O frio da manhã o fazia arrepiar. Só conseguia se lembrar de uma pessoa que conheceu em sua vida que gostava de sentir o frio percorrer o corpo, e não se importar em sentir o corpo esfriar.
O palácio estava quieto e ninguém o veria sair. Ninguém via, e nem deveria. Ninguém comentaria se visse.
Pegou Max, seu cavalo de batalha. Que nome daria para um cavalo? George? Max era razoável.
A floresta estaria calma para pensar. E ele precisava daquilo, naquele momento. Os caminhos que estava seguindo estavam bons, mas ele sabia que iriam desandar logo. Queria refletir e ver se chegava a alguma conclusão sobre o que fazer.
Max estava calmo, foi bem alimentado na noite anterior. Ao chegar à clareira, o sol começou a nascer. Sabia que só tinha algumas horas para ficar e logo teria que voltar e fingir que teve uma ótima noite de sono.
O som de galhos secos e folhas chamou sua atenção. Ele estava sendo seguido. Colocou a mão para puxar a espada da bainha. Em um relance de luz pode ver uma sombra passar para trás de uma árvore frondosa. Em passos lentos se aproximou por trás da árvore e pode ver quem estava ali, apesar se seu rosto estar virado, ele já sabia quem era. Tirou lentamente a espada da bainha e a direcionou ao seu encantador alvo.
Ao ela se virar, ele pode ver seu rosto. Ah! Como ele odiava aquele rosto, toda aquela delicadeza não passava de uma fachada para o monstro que realmente a habitava. Ele engoliu seco ao ver que ela sorria com desdém. Ele queria acabar logo com isso e rasgá-la no meio. Mas não podia, ou tudo o que havia conquistado sendo aliado do reino vizinho viria por água a baixo. Ela tocou na ponta da espada e a abaixou.
- Você não deveria estar aqui!
- Faço o que eu quiser! Quem é você para me dizer onde devo estar ou não?!
- Posso alertar seu pai de onde a princesa está, aonde ela vem ainda pela madrugada! Espero que não esteja esperando pelo príncipe encantado. Seria muita infantil da sua parte.
- Você sabe porque estou aqui. E não acho que você mereça minhas explicações. O que você faz aqui? Não devia estar nos aposentos reais esperando para ser acordado por suas belas criadas?
- Me poupe do seu desdém! Sabe muito bem que odeio ser acordado! - colocou a espada de volta em seu lugar, arrumou suas vestes e passou a andar ao encontro de Max. - Venha. Vou te levar de volta para o castelo. Se bem que não é minha obrigação cuidar de você.
- Eu não preciso que me leve a lugar nenhum, não irei voltar agora para casa. E muito menos com você.
- Seja como desejar.
Montou no seu cavalo e passou a cavalgar de volta para o palácio. Estava cheio de ódio. Não havia sido boa sua ida a clareira. Pelo contrário, agora estava nervoso. Apesar de não conter gritos dessa vez, sua conversa fez com que seu coração acelerasse e tirasse o foco do que ele queria. Estava arrepiado como um gato quando vê um cão. Queria joga-lá de um precipício. E acabar com esse briga de cão e gato de uma vez por todas. Ele não tinha mais seus quinze anos e agora já havia sido coroado rei. Não tinha tempo para isso. Mas ela insistia em toda vez que o via. Ser a pessoa mais insuportável que Deus já criou. Amarrou Max com cuidado e silenciosamente entrou na cozinha. Precisava tirar ela da mente e se concentrar. Acabar com aquilo que o estava atrapalhando de verdade.
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Your Inner Beauty
FantasyOnde ela conseguia sentir o que tocava. Tudo sentia e tudo conectava. Ela respirava o que ela mesmo havia colocado ali. Ele sentia. E ela fazia com que ele sentisse mais forte que os outros. O ódio não estava ali para separa-los, mas para os juntar...