1- Conto de fadas

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Eu sabia exatamente quem Natasha era, confesso que não foi de imediato ao por meus olhos nela naquela praça. Linda, confiante, animada e muito distante da menina que eu via nos corredores da escola.
Tão jovem  tão retraída e de alguma forma tentava se apagar se tornando mais uma no interminável aglomerado de uniformes que andavam pelo corredor. Ela sempre estava lá, em algum canto, seus olhos castanhos curiosos e inocentes. talvez achasse que era discreta, mas eu sempre sabia que ela estava por ali e seus olhos estavam em mim.
Eu já tinha 17 anos e ela provavelmente treze ou quatorze.
Eu tinha namorada e eu não podia ser prepotente e "acusa-la" de realmente está olhando para mim.
Até o dia que ela chegou bêbada de vinho, confessando o que eu desconfiava e aí sumiu.
Eu a procurei nas redes sociais, vasculhei o colégio mas ela sumiu.

Não esperava que três anos depois eu estaria me vestido para encontra-la novamente. Agora ela tinha dezessete, minha idade quando a conheci.
Eu sentia que ela passou por coisas de mais, coisas que não estava disposta a me contar, mas seus olhos pareciam pedir algo. Mas o quê?
Eu preferi dar tempo, passar confiança que eu estava aqui para ela e não pretendia ir embora.
Depois daquela noite não tinha um dia que a gente não conversasse, todas suas loucas teorias e meus objetivos de vida que ela ouvia pacientemente.
Hoje era nosso segundo "encontro", era divertido pós ela sempre decidia para onde iríamos e o que faríamos.

Dessa vez eu fui o segundo a chegar, ela estava com um vestido vinho com detalhes discretos na frente, a roupa marcava dua silhueta, dando destaque a sua fina cintura e descendo solto até o joelho. Os fios longos e escuros soltos e um olhar distante focado no livro.
Eu nunca a via sem um livro.
Toquei seu ombro desnudo sentindo sua pele bronze macia. Ela erguei o olhar, uma expressão dura que logo se suavizou a notar que era eu.

- oi, você.- Falei com um sorriso discreto, mas contente como sempre ficava ao vê-la - Está aqui a muito tempo?

- olá, você.- Ela responde no mesmo tom, um tom amigável e cúmplice de uma piada interna reconhecida. - não, cheguei a pouco.

Ela responde e se levanta. Agora de frente para mim, ela abraça meu pescoço e eu abraço sua cintura apertando seu corpo contra o meu. Inspirei o aroma que parecia manga de seus cabelos macios, sentindo aquele estranho clima se evaporar.
Um sinal que não havia arrependimento do nosso último encontro e sim certa saudade.

- Vamos, tenho um novo lugar pra te levar.

Ela anuncia com um discreto sorriso, um sorriso que eu não consigo bem decifrar. Mordi o interior dos lábios e caminhei com ela.
Dessa vez andamos bastante, até que ela entrou em uma rua cheia de casas, talvez fossemos pra casa dela mas para quê tanto suspense?

- Preciso pegar algumas coisas, não demoro.

Ela diz e me deixa sozinho em um portão azul, eu mexi no celular olhando algumas mensagem e então ela logo está de volta, bloqueei o aparelho e guardei novamente. Ela estava com uma bolsa de pano grande pendurada no ombro.

- E agora, qual o plano?

Questiono curioso. Natasha era toda misteriosa, a minha curiosidade parecia anima-la. A morena não responde, apenas faz um sinal com a cabeça e volta a andar pela rua voltando para a esquina que entramos. Mas envés de virarmos a esquerda seguimos reto.

- Eu te mostrei meu lugar favorito, agora vou te mostrar o segundo.

Ela fala como quem da de ombros, seu semblante era confiante e isso de certa forma me fazia confiar nela. Uma garota centímetros mais baixa, kg mais leves e menor de idade. Não era pra eu passar confiança?
Ela para em uma rua, na nossa frente tem um orto cercado por muretas baixas e um portão de ferro envelhecido.

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2020 ⏰

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