Acordei atrasada na segunda-feira, nada muito fora do meu estado habitual em dias de trabalho. Eu tinha uma enorme capacidade para acordar cedo aos fins de semana e feriados, e para hibernar quando eu deveria levantar minha bunda da cama e ir para o trabalho. Tomei um banho rápido, vesti a primeira coisa que encontrei, apanhei uma maçã da fruteira e estava saindo.- Você mandou alguém olhar seu carro? -perguntou Sofia de cabelos molhados e vestida de jaleco, entrando na cozinha.
- Mas que droga! - exclamei, jogando as mãos para o alto. Como eu tinha me esquecido que meu carro tinha pifado?
- Toma - ofereceu, jogando as chaves de seu carro no ar. - Vai com o meu.
- Você vai deixar a Laura dirigir seu carro, Sofi? - perguntou Alondra, saindo do corredor. Minha irmã também ficava sexy quando vestia seu jaleco.
- Ela já o roubou uma vez e o devolveu depois, não faz mais diferença. - Bem lembrado. - E eu sempre posso pegar uma carona com você.
- Obrigada - agradeci deixando um beijo na bochecha de Sofia, que corou no mesmo instante e voei escada abaixo.
Cheguei quarenta minutos atrasada no meu primeiro dia, em parte porque o maldito GPS fez com que eu me perdesse. Eu não tinha dúvidas de que receberia uma ligação da minha chefe mais tarde me dando parabéns. Demorei mais vinte minutos para conseguir sair do carro. O cheiro dela estava por todos os lugares, principalmente no banco do motorista. Dei uma última cafungada para me trazer sorte e saí para o dia chuvoso. Claro que esqueci o guarda-chuva. Não preciso nem comentar que só descobri que estava chovendo quando saí com a Land Rover da garagem, não é?
Cheguei à recepção do prédio encharcada, pingando água da roupa e do cabelo. Eu não queria me ver num espelho tão cedo.
- Bom dia - me cumprimentou a recepcionista.
- Bom dia. Hoje é meu primeiro dia aqui, poderia me ajudar?
- Claro, você pode me emprestar seus documentos? - Entreguei os documentos para a moça. Será que seu rosto não doía de sorrir tanto? - Só um minuto, vou fazer o cadastro enquanto anuncio sua chegada ao Dr. Harvey.
- Tudo bem - respondi apenas. Eu não conhecia ninguém dessa filial, sempre tinha trabalhado em parceria apenas com a do Rio de Janeiro, mas me lembro de Katy ter dito que o diretor de Floripa era gatinho.
- Você pode se virar mais para a direita? - pediu a recepcionista. - Preciso tirar uma foto.
- Claro. - Travei o maxilar. Tomara que essa foto não seja a do crachá que eu vou ter que pendurar no peito, pensei em desespero.
Assim que ela bateu a foto, um homem bem apessoado de terno saiu do elevador e veio na minha direção. Sorriu e me estendeu a mão.
- Então você é a famosa Dra. Buitrago? - perguntou, apertando minha mão.
- Então o senhor já ouviu falar de mim?
- Na verdade eu tinha ordens expressas para ir até sua casa buscá-la se demorasse mais dez minutos - riu. - É raro a Dra. Fernanda gostar tanto de um funcionário, por isso estava extremamente curioso para conhecê-la. - Ele não esperou por uma resposta, fez um gesto para que eu o seguisse e apertou o botão do elevador. - O que está achando da cidade?
- Maravilhosa, doutor, morei aqui durante minha infância e adolescência, mas confesso que não a tenho aproveitado muito desde que cheguei.
- Pode me chamar apenas de Harvey.
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The Girl With Red Hair
RomanceLaura Buitrago é uma linda advogada bem-sucedida. Desde que assistiu a uma cerimônia de casamento pela primeira vez, ainda criança, seu sonho é apenas um: percorrer o tapete vermelho da igreja, vestida de noiva. Porém, contrariando todas as suas exp...