Intocável CHAPTER III

SURE THING

AMRA

Corro contra a gravidade, contra o aperto em meu peito, contra o medo que me atinge como uma bala em meu coração. Rezo pra que minha filha esteja bem. Pra que Nora esteja viva. Pra que Alex e Matt estejam bem na própria luta deles na cidade. As lágrimas em meu rosto seca com o vento que não para de soprar contra minha pele me deixando mais fria do que o mármore.

Chegando na aldeia eu tomo um choque com a quantidade de gente machucada, louca eu olho pra todos os lados a procura de Nora. Avisto ela dentro da tenda de Doc e corro em sua direção.

- Irmã!

Grito me desvencilhando das pessoas, ela deixa de pressionar a ferida de um homem e anda na minha direção. Nossos corpos se chocam em um abraço, respiro fundo e pergunto me separando dela.

- Luna?

Ela pega minha mão e me puxa pros fundos da tenda, vejo Luna dentro de um cesto adormecida e me sinto imediatamente mais leve. Me abaixo e acaricio seu rosto corado, ela se remexe e eu sorrio.

- Matt e Alex conseguiram derrubar o Líder Supremo.. mas muitos de nós morreram na batalha..

Fecho meus olhos me sentindo pesarosa pela nossa perda. Me levanto e encaro ela.

- Doc...

Balanço a cabeça e ela solta um gemido de dor. Ando até ela e a puxo em um abraço. Seu corpo treme contra o meu enquanto ela se permite chorar. Minutos depois ela se separa de mim e eu limpo seu rosto carinhosamente.

- Assim que eu e Jon ficamos sabendo que a aldeia estava sendo atacada corremos pra cá, Aurora nos abordou no caminho.. ela está morta!

- Puta! Tomara que queime no inferno!

Engulo em seco e suspiro. Agora eu realmente sou uma órfã. Sem pai e mãe. Só tenho minha filha e ... Jon. Assim que penso nele eu o vejo atrás de Nora já andando na nossa direção. Ele toca no ombro dela e a puxa em um abraço. Uma pontada de ciúmes passa pelo meu peito e eu desvio meu olhar deles, me viro e abaixo pra acariciar minha filha.

- Ela está bem?

Ele pergunta se abaixando do meu lado e observando ela atentamente. Balanço a cabeça confirmando, ele estica sua mão pra acariciar sua cabecinha e acaba esbarrando em meus dedos. Suspiro sentindo a mesma eletricidade de antes passar dele pra mim. Só Deus sabe como vai ser difícil deixá-lo. Mas talvez essa decisão seja a certa. Ele não se lembra nem da metade do que nós fomos um pro outro. Fecho meus olhos e digo.

- Vou ajudar as pessoas lá fora..

Sinto seus olhos sobre mim, mas eu não tenho coragem de olhar pra ele, não quero descobrir o que ele está sentindo através de seus olhos.

Me levanto e deixo ele com nossa filha, saio pra fora e começo a ajudar as pessoas feridas.

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Até o anoitecer nós conseguimos colocar as coisas em ordem, Nora recebeu uma ligação de Matt  dizendo que ao amanhecer estaria na fronteira da floresta pra guiar as pessoas que quiserem morar na cidade. Ele perguntou por mim, mas eu não quis atender o telefone. Preciso manter minha cabeça fria até o terceiro dia.

Na madrugada eu carrego minha filha junto de Jon até minha casa. Ele para na porta e pergunta.

- Foi ele que construiu?

- Foi. Tem um quarto pra Luna..

Ele concorda com um aceno de cabeça e pergunta.

- Tem certeza que vai ficar bem aqui sozinha?