Blind • 2Jae (HIATUS)

Capítulo XXXIV ● Youngjae

- Jaebeom? - Chamo pelo nome do moreno, não ouvindo ele em lugar nenhum da casa. As vezes ele fazia isso, simplesmente desaparecia do nada por horas. Não sei como, não sei para onde, mas ele apenas sumia e eu não conseguia achar ele não importa o tanto que eu procurasse. Jaebeom não seria achado a menos que ele quisesse ser achado, o que ele quase sempre não queria, por isso dos sumiços. - Bommie Hyung?

- Se for sobre a minha metade dos M&M, eu já disse que não vou dar, você comeu um pacote inteiro sozinho e eu não comi nenhum. - A voz dele vem do sótão, o que me faz franzir o senho, confuso. Eu estava parado no meio do corredor simplesmente porque era o caminho para ir até a sala, onde eu pensava que talvez Jaebeom estivesse, mas nunca, nem mesmo por um momento, pensei que ele poderia estar no sótão, tipo, o mesmo sótão onde uma mulher morreu.

- O que você tá fazendo ai em cima? Tem poeira e fantasmas.

- A parte da poeira é real, mas nada de fantasmas até agora. - O tom que ele usa é brincalhão, o que significa que ele está de bom humor. Isso é bom, essa coisa de saber que ele está mais feliz do que quando chegou, porque me deixa feliz também, Jaebeom merece a felicidade. - Mas respondendo a pergunta, estou procurando o saco de dormir do seu pai, ele disse que está em algum lugar aqui em cima e eu vim procurar,, porque preciso dele pro lance do acampamento e tal.

- Oh, agora tudo faz sentido. - Balanço a cabeça em entendimento, encontrando ai minha chance de abordar o assunto ao qual eu queria tratar desde o começo, nada de sótãos ou fantasmas ou M&M's, mas sim sobre o acampamento e ele e Jinyoung ficando na mesma cabana que Yugyeom, Bambam e eu. - Era exatamente sobre isso que eu queria falar com você.

- Sobre o saco de dormir do seu pai?

- Sobre o acampamento, Jaebeom. - Reviro os olhos por trás dos óculos escuros, e sei que ele não vai ver, mas o faço mesmo assim, porque é força do hábito.

- O que tem o acampamento?

- Você sabe que as turmas podem ficar com quem quiserem na mesma cabana, né? - É uma pergunta retórica, eu sei que ele sabe e ele sabe que eu sei, os alunos do ensino médio inteiro só falavam sobre isso na saida das aulas hoje, se Jaebeom não soubesse ele seria bem tapado.

- É, ouvi dizer.

- Yugyeom quer que você fique na nossa cabana porque se você ficar com a gente o Jinyoung também vai ficar e ele quer ficar o mais próximo do Jinyoung o possível. - Não enrolo pra soltar meu real intuito, sempre fui bem direto com qualquer assunto, não vai ser agora que eu vou fazer diferente. E é o Jaebeom, ele é tão direto quanto eu.

- O que eu ganho com isso? - Sorrio, sabia que ele faria essa pergunta.

- Acredita que eu perguntei a mesma coisa? - Jaebeom ri e eu balanço a cabeça negativamente, é engraçado conversar com alguém que você sabe que vai te entender mesmo se você não falar nada. Jaebeom entende até mesmo o meu silêncio, assim como eu aprendi a entender o dele. - Yugyeom disse que séria a chance de ficarmos na mesma cabana.

- Ele sabe que a gente divide o quarto, né? - Rio, assentindo com a cabeça. Jaebeom parece uma versão mais legal e não cega de mim.

- Eu disse a mesma coisa, daí ele falou que pagaria sorvete da sorveteria chique pra mim por uma semana.

- Aquela perto da escola? - Balanço a cabeça afirmativamente, todo mundo conhece a sorveteria chique, ela é, bem... chique. - Você aceitou a proposta?

- Claro que não. - Bufo, fingindo um ultraje que na verdade não existia, Jaebeom faz um barulho que demonstra sua confusão, então eu sorrio antes de voltar a explicar. - Eu disse que só aceitaria se fosse por três semanas.

- Esqueci desse seu lado negociador. - Jaebeom comenta e eu dou de ombros, fazendo pouco caso disso. Eu realmente sou muito bom negociando, sempre saio ganhando, não importa o que.

- É um dom.

- Claro, é óbvio. Mas ei, você não respondeu a minha pergunta, o que eu ganho com isso?

- O que você quer ganhar?

- No momento?

- Isso não é óbvio? - Ele ri e eu também, somos duas toupeiras, eu sei.

- Todos os M&M's que tiverem na casa por três semanas. - Eu abro a boca em completa incredulidade. Porque, como ele ousa? Falar sobre comer todos os M&M justo com o rei dos M&M's, isso sim é um ultraje.

- Mas eu amo isso, você não pode tirar os filhos de uma mãe. - Ele ri lá de cima e eu sinto vontade de tirar meu sapato e jogar bem na cara dele, mas me contenho, porque sei que não o acertaria e também porquê eu estou usando apenas meias.

- É pegar ou largar. - Nego com a cabeça, eu sou o rei dos negócios aqui, eu sou a pessoa que sempre sai ganhando. Jaebeom pode ter roubado meu coração, mas não vai roubar meus M&M.

- Te deixo ficar com todos os pacotes grandes por duas semanas, os pequenos ficam comigo. - Faço minha contra proposta, mas na realidade tanto eu quanto ele sabemos que seria isso e ponto. Eu = Rei dos negócios = Sempre ganho.

- Você promete que isso é sério e não apenas conversa furada?

- E eu já conversei uma conversa furada com você alguma vez na vida? - Ele não responde, porque de novo foi uma pergunta retórica. Empino o nariz, não perdendo minha pose. Postura é uma das virtudes mais importantes de um rei das propostas. - Prometo que você fica com todos os M&M dos pacotes grandes, não é mentira dessa vez.

- Por duas semanas?

- O que? Eu disse uma! - Acharam mesmo que eu ficaria sem M&M por duas semanas? Qual é, eu não sobreviveria nem um dia.

- Você disse duas, eu tenho gravado.

- Me mostra então.

- Não dá, foi gravado no meu cérebro. - Reviro os olhos mais uma vez, Jaebeom está só enrolando, ele já aceitou a proposta, aceitaria mesmo se eu dissesse que ele não vai ganhar nada.

- Uma semana, essa é minha proposta final.

- O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando, né? - Viram só? eu disse, eu sempre ganho. - Tudo bem, eu topo, Jinyoung e eu vamos ficar na mesma cabana que vocês.

- Sabia que você seria sensato. - Sorrio vitorioso e me preparo para ir embora, feliz com minha nova conquista, porque é muito bom ganhar. - A propósito, a coisa que você está procurando está em uma caixa escrito "coco filhote".

- Por que o saco de dormir do seu pai estaria em uma caixa com coisas da coco?

- As coisas na caixa são do meu pai, escrevemos que eram coisas da coco só pra ter certeza que nunca jogariamos fora por engano.

- Vocês jogariam uma caixa com as coisas do seu pai, mas não as da coco? - Ele parece indignado, mas eu apenas dou de ombros antes de voltar a andar em direção a sala.

- Óbvio, é a coco.