Capítulo 6

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As vezes dá preguiça na areia movediça
Quanto mais eu mexo mais afundo em mim

- Coisas que eu sei, Danni Carlos

Sofia Adams - Março, 2012

Era engraçado como em qualquer lugar que fosse eu soubesse encontrar o caminho do álcool como ninguém. Acho que meu corpo farejava a bebida, como um super poder. Eu era a Super Bêbada.

Credo, acho que já estava surtindo efeito.

Olhei para o lado e vi um cabelo loiro muito familiar, aparentemente Anne farejava o cheiro da diversão só para poder interromper. Ela era a Super Certinha.

- Meio cedo para beber, não acha? - Perguntou Anne sentando ao meu lado no bar.

- Meio cedo para sermão, não acha? - Devolvi e em seguida tomei mais um gole do meu copo. Anne comportada como sempre pediu um suco de laranja.

- Soso, são onze e meia da manhã, o que você está fazendo? - Perguntou.

Suspirei.

- Eu tive um pesadelo. Esse lugar traz lembranças demais - Sussurrei esfregando meus braços. Dizer as palavras em voz alta só tornava tudo mais real.

Após um minuto de silêncio em que Anne olhou atentamente para os vergões em minha pele, ela se manifestou.

- Entendo - Respondeu. E então permanecemos em silêncio. Anne me deixou beber mais um pouco, o suficiente para eu ficar mais leve, mas não o bastante para que eu estivesse bêbada.

- Tenho planos para o nosso dia, vamos - Me chamou após meu último gole.

Revirei meus olhos.

- É claro que tem.

Subimos e tomamos um banho, o clima quente estava fazendo com que a roupa grudasse no meu corpo sob o sol de meio dia.

Saindo do elevador pude ver homens trabalhando na reforma do saguão para lá e para cá, pela primeira vez fiquei grata pelos planos de Anne, assim todo aquele barulho não faria doer minha cabeça levemente embriagada.

Anne, Tom e eu fizemos um pouco de tudo ao longo do dia. Na última vez que estivemos aqui, como jovens em uma típica viagem de libertação do colegial, nosso objetivo era curtir ao máximo. Hoje aproveitamos o dia para realmente conhecer a cidade. Vegas era barulhenta, abarrotada de gente, com luzes por toda parte e diversão a cada esquina. Em minha juventude eu a tinha achado bonita. Era a cidade do pecado afinal, e quando o pecado não era bonito?
Hoje, era difícil enxergar beleza em qualquer coisa, especialmente em um lugar que reabria várias de minhas feridas.

Foi em uma de nossas paradas que meu coração acelerou.

- Oh meu Deus, Tom vem cá - Gritou Anne - Você lembra? - Perguntou apontando para sua frente.

Tom riu horrores olhando para a infame fonte onde ele caiu anos atrás e depois todos nós acabamos entrando.

- Como não? É uma velha amiga - respondeu Tom acariciando a beira da fonte como se fosse um cachorro. Eles estavam absortos demais olhando o monumento e se lembrando daquela noite para notarem meu estado paralisado.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora