ℭ𝔞𝔭í𝔱𝔲𝔩𝔬 Ú𝔫𝔦𝔠𝔬

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Ao começar a  ler escuta música sem Barreto - Saída. E embarque nessa história.

Boa Leitura...

Você sabe que ela virá , a única certeza que terá na vida, mas nunca estará pronta para ela, e nem eu estava.

Qual é a pior noticia que se pode ter? A morte de alguém e isso aconteceu comigo .
Certo dia veio essa notícia , não posso dizer que não esperava, porque minha avó estava doente a uns dias , mas a esperança em sua melhora era evidente em nossos corações. Porém isso não aconteceu.
Saber que ela nunca mais estará aqui é a primeira coisa que me passou na cabeça e que esse seria o pior dia da minha vida até aqui, mas não era, só  isso apenas  estava começando.
E posso lhe contar o porque? Neste dia todos estarão ao seu lado, ficarão com você e te ajudaram o dia todo, te asseguro que esse não é o pior dia e sim depois, depois? Que todos forem embora, que todos voltarem a sua vida normal e você estará  sozinha e com lembranças, mas você tem que seguir, não tem outro jeito.
Cada um de nós reage de um modo diferente. Afinal cada um tem uma definição para a morte até por questão de religião, alguns creem na vida após a morte, outros creem que morreu e acabou, mais isso nunca saberemos, só sei vó que um dia nos encontraremos.
Sei que deveria pensar na vida e em viver, mas a vida não é igual das histórias que você me contava quando era criança.
Não tem príncipes e nem princesas vó!
Queria crescer e ser tantas coisas e fazer tantas coisas, e hoje vejo que não sou nem a sombra disso.
Pode ser que eu não sirva para nada ou talvez que eu ainda não encontrei meu caminho.
Muitas vezes só vejo a morte, sim a morte.
Seria mais fácil fugir não é? Já pensei em me cortar até morrer, entrar na frente de um carro, e ir te encontrar ai.
Deitar no seu colo mais uma vez, e sentir sua mão no meu cabelo, mais isso seria covardia não? Ou seria coragem ? Sim coragem por ter aguentado tanto tempo e enfim ter a paz.
Sei que isso não é sua vontade vó, mais também não é a minha estar aqui.
Quando começo a pensar de como seria a vida das pessoas sem mim, vejo que ficariam bem, que logo estaria tudo certo.
Confesso que penso nisso sempre, mais ainda estou por aqui, nas confusões que a vida é, e tento mais um dia para de ter a esperança que será melhor que ontem.

(Sem você por perto)...

No dia seguinte, acordei sonolenta, me sentei na cama por alguns minutos e imaginando como seria meu dia hoje, um dia de cada vez -murmurei-
Então decidi fazer como de costume, me levantei fui tomar meu banho e tomar meu café para ir para escola, peguei a primeira roupa que encontrei um jeans velho e uma camiseta branca e então puis minha mochila nas costas e fui pra aula, era meu ultimo ano.
Me chamo Alice Pantaleão, na verdade isso não importa aqui, não era chamada por esse nome era só a gordinha.
Me sentei na carteira e fiquei ali mesmo, não tinha muitos amigos, sempre fui tímida, e se pudesse seria invisível.
Meus pais excêntricos, viajam sempre e me deixavam com minha avó, talvez por isso que eu tenha mais sentido a morte dela.
Minha mãe sempre deslumbrante, mas sem tempo para mim, não éramos próximas, eu não era a boneca que ela imaginava, não era bonita, não me comportava bem, não vestia aqueles babados que ela gostava tanto, dizia ela que queria me concertar, que eu era feia desse modo.
E isso refletia na minha vida, auto estima não tinha nenhuma, eu não era igual a Lucy , a garota mais linda da escola.
Ela era linda, uma boneca.
Sua pele era de porcelana, um rosto impecável, cabelos lisos e se vestia com roupas europeias, como ela mesmo se gabava.
Imaginava aquelas roupas em mim, tanto rosa e brilho e ria sozinha. Afinal eu era gorda aquilo em mim ficaria terrível.
Ela era o sonho da minha mãe, sempre me comparava com ela e me deixava cada vez mais para baixo, já que odeio comparações porque eu sempre perdia nessa competição, nunca fui o suficiente para ninguém, mais isso não mexia muito comigo pois sempre tive minha vó que me amparava e eu sabia que ficaria tudo bem.
E agora que ela se foi? Como eu ficaria sozinha? Não tem jeito, terei que ser forte e dessa vez sozinha,
Porque me abandonou vó? Eu ainda preciso de você.
Mas eu não ia desistir, não ali.
Acabou a aula hoje, sai da sala e notei que estavam olhando para mim, não ouvi nada.
Mas aposto que comentavam do quanto to enorme , abaixei a cabeça e sai correndo para fora do colégio, fui no pátio e visualizei onde estava minha bicicleta e fui em sua direção, tinha alguns alunos por lá e ficaram me encarando e um deles me disse :
- Isso ai gordinha faz uns exercícios que ta precisando.
Ouvi em silêncio, não disse uma palavra simplesmente porque não tinha argumentos eu realmente precisava emagrecer, então peguei minha bicicleta montei nela e sai.
Chegando em casa, subi para meu quarto, joguei a mochila em qualquer canto e fiquei em frente ao meu espelho, ele era exageradamente grande, então fiquei ali parada me olhando.
Comecei a chorar, ao ver como eu sou, reparei em cada detalhe, e cada vez mais odiando o que via.
Eu não tenho culpa de ser assim, não escolhi isso para mim, porque me julgam? Sou igual a todos da escola, mais só com alguns quilinhos a mais.
A sociedade impõe que todos sejam lindos, magros, altos, cabelo liso .
Droga de sociedade!
Queria pegar uma tesoura e cortar toda essa gordura e assim talvez iria ser aceita por todos, ei espere ai
-pensei-
E então foi o que fiz, mas claro que isso não daria certo, começou a sangrar minha barriga toda, não sabia que tinha tanto sangue! Quando vi minhas roupas estavam cobertas de sangue, me desesperei e fui pro chuveiro me lavar, sentei no chão em baixo do chuveiro e ali fiquei por um longo período, ardia e queimava a ferida e em fim o sangramento parou mas minhas lágrimas caiam pelo meu rosto.
Decidi a partir dali emagrecer a qualquer custo.

A Pequena Suicida Onde histórias criam vida. Descubra agora