O Garoto do Condomínio | Pelo mundo com você

51_ Escola militar.

Eu fiquei ali por mais um tempo até olhar para trás vendo Hugo escorado no portão. Era óbvio que ele estava cansado mas estava ali me vigiando para que nada me acontecesse.

Sorri o olhando e sai da água. Peguei o meu tênis e caminhei até ele enchendo o meu pé de areia.

- Amor? - O chamei. Hugo já estava de olhos fechados mas os abriu assim que o chamei. - Vamos pra dentro. - Falei calmamente e Hugo coçou seus olhos.

O mesmo levou um tempinho para entender o que eu havia dito, mas assim que me compreendeu ele levantou e me abraçou de lado.

- Não precisa me abraçar, eu to encharcada. - Olhei pra ele e ele me olhou com uma cara muito fofa de quem nitidamente estava morto de sono.

- Han? - Hugo perguntou confuso, o que me fez rir.

- Nada não. - Sorri carinhosamente pra ele e ele me devolveu o sorriso.

Assim que entramos eu tranquei a porta da sala e logo fomos para o quarto. Hugo tirou seu tênis e sua camisa e se jogou na cama com a calça jeans mesmo. Ele estava super cansado.

Eu, por outro lado, tomei um banho e coloquei uma roupa quentinha em seguida. Eu acho que nunca estive tão calma e em paz comigo mesmo como naquele momento.

Apaguei a luz do banheiro e logo caminhei até a cama. Peguei uma coberta e me deitei ao lado de Hugo cobrindo a mim e a ele.

Hugo, que eu pensei que estava dormindo, esticou seu braço até mim me puxando até ele para dormirmos abraçados. Sorri com aquilo e logo adormeci.

[...]

~ Sempre me lembro dos detalhes mais banais, da cara quando eu conheci seus pais, seus olhos verdes, meio cinza, no verão. E daquela canção... ~

Acordei novamente com meu celular despertando e sorri ao me lembrar de que Hugo era o responsável por essas músicas matinais.

- Bom dia. - Minha voz soou no quarto depois que eu desliguei a música e logo ouvi o som de ossos estalando. Hugo estava esticando seus braços.

- Bom dia minha linda. - Hugo falou com uma voz doce e logo se sentou de frente pra mim. - Me desculpa.

- Desculpa por que? - O encarei confusa.

- Por eu ter dormido. Você passou por um momento difícil ontem e eu... - Coloquei meu dedo na frente de sua boca para que o mesmo parasse de falar e num impulso o abracei.

- Eu precisava ficar sozinha. - Falei com minha boca apoiada em seu ombro. - Você ficou o tempo todo me vigiando mesmo estando cansado. Não tem que me pedir desculpas.

- Como você ta com relação a tudo que aconteceu? - Hugo se afastou de mim e me olhou.

- Eu to ótima. - Sorri o deixando confusa. - O que aconteceu apenas me deixou mais forte e fortaleceu o meu amor por mim mesma.

- Eu fico tão feliz em saber disso. - Hugo segurou meu rosto e me deu mais um beijo.

      •Tyler•

Minha cabeça estava como um turbilhão.

Estava na delegacia com as mãos algemadas cercado de policiais me olhando como se eu fosse o bandido mais procurado.

Eu ainda estava me perguntando: POR QUE DIABOS EU FIZ AQUILO???

É certo de que eu realmente estava disposto a tentar algo com a Carla, mas não pretendia chegar a esse ponto. Eu acabei tomando a péssima decisão de beber antes de chegar nela e perdi total o meu controle.

Mei peito doía com a sinestesia. Era culpa misturada com arrependimento. Era ódio de mim mesmo misturado com o medo do que aconteceria comigo.

Eu acabei passando a noite na delegacia sem pregar os olhos. Me sentia um caco.

Brianna também estava lá, eu podia ouvi-la falar em algum lugar, mas não a deixaram chegar até mim. Minha mãe também havia estado na delegacia por toda a noite chorando horrores. Eu podia escuta-la e a cada soluço dela eu sentia uma facada no meu peito.

Logo de manhã eles me levaram para uma sala pequena e meus dois tios apareceram. Scott e George ( pai da Brianna ). Ambos pareciam desapontados comigo, mas  George estava incrivelmente irado.

- Me fala... - George passou a mão na boca demonstrando estar terrivelmente aborrecido. - O que é que se passa nessa sua cabeça?

- Eu... - O mesmo me interrompeu.

- Cala a boca porque você não tem moral e nem direito de falar nada aqui! - O mesmo gritou totalmente revoltado.

- Calma George. - Scott falou em seguida.

- Calma?? Calma?? Você sabe o escândalo que isso vai causar?? "Sobrinho do Diplomata George Miller é preso por tentativa de estupro " - O mesmo estende as mãos como se estivesse mostrando uma tela. - Eu vou ter que dar um jeito de encobrir isso!

- Espera... o que pretende fazer? - Scott o encarou.

- Eu não sei ainda... meus advogados vão cuidar disso. - Meu tio George começou a mexer em seu celular enquanto Scott o encarava desacreditado.

- Como assim George?? O Tyler não é mais um moleque, ele precisa pagar o preço e colher os frutos do que fez! Você ser diplomata não muda isso! Ele cometeu um crime e tem que colher as consequências disso!

- Tyler não vai ficar preso. Isso seria o fim pra mim! - George debateu. - Você vai sair daqui, vai pegar suas coisas e vai pra uma escola militar.

- Perai, o que?? - O encarei. - Eu não vou pra escola militar nenhuma! Eu sou surfista, não soldado.

- No momento você é um criminoso. - Scott me encarou.

- Considere isso como punição. Não vai ver praia tão cedo. - George foi em direção a porta com o celular posicionado na frente do ouvido.

- Você não pode fazer isso comigo!! - Gritei.

- Ou escola ou cadeia!! - O mesmo se virou pra mim nervoso. - Eu ainda to te fazendo o favor de não deixar você aqui seu moleque.

- Você ta fazendo isso pra não perder o seu título. - Cuspi as palavras.

- Olha aqui Tyler eu acho melhor você abaixar esse tom porque você não ta em condições de exigir nada! - Scott gritou. - Você é um moleque imaturo que cometeu um crime e merecia pagar por isso como qualquer outro cidadão, mas você ainda tem o privilégio de ser sobrinho de um diplotama! - Scott estava tão nervoso quanto George agora. - Vocês resolvem o que quiserem, mas eu sou terminantemente contra o Tyler ir para essa escola. Se não pagar por seus erros, ele nunca vai aprender. - Scott falou olhando para George que ainda estava na porta.

George por outro lado ignorou totalmente o que meu tio disse e se virou pra mim.

- Diga adeus a praia, a campeonato de surf, as baladinhas e festinhas que você frequenta. - Ele apontou para mim. - Você vai hoje mesmo e só vai sair de lá quando virar homem.

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Continua...