As garotas passaram uma maquiagem pesada em mim.
Segundo elas, as que mais saem são as com olhar perdido e inocente, então quase todas se pintaram dessa forma, usando roupas provocantes e comportadas ao mesmo tempo. Em mim, colocaram um top decotado branco e saia curtíssima da mesma cor. Correntes de ouro foram parar ao redor da minha cintura e meus cabelos acabaram amarrados de forma desajeitada.
Os olhos pintados do preto mais preto que havia em todas as paletas de maquiagem, um gloss grudento e de cor de cereja pra me deixar com cara de ¨piranha¨. Roxie disse que os homens não vão no que chamam de ¨piranhas¨, que geralmente são quando as garotas usam roupas e maquiagens como eu estou usando agora.
- Eu acho que, se fosse um daqueles porcos nojentos, ia querer a mais gostosa de todas. - Gal faz bico, me olhando de cima a baixo. - E seria você com certeza, amiga.
- Droga Lisie, você ficou muito gata nessas roupas. - Deschen franze o cenho. - Estou me sentindo feia agora.
Coro.
Mesmo com as circunstâncias, eu me senti bem-vinda. Elas eram gentis, compreensivas, e me acolheram, queriam me proteger o quanto possível pois foram elas um dia no meu lugar.
Eu queria fazer tudo por elas, queria salvá-las dali.
- Chama a garota nova, cinco minutos. - Catarina berra dentro da sala, saindo em seguida.
Engulo em seco.
As garotas todas tocam em mim, seja nos meus braços ou mãos, era aquela a forma delas de dizer que estavam aqui.
Dou uma última olhada insegura para trás antes de sair, respirando fundo. Paul e um outro brutamontes me pegam com firmeza pelo braço, arrastando até o pé de um palco.
- Assim que a chefe te anunciar, sobe e desfila. - o brutamontes sem nome fala. - Faz qualquer coisa de puta, sei lá, tira a roupa, mas sobe lá e vende esse corpo pro cara mais rico que você conseguir.
Ezio cola em mim, me olhando de forma mortal.
- Se ninguém te quiser, além de levar uma surra por ser incompetente, quem vai ficar com você somos nós então.
Ele e o colega escroto riem, dando tapas em minha bunda antes de se colocarem próximos a parede atrás de mim. Cerro os punhos de ódio, eu queria tanto fazer algo, mas pensei logo de imediato nas meninas. Elas sofreriam junto comigo por qualquer ato de rebeldia.
De mãos atadas, vi uma luz vermelha se acender e ser jogada para o meio do palco, junto com uma música instrumental sensual.
- Rapazes, se preparem por que aí vem novidade. - disse uma voz de mulher empolgada através dos alto falantes do prostíbulo de luxo. - Ela é quente como fogo, doce como mel e vai deixá-los louquinhos por mais.
- Sobe.
Olhando para trás, vejo a mímica labial de Ezio, ele parecia torcer para tudo dar errado, babando como um maníaco.
Começo a subir os degraus, querendo desmaiar.
- Lá vem a nossa nova aquisição, a garota dos cabelos vermelhos que está prontinha para dar uma volta com os nossos cavalheiros.
Caminhei de forma calma e até mesmo desajeitada até o centro do palco, ficando parada e sem saber ao certo o que fazer.
- Vejam rapazes, que moça mais linda e quente. - continuava a mulher.
Eu via todos os olhares lascivos sobre mim, os via passarem as mãos por cima dos membros cobertos pelas calças ridículas e as bocas salivando de desejo.
Uma lágrima involuntária caiu, me fazendo virar de costas
- Ela também tem sentimentos e precisa ser consolada garotos. Ahhhh, não é adorável ao mesmo tempo?
Os homens começam a gritar, todos valores ridículos e absurdos.
- Cinquenta mil.
- Oitenta mil.
- Ora essa rapazes, só isso por essa bela ruivinha? - instiga a voz, a alegria e empolgação totalmente transparecida.
- Cento e cinquenta mil.
- Quinhentos e cinquenta mil.
- Mais alguém vai disputar com esse cavalheiro? - ela espera alguma resposta, a qual não vem jamais. - Então aproveite garanhão, ela é toda sua pelo resto da noite.
Ezio sinaliza para que eu desça, seu sorriso de satisfação é gigante.
- Parabéns, meu bem. Hoje vai ser divertido.
Sou jogada dentro de um quarto no segundo andar depois daquilo, o ambiente luxuoso era temático e a luz baixa deixava tudo ainda mais amedrontador.
Não consegui me conter e fui para o banheiro vomitar, torcendo para que meu salto fosse afiado o suficiente para esfaquear o porco que passasse pela porta.
- Toc, toc, ruivinha...
Uma voz sebosa e podre sai da boca de alguém igual. Era um velhote barrigudo e cheio de barba. A careca reluzia de forma oleosa e os dentes amarelos relevaram que não os escovava havia anos se duvidasse.
- Não vai vir agradar o seu ursão?
Fiz uma careta, encarando aquele ser patético, eu nunca iria me deitar com ele.
- Fica longe de mim. - cerro os dentes, me afastando dele.
Para minha surpresa, ele dá de ombros e sai do quarto. Penso que acabou, ele vai me deixar em paz.
Mas não.
- Prenda ela, sim. - o velho fala, apontando pra mim. - Vai me dar trabalho demais pelo jeito, estou meio cansado hoje, o dia foi cheio.
O segurança alto e parrudo me imobiliza, e ambos amarram meus pés e mãos na cama.
Tento me libertar, mas tudo que faço é sovar a pele por onde vem o tranco.
- Me solta seu desgraçado. - grito, tentando não ficar de cara para o colchão.
Eles me prenderam de barriga pra baixo.
- Bom proveito, senhor.
Ouço o velho rir, indo até algum lugar que não consigo ver e voltando em seguida.
Seus passos pesados me fazem borbulhar de raiva.
- Me solta! - grito de novo, ouvindo sua risada.
- Tão linda, minha ruivinha. - diz ele.
Eu sinto suas mãos passearem por minhas pernas, me fazendo espernear e gritar ainda mais.
- Você vai ser educada esta noite.
E então vem a dor.
Ele desferiu um golpe firme que pegou parte das pernas, bumbum e costas. Ardeu como se fosse brasa e eu gritei.
Gritei mais ainda, xinguei e amaldiçoei-o mil vezes.
- Vou educar você meu bem. - ele dá outro golpe, me fazendo retorcer o corpo.
Foram minutos incontáveis dessa tortura.
Enfim, quando se cansou, ele riu e começou a rasgar a fina roupa, com as mãos mesmo, me despindo de forma forçada.
- Para! - protestei, sentindo-o ser invasivo.
- Veja essa lingerie, minha linda. - o nojento se aproxima e funga em várias áreas do meu corpo, como se fosse um amante apaixonado. - Tão perfumada, só pra mim...
Ele rasga a lingerie, e de canto de olho vejo que vai tirar sua calça também.
- Vamos lá meu amor, quero ver o que você tem pra mim.
O peso daquele corpo grotesco se coloca sobre mim, e o nariz dele se cola ao meu pescoço.
Lágrimas gordas caem quando o primeiro grunhido escapa da boca dele, e eu nunca quis tanto morrer quanto agora.
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All For Her ✔️
RomanceVocê acredita em amor de outras vidas? Ela se pergunta isso depois de sofrer a maior das atrocidades, ele tenta fingir ser o que não é. A violência resolve tudo. Era isso que Michael Gray pensava até conhecer Liesel, ele nunca quisera ser o bom moço...