Capítulo 14

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•••DENVER•••

Passo a semana inteira querendo me encontrar com Summer, mas a tarefa se torna impossível. Faço até pequenos intervalos de espera pela manhã no estacionamento do Hamlest e nada. Algumas caminhadas pelo res do chão do SEA no horário de almoço e nada. Chego até a conversar mais um pouco com Enzi, para quem sabe, conseguir arrancar alguma informação da irmã e nada.
Desde que a tirei na terça do restaurante e a levei para comer os pães de leite e a introduzi a melhor pizza, ela simplesmente sumiu. Não a encontro em lugar algum.

Devo tê-la assustado com meu convite para jantar. Devia ter esperado mais um pouco. Um talvez muito. Estou tentando conquistar sua amizade, era importante ser prudente, mas não fui. E já é sexta-feira, sete da noite e nenhuma resposta visto que só me daria se cruzassemos de novo. Suspiro me dando por vencido e vou arrumando meus pertences. Chegar a minha casa e esquecer é a melhor opção, mas como esquecer a textura da sua mão na minha? Como esquecer seu entusiasmo na pastelaria e seus movimentos delicados jogados com um sorriso singelo de vez em quando? Como esquecer ser seu abrigo mais rápido em seus momentos de vulnerabilidade?

Jamais poderia imaginar que Summer tivesse pavor de multidões. Ela me parece alguém tão segura de si, tão flexível e tão irritante as vezes. E aquilo era algo sério. Sei disso porque convivo com uma psicóloga e alguma coisa absorvo nesses convívios. Talvez ela precise de ajuda, talvez ela precise de apoio.

Coloco a pasta no ombro e tomo o elevador. Enquanto conduzo para casa, decido passar na pastelaria e recolher pães. Encontro frescos e levo com a garrafa de sumo. Isto me lembra dela o trajeto todo. Estaciono no Hamlest e tomo meu celular. Tenho seu número, mas não quero ser invasivo ao ligar. Olho a tela, olho mais e finalmente me dou por vencido e ligo. O celular chama, chama e chama mais um pouco. A primeira ligação termina sem nenhuma resposta e a segunda que faço é atendida de imediato. Não é Summer, a reconheceria pela voz se fosse.

— Posso falar com Summer?

— Infelizmente não, a senhorita Baakir está descansando, mas pode deixar o seu recado.

— Ela está doente ou algo assim?

— Não doente propriamente, apenas um leve incómodo. O senhor quem é?

— Denver, — falo, mas logo emendo — um amigo.

— Está bem senhor Denver, seu recado?

— Diga apenas que liguei quando ela acordar. E se puder levar algo que tenho para ela, eu estou no estacionamento.

— Do Hamlest? — Murmurro um sim. — Está bem, um momento.

Encerro a ligação e desço do carro aguardando a funcionária. Logo uma mulher saí do elevador e eu aceno para que venha até mim. Entrego a sacola com as comidas, ela agradece e nos despedimos. Tomo um outro elevador e chego a cobertura mesmo a tempo de cruzar com meus pais. Dessa vez eles estão entretidos na minha cozinha com meu cachorro. O mesmo logo que me vê, corre até mim e late. Faço carinho em Yeti enquanto os encaro.

— De novo? — Meu tom não é contagiante.

— Oi filho, já que estava há dias que não nos víamos e como seu pai e eu estávamos na vizinhança decidimos te fazer uma visita — minha mãe diz. Passo por ela e vou até a geleira levar água. — Então, como vai o trabalho?

— Bom — respondo secamente. Não havia necessidade de uma visita, eu ligo para ela todas as manhãs como nosso combinado. E ainda esta manhã tínhamos falado.

— É só isso? Nenhuma novidade? — Se curva sobre a bancada e quando olho para meu pai, ele dá de ombros.

— Acerca de quê?

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