Peter acordou tarde, já passando das dez da manhã. O último CD que Nanna colocou para tocar na noite anterior ainda tocava; "Love Love Love" ecoava pelas paredes do quarto. "Você ama, ama, ama quando sabe que não pode amar".
-Muito obrigado, Of Monsters and Men, por me saudar com essa mensagem de motivação.
Se levantou da cama com o maior cuidado possível para não acordar Nanna. Desligou o aparelho de som e foi até a escrivaninha, onde estava seu celular, e viu as quinze mensagens de Lolita White, a menina mais rodada que ventilador no verão.
Peter deu alguns beijos na garota, e apertou seu peito sobre a camisa do colégio. Só havia feito isso porque Lolita o chantageou, dizendo que contaria para a escola inteira que ele tinha clamídia se não ficasse com ela. Obviamente, o garoto não tinha clamídia. Mas não seria legal a escola inteira achar que ele tinha. Porém, o que Lolita queria na verdade, era contar para suas amigas que ela ficou com Peter Demarco.
"oi gato, meus pais não tao em casa rs
[...]
pq vc não me atende???
MEU QUERIDO EU TO QUERENDO DAR PRA VOCE ATENDE ESSA MERDA
[...]
acho que vc deve ta dormindo
é uma boa hipótese"
Peter revirou os olhos ao terminar de ler as mensagens, e se virou, vendo Nanna acordar. Seu cabelo estava bagunçado, e ela tinha uma leve olheira debaixo dos olhos.
-Você fica bonitinho sem óculos. – Ela disse, com a voz um pouco rouca.
Foi então que Peter percebeu que estava sem seus óculos pretos e estava vendo um borrão em sua frente. Não tinha ideia de como conseguiu enxergar a garota. O menino foi até a cômoda do lado da cama e pegou seus óculos, e os colocou em seu rosto.
Ele olhou primeiro para Nanna, depois para a janela, Nanna, janela. A garota também olhou para a janela e viu o que Peter estava vendo: neve, branca e pura, caindo do céu.
-Guerra de bola de neve? – Perguntou.
-Guerra de bola de neve.
Um sorriu para o outro, e foram correndo para fora de casa até o jardim da frente. Cada um fez, rapidamente, seu forte e sua munição, e a guerra começou. Naquela hora, não havia amizade nem amor: era cada um por si.
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Duas horas depois, os dois amigos se jogaram na neve e começaram a fazer anjos com os braços e pernas; estavam muito cansados para guerrear. Nanna ganhou a guerra com muito esforço, suor e até um pouco de sangue, pois achou que seria clichê demais deixar Peter ganhar.
As barrigas deles começaram a roncar e decidiram entrar novamente dentro de casa. Foram direto para a cozinha; na porta da geladeira havia um post-it colado escrito pela tia da garota, dizendo que só voltaria tarde da noite. Nanna fez chá para ela e chocolate quente para Peter, o que a garota achou um pouco infantil: um menino de 16 anos que insistia em tomar chocolate quente em dias frios.
A bebida dos dois ficaram prontas e foram até a sala de estar, e se sentaram nos sofás. A sala era pequena, com dois sofás de couro preto e um rack com uma televisão de tela plana. Em uma das paredes azuis, várias réplicas de pintores como Gauguin, Frida Kahlo, Van Gogh, Toulouse-Lautrec, Munch e muitos outros estavam penduradas.
Peter e Nanna olhavam para as pinturas, vidradas, enquanto se aqueciam com suas bebidas. Durante a observação, Peter disse:
-Estou com fome. Vamos pedir uma pizza?
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Little Trouble Girl, Little Trouble Boy
Подростковая литератураNanna Mars nunca teve amigos. Nunca. Nem ao menos um. Já teve alguns namorados, mas nunca alguma "melhor amiga para quem pudesse contar tudo e chorar vendo comédia romântica de madrugada". Não tinha realmente reparado em Peter, até que ele começou a...