes. Mas pera, aquilo era Catarina chorando?

- O que aconteceu Catarina? - disse fazendo um cafuné em seus cabelos.

Seus olhos se viraram a mim(não sei o que era, mas me causavam um arrepio) abrindo um sorriso(e que sorriso meus amores, que sorriso) e me dizendo algo que eu nunca esperava ouvir:

- Obrigada por me escutar, posso deitar aqui? - Disse já deitando no meu colo.

- Claro, porém me fala o que aconteceu primeiro.

- Eu não sei se isso conta como quadro de piora, melhora, mas fale pra Diana que a amo

Pera, você gosta da Diana? - eu disse com os olhos arregalados. Diana era uma das enfermeiras mais amáveis daquele hospital, no começo eu achava que ela era intimidadora, mas a medida que você a conhece, você tem vontade de colocá-la num potinho, entendia Catarina, Diana era uma pessoa incrível, quem não queria namorar com ela?

- Sim, mas por favor não conte a ninguém

- Eu prometo, e isso não é a terapeuta Helena falando

- Jura?

- Pela minha mãe morta, juro.

- Olha que eu fujo do hospital só para te matar

- Fique tranquila, esse segredo eu não rompo - disse estendendo o dedo mindinho em sinal de promessa.

- Poucas coisas são tão infantis como uma promessa de dedinho

- Mas é a única que não se quebra de dedinho, como um pacto de sangue

- Você é uma idiota, Helena.

- Eu sei disso, e eu adoro ser idiota.

Coloco minhas mãos em seu rosto, enxugando suas lágrimas enquanto Catarina olhava para mim, como uma criança de 8 anos que teve sua primeira decepção amorosa com o namoradinho, e com a mesma frustração, culpa e tristeza dessa criança, Catarina me abraçou.

Não sei o que seu abraço tinha, mas era como se estivesse abraçando um monte de algodão: Macio e cheiroso, Seus cabelos também exalavam um cheiro fora deste mundo, de uma coisa as enfermeiras não poderiam reclamar sobre Catarina: Ela era realmente cheirosa. 

Não queria que aquele momento acabasse, eu precisava ajuda-lá de algum jeito, mesmo que isso pudesse doer(pera, o que estou falando?) e com um coração pesado, eu me despeço dela.

Essa noite vai ser difícil de dormir. 

Paciente N°78880Onde histórias criam vida. Descubra agora