1745
Sentada sob a grama ela podia sentir tudo respirar ao seu redor. Com a ponta dos dedos, ela tocou seu cabelo, chegando ao rosto e descendo pelo queixo, tocando de leve sua clavícula. Ela respirou fundo.
Em um supetão se levantou, ouviu um barulho vindo de longe. Com os pés andando sobre a grama seca, ela tentou se aproximar do som que lhe chamou atenção. O som se assemelhava ao cavalgar lento. E parecia suave.
Por trás de algumas árvores pode ver uma silhueta escura, e uma grande sombra que com certeza era de um cavalo.
Puxou seu vestido para perto do corpo e subiu o tecido por cima das pernas. Se esquivou por alguns galhos secos e alguns arbustos. Podia ver melhor daquele ângulo. Quem estaria ali a essa hora da manhã? Pelo sol estar nascendo agora, ela diria que eram quatro da manhã, mas sua mãe dizia que nessa época do ano o sol demorava a crescer no céu, deveria ser umas cinco, ainda. Muito cedo para ter alguém naquele lugar da floresta.
Pode ouvir a pessoa, que por sinal era um homem, conversar com o cavalo. Um cavalo preto, como a noite. O que não daria para poder cavalgar, mas seu pai sempre disse que jovens mulheres nunca deveriam cavalgar por diversão. A conversa era como um sussurro, um suspiro, ele acariciando o belo animal de forma cuidadosa, ele dizia algo como se fosse segredo.
Mas seus pés à denunciou. Havia muitas folhas e galhos secos ali. O homem se virou para trás para descobrir quem havia feito aquele barulho. Sua mão em sua espada. "Então ele faz parte da cavalaria do rei" pensou ela quando viu cravado em seu traje um enorme S. O rei Sebastian.
Cuidadosamente saiu de trás do arbusto e foi pra trás de uma grande árvore. Suspirando, esperando que ele não a tivesse visto. Ela estaria em apuros. Puxou novamente o tecido de seu vestido para cima de suas coxas e o mais rápido e silenciosamente que pode, se virou para ver se ele ainda estava lá, se era seguro ir para o outro lado e ir embora. Não, ele não estava lá. Prendeu a respiração e voltou a olhar para frente.
Agora estava completamente sem ar. Ele estava na sua frente, com a espada em seu queixo, com o olhar suspeito. Ela pensou em desfalecer naquela momento. Mas não tinha forças nem para isso. Seus dedos doíam segurando o tecido de sua saia. Deviam estar roxos. Pois agora ela estava com medo. Mas manteve o seu olhar no homem a sua frente. Levantou o queixo e sorriu. Ela sabia que ele não faria nada. Afinal de contas, ele sabia quem ela era.
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Your Inner Beauty
FantasiOnde ela conseguia sentir o que tocava. Tudo sentia e tudo conectava. Ela respirava o que ela mesmo havia colocado ali. Ele sentia. E ela fazia com que ele sentisse mais forte que os outros. O ódio não estava ali para separa-los, mas para os juntar...