Único

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Naquela noite de terça-feira, Iguro estava ocupado com um trabalho extremamente exaustivo da faculdade; e mesmo com sua atenção voltada para a tela do notebook, ele percebeu que sua esposa estava mais agitada do que de costume. Mitsuri, vez ou outra, aparecia para ver o que o marido estava fazendo. Depois de repetir esse ato algumas vezes, sentou-se na poltrona ao lado balançando freneticamente os pés a cada gargalhada boba de coisas banais na internet que via no celular.

Em algum momento, Mitsuri se cansou do celular e de ficar solitária em um canto. Ela queria atenção! Não demorou para o moreno sentir ela repousar seu queixo no ombro dele e encarar, com uma atenção incomum, a tela luminosa do word aberta e repleta de textos de português rebuscado. Obanai nada disse, sequer desviou o olhar do trabalho.

— Oba-chan, vai demorar muito? — Disse dengosa, fazendo um biquinho.

— Sim. — Disse apenas, não era de muitas palavras, afinal.

— Poxa... — Lamentou-se. Só queria a atenção do marido, seria pedir muito? — Você deve estar cansado e com fome, eu vou fazer uma comida para você.

— Certo. — Ele sorriu para sua amada.

Saltitando, ela foi para a cozinha. Pouco tempo depois, a rosada voltou com dois sanduíches e uma xícara de café amargo, do jeito como sabia que ele gostava, pois era o seu vício. Colocou o prato sobre a mesa, ao lado do teclado, e deu um beijo demorado na bochecha dele.

— Aqui está! Não se esqueça de comer.

— Obrigado, logo irei terminar, não se preocupe.

Mitsuri sorriu radiante e abraçou o marido por trás, afagando as mechas negras como se fizesse carinho em um filhote de cachorro.

— Mal posso esperar por amanhã! — Disse animada, então saiu do cômodo toda alegre.

Iguro encarou as costas da garota até ela sumir ao passar pela porta.

Sim! Definitivamente, ela estava estranha, muito animada que o habitual — não que ela não fosse, mas durante o dia todo estava muito alegrinha. Iguro estranhou. Por que Mitsuri estava tão animada com amanhã? Não seria apenas uma quarta-feira comum que se resumia a trabalho e faculdade como normalmente era?

Bem, agora estava muito ocupado com o trabalho para questionar e pensar em algum motivo plausível para tal comportamento.

Os olhos heterocromáticos fitaram o sanduíche. Conhecendo bem sua esposa e o gosto excêntrico por comida que possuía, podia afirmar, antes de provar, que estava horrível — afinal, ele nunca gostou de doces e Kanroji exagerava demais na Nutella, açúcar e doce de leite. Chegava a ser enjoativo. Contudo, ele não se importava nem um pouco em comer a comida dela, pois sendo Mitsuri que havia feito, com todo o amor e carinho, Iguro não reclamaria. E não era como se ela possuísse culpa, nunca disse que não gostava da combinação preferida da esposa.

Deu uma mordida e um gole do café, e voltou para o trabalho. Parecia que estava ficando imune às comidas açucaradas que ela preparava. Já era hora!

Iguro só foi para a cama tarde da noite, Kanroji já estava adormecida. Ele observou sua amada dormindo tranquilamente, como um anjo inocente, antes de deitar ao seu lado, abraçá-la e dormir de imediato devido ao cansaço. O dia seguinte seria longo e estressante.

Às seis da manhã, ele acordou e surpreendeu-se por Mitsuri não estar ao seu lado; ela era a mais preguiçosa da relação, impossível não ficar surpreso. Colaborou ainda mais com a desconfiança dele, mas como tinha coisas mais urgentes para resolver, relevou o fato incomum. Decidiu que lidaria com isso mais tarde, pois agora teria que ir para o trabalho e depois faculdade à noite, apresentar trabalho e fazer prova.

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⏰ Última atualização: Apr 16, 2020 ⏰

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