Capítulo três - parte dois

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Fevereiro, 2020. Belo Horizonte - MG

Leticia

- Boa sorte, Leticia! Espero que dê tudo certo ai dentro e parabéns pelo emprego! - o motorista do aplicativo me desejou e eu recolhi minha bolsa no chão.

- Obrigada, José. - desci e bati a porta do carro levemente. Eu sempre me prometia que iria ficar calada no caminho dentro do carro, mas sempre que eu chegava no meu destino eu já havia falado toda a minha vida para o motorista. Motoristas de aplicativo deveriam sair com um diploma de psicologia depois de um tempo trabalhando.

Esperei Alex abrir o portão de sua casa após eu tocar a campainha e logo o homem estava ali na minha frente. Ele estava com o cabelo molhado indicando que havia acabado de tomar banho e meu coração se apertou porque eu acho lindo quando seu cabelo está bagunçado e molhado. Nos cumprimentamos dando um selinho e ele logo começou a contar sobre seu dia na empresa.

Sentei no seu sofá e tentava prestar atenção em tudo que ele falava, mas minha mente só pensava na conversa que eu teria que iniciar logo. Estalava os dedos a todo momento e Alex segurou a minha mão.

- Você está a um passo de ter uma crise de ansiedade então acho melhor você falar antes que eu tenha que te colocar debaixo do chuveiro para te acalmar, Leticia. - virei meu corpo em sua direção.

- Eu recebi uma proposta de emprego na BBC. - falei de uma vez e fechei os meus olhos.

- Isso é ótimo! Você finalmente vai sair daquela empresa que você não te valoriza e vai tudo começar a dar certo! Nós podemos finalmente conversar sobre morar juntos! - ele disse animado, mas logo percebeu que eu não acompanhava seu entusiasmo - O que?

- A BBC é em Londres, Alex. - abaixei minha cabeça.

- Ah. - ele repousou sua coluna no sofá e jogou a cabeça para trás. - Isso muda bastante coisa. Você aceitou o trabalho. - ele não perguntou - Você seria louca de não aceitar.

- Eu não sei o que vai acontecer com a gente. - eu brincava com o anel no meu dedo para não ter que encarar o homem do meu lado.

- Eu não sei o que pensar porque eu realmente não estava esperando por isso. - ele passou a mão pelos cabelo - Nós estávamos voltando a sermos nós.

- Eu sei. Eu sinto muito. - minha voz já ficava embargada.

- Ei ei! Não me peça desculpas por ir atrás do seu sonho, ok? - ele entrelaçou a sua mão na minha - Acho que uma parte minha estava em negação. Eu sempre soube que você não ficaria aqui e eu guardei essa preocupação no fundo da minha cabeça. - ele beijou minha mão - Você não precisa se desculpar, amor.

- Eu sempre me imaginei casando com você, tendo filhos e ver você brigar comigo quando eu ficar bem velhinha porque eu não estou cuidando da minha saúde. - eu olhei em seus olhos pela primeira vez na noite - Mas eu também quero conhecer o mundo e gravar coisas incríveis por aí.

- E eu não quero isso. - ele suspirou - Eu esperei que você desistisse desse sonho.

- E eu sempre achei que você desistisse do seu e me acompanhasse no meu. - lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. - Acho que no fundo os dois sabiam que tínhamos uma data de validade.

- Ninguém disse que iria durar para sempre, Let. - ele me abraçou pela lateral. - Mas não significa que nós não tentamos. - senti sua voz ficar embargada também - Sabe o que minha mãe disse quando te conheceu?

- Que fazia sentido eu cursar psicologia porquê todo psicólogo tem um parafuso a menos? - ele riu

- Também. Mas ela me disse que a gente não iria se casar. - ele começou a passar mão sobre meus cabelos - Disse que você era muito espontânea e eu não iria atender suas vontades assim como você não atenderia as minhas. Acho que ela estava certa no final.

Fearless [Louis Tomlinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora