Precisava Falar

Capítulo II

Acordei às 7h, como era de costume, "por que eu não consigo a acordar mais tarde?" Pensei inconformada. Era estranha a sensação de estar na casa de outra pessoa quando ela está dormindo, você fica sem saber como agir, sem saber se pode fazer qualquer coisa, eu me sentia assim em muitos momentos.
Um feixe de luz passava por uma brecha da cortina cinza, fiquei encarando as poeiras dançando no ar, era um mundo tão pequeno. Na realidade, é tudo tão pequeno e rápido na vida, como se nós fossemos a poeira dançando na luz. Pensar que somos formados por estruturas infinitamente menos que poeiras assunta, somos um amontoado de átomos, que formam células amontoadas, que se especificam e viram a gente, cada reação, cada informação absorvida, cada movimento controlado por partículas tão pequenas, o menor erro e já não existimos mais. Mas como existimos? É uma probabilidade tão pequena de nós tornarmos quem somos agora, afinal, nesse segundo eu sou uma versão de mim, no segundo seguinte eu sou outra versão, a que se deu conta de que eu era uma versão de mim passada, no segundo após esse sou uma terceira versão, que se deu conta que se deu conta, e assim por diante, nunca somos os mesmos e nada é imutável.
Pensar sobre a vida da essa sensação de que somos pequenos? É engraçado como uma ideia leva a outra de forma tão natural, a razão.
Depois de tanto pensar eu estava com sede, mas não podia levantar sozinha e ir buscar água, já que não era minha casa. Decidi passar o tempo usando um aplicativo onde as pessoas postam fotos e são felizes o tempo todo. Depois de um tempo, percebi que minha mão tinha uma marca borrada e, então, lembrei de todos os detalhes.
Eram 7h34min e eu mandei mensagem no WhatsApp, porém esta não seria visualizada tão cedo. Tentei dormir, tentei meditar, tentei de tudo pra fazer com que o tempo passasse mais rápido, mas quanto mais eu queria mais lento estava. E adormeci novamente.