Capítulo 1

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Aqui estou eu, sentada no banco de trás do carro da minha mãe escutando música com a cabeça apoiada no vidro. Essa viagem vai ser longa, afinal, Texas não é perto da Califórnia. Minha mãe recebeu uma proposta de emprego em LA e foi aceita, fico feliz por ela, mas tive que deixar todos os meus amigos. Minha irmã, Belinha, não para de falar, não sei o que, porque coloquei o volume do fone alto. Já consigo ver alguns prédios e um sol radiante de praia atrás dos montes. Minha nova vida em uma nova cidade começa, não gosto de mudanças, mas temos que conviver com elas. Tiro meus fones um momento para saber o motivo da gritaria da minha mãe e minha irmã:
- Eu nem acredito!- Belinha fala sorri do animada com os olhos brilhando
- O que tá acontecendo? Pra quê tanta gritaria?- falo indignada
- Estamos indo morar em LA!- ela continua sorrindo
- E?
- Any!- Ela me olha indignada e eu continuo sem entender- Lá só tem famosos e praia, tudo naquela vibe alegre e na paz...- ela diz sonhadora
- Humm, cê que pensa...- falo destruindo todos os seus sonhos
- Any!- minha mãe chama minha atenção
- O quê? Eu só digo verdades!- fico encarando ela pra ver o que ela ia falar
- Sei que tá sendo muito difícil pra você, casa nova, vizinhança nova, cidade nova, clima novo, escola nova, amigos novos... Los Angeles é uma cidade grande, não é nada comparado com Port Isabel! Sei que é uma mudança muito radical nas nossas vidas, mas temos que fazer sacrifícios às vezes, se eu não aceitasse esse emprego sabe se lá quanto tempo mais nós ficaríamos naquela casa, estávamos quase sendo despejadas...- ela fala concentrada na estrada e fazendo carinho na minha perna na tentativa de me animar- Em Port Isabel nós conhecíamos todos, não tinha novidade. Pense nisso como uma coisa boa, uma novidade! É muita gente nova, eu sei, mas vocês se acostumam. Saibam que eu estou fazendo isso pro nosso bem, a última coisa que eu queria era ver vocês tristes! O que eu puder fazer pra ver vocês felizes eu vou fazer! Vocês são dois anjos na minha vida!- eu não culpo ela, sério, uma mãe solteira com duas filhas pra criar não é coisa fácil! Depois que meu pai morreu tudo ficou ficou mais difícil, ficamos sem dinheiro e sem inspiração pra viver... Foi realmente uma parte marcante e a parte mais triste da minha vida, uma adolescente só pensa em se divertir, sempre está feliz, mas quando o seu herói não está mais ao seu lado isso é muito difícil! Sem perceber, acabei soltando algumas lágrimas pelo o que minha mãe disse e ela percebe e já imagina o porque estou assim- Não fica assim, filha! Ele não gostaria de ver vocês assim!- ela tenta nos animar, noto que Belinha também está chorando e abraço ela
- Não chora! Você fica linda sorrindo!- falo enxugando suas lágrimas, ela sorri e me abraça
- Vejam! Los Angeles!- minhas mãe fala com voz de choro enxugando as lágrimas- uma nova vida nos espera!- ele se vira rápido pra trás sorrindo
Tudo é realmente muito lindo, me senti num filme. Tudo perfeito, em Port Isabel só tinham casas, aqui tem mansões, castelos eu diria! Me encanto com tamanha beleza do lugar, minha casa nova! Tento levar a vida no otimismo, mas às vezes eu não consigo. Uso meu pai como base na minha vida, ele é minha inspiração, o que ele faria ou o que queria que eu fizesse eu faço. Tento ser o melhor exemplo pra minha irmã, já que não temos mais nosso pai, eu tento ajudar minha mãe com as tarefas e minha irmã também. Às vezes acho que isso nem sempre dá muito certo, digamos que eu sou bem desastrada. Outro dia eu estava ajudando minha mãe com a faxina de casa quando deixei um quadro cair da parede, de boa até, só que eu estava limpando o chão! Me liberto dos meus pensamentos quando vejo que paramos a uma casa linda, diria que quase uma mansão, tudo porque o trabalho da minha mãe tá cobrindo os gastos essenciais como escola e casa, eu gostei do lugar! Tem uma entrada grande com gramado e uma garagem que cabem 3 carros, realmente uma mansão, que sorte a nossa!:
- Chegamos!- minha mãe anuncia
- Já?- brinco e elas riem
- Graças! Não aguentava mais ficar dentro desse carro, foram sete dias dentro desse carro!
- Enfim chegamos!- minha abre a porta
- O maior quarto é meu!- Belinha dispara na minha frente
- Ah mas não vai mesmo! Volta aqui, Isabelli!- saio correndo atrás dela
- Achei!- sigo sua voz e vou correndo até o local
- Meu Deus! Isso não um quarto, isso é uma casa!- olho tudo com muita atenção e brilho no olhar- Olha essa janela! Ela tem o tamanho de uma cama de casal!- minha mãe nos observa e ri
- Alguém vai me ajudar com as malas?
- Eu vou!- Belinha sai correndo
- Onde ela achou tanta energia?- minha mãe observa Belinha correr
- Ela ficou economizando todos esses dias no carro!- vou atrás dela, mas sem correr
Colocamos nossas malas nos nossos respectivos quartos e ficamos esperando o caminhão de mudanças. Enquanto espero fico pensando nas minhas amigas do Texas, Sina, Hina e Shivani. Hina e Shivani são irmãs, Shivani é adotada, mas isso não impede de ela amar sua família adotiva, a família biológica de Hina. Sina é filha única, sonhadora e com o coração gigante. Já sinto saudades delas, afinal, nos víamos todos os dias, nós éramos vizinhas! Mando mensagem pra elas avisando que cheguei e converso um pouco com elas, mas paro porque o caminhão chegou e tenho que ajudar minha mãe. A maioria eu não consegui pegar e os carinhas do caminhão trouxeram para a gente. Agradecemos e começamos a arrumar a casa. Minha mãe ficou com o quarto maior, ela merece. Belinha ficou com o quarto no começo do corredor e eu fiquei com o quarto no final do corredor com vista pra rua de trás. Pra ter uma noção do tamanho da casa, não tem casa atrás da nossa, são três casas por quarteirão. Isso sim é coisa de rico! Assim que terminamos de "arrumar" nossos quartos deitamos para dormir. Terminariamos o serviço amanhã, estávamos muito cansadas da viajem. As horas passaram rápido de mais. Chegamos aqui eram 9:00 e fomos dormir 1:00 da manhã! Não sei se fico animada porque as aulas estão chegando ou se fico com medo porque as aulas está chegando... A única coisa que sei é que não vai ser como antes, vou me sentir uma estranha no ninho, tenho certeza. Afinal, não conheço ninguém na cidade.

Ritmo Perfeito - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora