Capítulo 46

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Augusto e na foto acima, Lizandra

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Augusto e na foto acima, Lizandra.

A porta do quarto abriu e Dany, que revirava as bagagens, vestindo apenas o conjunto branco de lingerie, atrás de uma roupa confortável para usar, nem precisou virar a cabeça para saber de quem se tratava. O perfume inconfundível de Vítor tomou o recinto e ela sentiu o calor do corpo forte dele em sua pele e seus braços lhe envolvendo deliciosamente por trás.
___ Mais tranquila agora? - seus lábios pousaram em seus cabelos.
___ Sim. Alice amoleceu o coração do padrinho. - respondeu com um quê de graça na voz.
___ O velho não é bobo... - ele cheirou seus cabelos.___ sabe que se quiser ter a neta por perto, terá que aceitar a mãe dela também.
__ Isso quer dizer que se não houvesse nossa filha eu não seria bem vinda de volta? Ele te falou isso?
__ Não! Ele está encantado com Alice. Acredito que se aparecesse sozinha, ele ficaria muito bravo, mas acabaria cedendo. Acabei de relembrar  ao meu pai e acrescentar mais alguns  detalhes das atitudes de Celeste com você quando estava aqui. Sabia, que ele depositava na conta dela todo mês, o dinheiro para pagar suas despesas do curso que fazia? Ficou surpreso quando relatei que você desistiu por falta de dinheiro e tempo. Ela mentiu, dizendo que você não quis mais frequentar o curso!
___ Não o culpo por acreditar nela. O padrinho nunca parou muito na fazenda. Sempre envolvido na política... Nunca parou para saber sobre meu bem estar. Confiava e confia cegamente em Celeste.
___ Pois é. Mas agora, ele já sabe. Hoje ou amanhã vamos conversar com ele, mas não quero que fique nervosa com isso. Augusto está bem acessível...mudou bastante depois do enfarto. Considere, além de mim, Alice, como sendo uma proteção dentro desta casa.
Não sei, mas as coisas ao que me pareceu, não andam muito bem entre eles dois.
Dany se virou, correndo os olhos atrás da escova de cabelos. A pegou num compartimento da nécessaire.
___ Como assim? - juntou as sobrancelhas, passando a escova ao longo dos fios brilhantes. ___ Como conseguiu observar tanto em apenas duas horas?!
___ Nada como uma boa bebida para arrancar coisas trancadas dentro de um coração. Embora, estivéssemos com as crianças na sala, conversamos. Celeste faz quase 60 dias que está em Porto Alegre. Foi para lá, depois de uma discussão... Meu pai falou que está pensando seriamente em mudar de vida.
___ E acha que isso envolve Celeste ou a política?
___ Celeste. A política é a vida dele. Acho que vamos dar um empurrão nas decisões dele, depois que souber onde e no que, a esposa está metida.
Danyelle suspirou com a escova nas mãos e Vítor acariciou seu rosto.
A conversa era, sem dúvida, para tranquilizar. No íntimo, Dany sabia que seria uma bomba sobre a cabeça do padrinho e em sua reputação política. Ela indagou para se certificar:
___Trouxe os relatórios dos detetives?
___ Sim, estão no fundo da minha mala.
Abriu o zíper da mesma para mostrar debaixo de algumas camisetas, o envelope onde se lia em letras vermelhas "Dossiê". Ela balançou a cabeça afirmativamente e soltou a escova passando a mão na calça jeans e no moleton que havia separado, os deixando em cima de uma cadeira, concluindo:
__ Celeste está há tanto tempo longe ...deve estar tratando dos negócios escusos dela. Agora, faz todo sentido as viagens que fazia todo mês.
Vítor ajeitou alguns travesseiros e se atirou no colchão, cruzando as pernas, escorando o corpo na cabeceira estofada da cama.
___ Usava a desculpa de visitar Priscila e a irmã que nunca chegou a nos apresentar. Agora, sabemos o porquê.
___ O padrinho não é bobo, Vítor. Acha que ele desconfia de algo?
___ Ele me disse que são problemas normais de um casal, mas não sei... Talvez, ache que se trata de traição essas saídas dela. - estendeu os braços, num convite para que ela se achegasse pra junto dele.
___ Lizandra e meu pai... - pausou por alguns instantes. ___Notei algo diferente nele. Quando ela entrou na sala, foi como se seu rosto se iluminasse... A filha de Rute está bem diferente. Não me lembrava dela assim tão segura...tão... - pousou os olhos azuis em Dany. ___ ...bonita!
___ Acha que eles ... - sorriu, deitando ao sei lado e se aconchegando em seu abraço.___ Se o padrinho se apaixonasse por outra mulher, seria uma benção!
___ Não sei, - riu.___mas o velho Augusto tá estranho...Só vi ele assim quando minha mãe era viva. - Vítor pegou a mão dela e entrelaçou entre seus dedos, fechando os olhos.
Dany comentou casualmente em voz baixa.
___ Rute me disse que você dormia no meu antigo quarto quando vinha para cá...
Ele esboçou um leve sorriso no canto da boca e Dany sentiu seu peito se mexer com a respiração profunda.
___ Era o único jeito de te ter por perto quando cada canto deste lugar me lembrava você. Aquela cama tinha o nosso cheiro impregnado.
Vítor a apertou carinhosamente e cada um ficou imerso em suas lembranças.
Foram despertados por leves batidas na porta e a voz de Nanete os avisando que o almoço seria servido dentro de meia hora, o que os levou a se apressarem.
Dany tomou uma ducha rapidamente, apesar das investidas e carícias de Vítor dentro do box, tentando fazer com o desejo a dominasse. Logo que saiu do banheiro, se vestiu e deu uma olhada em si mesma, no espelho. O rosto corado, não carecia de maquiagem nenhuma para ficar bonito. Virou a face, se olhando de perfil, pensando:
"Talvez, apenas um batom claro e um rímel para destacar ainda mais os cílios."
Soltou os cabelos e os escovou novamente, enquanto Vítor desfilava atrás dela nu.
A imagem a deixava excitada. Vítor era um homem e tanto! As gotículas de água brincavam pelo peito de musculatura modelada, ao mesmo tempo que a toalha enxugava seus cabelos. Elas desciam lentas se acabando no abdômen bem formado. Dany acompanhava seus movimentos e o trajeto das gotas desavergonhadamente, e seus olhos se encontraram no reflexo. Vítor, com um trejeito no canto dos lábios, adivinhando o que se passava em sua cabeça, sustentou o olhar por um tempo, o que fez Dany sentir um frenesi em seu íntimo. As duas safiras tinham um poder inimaginável sobre seu ser. A intensidade do azul queimava em sua pele e ambos sorriram em cumplicidade. Por fim, a razão falando mais alto, eles acabaram de se arrumar e saíram para fora do quarto rindo e conversando. Estavam felizes mais do que nunca.
Entraram na sala onde normalmente faziam as refeições. Poucas coisas tinham sido mudadas ali. Um quadro novo, um jogo de chá de porcelana rosada em exibição pelo vidro da cristaleira colonial...
As lembranças dos dias, em que sonhava com apenas um sorriso da parte de Vítor para ela, bateram em sua mente. Era inacreditável, que agora, estava sentando à mesa como sua noiva.
Augusto à cabeceira, se levantou para recebê-los, ao mesmo tempo que Bruno também fazia o mesmo.
À mesa, também estavam Diana e Lizandra, que esboçou um sorriso ao lhe ver, saindo de seu lugar para lhe cumprimentar com dois beijos, um em cada lado do seu rosto.
___ Como vai, Danyelle? Nossa como você está diferente! Eu diria que está linda!!
Dany olhou a mulher de cabelos castanhos claros e cacheados, presos num coque solto, de onde alguns fios se desprendiam, dando um certo charme e constatou que assim como Vítor havia dito, realmente, ela estava muito mais madura. Alta, de corpo bem feito, gestos delicados e com os traços que lembravam Rute. Lizandra exibia um sorriso simpático, que a deixava ainda mais atraente e a idade foi um pouco abafada pelas roupas joviais e acessórios modernos, a deixando mais jovem. Evidentemente que tinha se esmerado para o almoço.
___ Obrigada, Lizandra? Faz tempo mesmo que não nos víamos.
___ A última vez que estive aqui, você era uma menina!
___ E você também mudou, meu noivo comentou comigo que você está muito mais bonita.
___ Bondade dele! É que Vítor está feliz, por isso enxerga beleza por todos os lados. - ela brincou.
___ Bem não queria me meter na conversa, mas como fui citado, eu concordo que estou num momento muito bom da minha vida, mas vou voltar a te elogiar, Lizandra...O tempo só te fez bem. - buscou o pai em indagação.___ O senhor concorda, pai?
Augusto sorriu.
___ Concordo com tudo o que foi dito e assino embaixo!
Vítor puxou a cadeira para que Danyelle se sentasse ao lado da babá de Enzo.
A ausência de Celeste era sentida, apenas pelo lugar vazio à direita da cabeceira da mesa, o que justificava a presença dos outros ali. Celeste jamais admitiria sentar-se com empregados na mesma mesa para dividirem uma refeição.
Diana ao ser indagada, avisou que Nanete preferiu almoçar com as crianças, Rute e Alan, na cozinha.
Vítor piscou para Danyelle, ambos sabendo o porquê dela preferir sentar à mesa com Alan. Augusto comentou:
___ Pedi que Rute assasse uma carne de ovelha no forno e também fizesse um peixe. É semana santa e eu ligo para essas tradições, mas certamente, alguns de vocês não. Portanto, quis agradar a todos.
___ Deus, quantas noites sonhei que comia isso, carne de ovelha assada! - Dany exclamou. ___ Churrasco, então, nem se fala!
Lizandra riu, bebendo um gole da taça de água a sua frente.
___ Lá em Minas, por mais que se esforcem, nunca consegui comer nada parecido com um churrasco gaúcho. Em São Paulo, tem muitas churrascarias, não é mesmo?
___ Sim, mas carne feita em churrasqueiras elétricas, não é a mesma coisa que assada na brasa, como é na tradição gaúcha.
Augusto bateu a mão de leve na mesa.
___ Pois domingo, todos poderão apreciar um bom churrasco à moda gaúcha! Os peões carnearão uma novilha sábado. Vamos fazer um grande almoço em família e também com os empregados que moram aqui na fazenda, como é nossa tradição desde que meu avô comprou essas terras!
A conversa trivial foi interrompida por Rute, que adentrava com a enorme travessa de carne, já com alguns pedaços cortados. O aroma tão conhecido e a aparência crocante do assado, de repente fizeram Dany encher a boca, com um enjôo.
Desviou os olhos do prato, um tanto pálida.
Vítor sentado a sua frente, foi o primeiro a notar.
___ Está bem, Dany?
Ela sorriu sem jeito, fechando os olhos. A aparência do prato e o cheiro da gordura simplesmente lhe eram insuportáveis.
Rute pousou as mãos em seus ombros, exclamando:
___ Está mais branca que essa toalha!
Dany tinha todos os pares de olhos em cima de si.
Vítor levantou e fazendo a volta na mesa, parou ao seu lado. Passou a mão em seu rosto, que suava, embora não estivesse fazendo calor no local.
Ela ainda tentou sorrir, um pouco tonta.
___ Acho que tive uma queda de pressão...não sei... ou fiquei muito tempo sem me alimentar... acabei deixando de tomar o café da manhã. Saímos cedo demais e não consigo comer nada logo que levanto ultimamente.
Augusto a encarou preocupado.
___ Pode ser isso mesmo. Vocês jovens não se importam em se alimentar direito.
Lizandra alcançou um copo com água a Vítor.
___ Beba um pouco. - ele pediu.
Dany aceitou, porém não conseguia olhar a travessa a sua frente.
Rute a retirou levando mais para a ponta da mesa adornada com a toalha de linho branca.
___ Talvez... Será que vem um bebê por aí? - foi direta, arrancando sorrisos de todos.
Dany se apressou a explicar.
___ Imagina, estou em dia. Já senti isso outras vezes!
Augusto franziu a testa.
___ Então o melhor é investigar. Se bem que ficaria muito feliz em ter mais um neto. Esta fazendo está precisando de alegrias ultimamente.
Dany bebeu o resto do líquido transparente do copo que tinha em mãos. O enjôo assim como veio, foi embora.
___ Vítor também quer mais filhos, mas quero dar um rumo certo na minha vida primeiro.
___ Mas se estão noivos, sem dúvidas que querem casar! Quer mais rumo certo que isso?- o padrinho comentou.
___ Danyelle quer terminar o curso de dança dela, pai. Não se preocupe, o senhor terá mais netos. Ainda mais que como o senhor já sabe...- pausou, o assunto era delicado. ___ que estou deixando a política...
Augusto o encarou sério, criando uma certa tensão em todos à mesa. Vítor voltou a se sentar, servindo uma taça com vinho tinto.
Augusto se manifestou.
___ O partido já me avisou da sua renúncia...Mais tarde vamos conversar direito sobre isso. Não vamos lavar roupa suja na frente das pessoas. Por favor, me sirva um pouco desse vinho! - pediu, aliviando o ar pesado que se instalou por ali e Vítor obedeceu.
Lizandra para cortar um pouco aquele clima, mudou o rumo da conversa indagando Danyelle sobre o curso que estava fazendo na faculdade e seus objetivos depois de formada.
Por algumas vezes, Dany notou o olhar do padrinho brilhando ao escutar a filha de Rute dissertar sobre suas experiências e expectativas acadêmicas como docente de uma Universidade Federal e o assunto logicamente, acabou caindo na política e nas várias formas de como a educação estava sendo gerida pelo atual governo.
Dany, por fim, empurrou o prato, satisfeita com a refeição que acabou sendo apenas as saladas e uma pequena posta de peixe deliciosa, temperado pelas hábeis mãos da sua velha amiga, cozinheira da casa. No entanto, não dispensou a porção do pudim de leite, que a mesma serviu logo após o almoço.
O café foi servido na varanda. Dany e Diana se encarregaram de coar e trazer até o lugar onde o padrinho costumava ficar.
Ela alcançou uma xícara a Augusto e outra a Vítor e parou para admirar as crianças brincando com Nanete e Diana no gramado em frente, à sombra de uma frondosa Figueira. O soninho da tarde ainda não havia chegado, mas não demoraria muito para acontecer se bem os conhecia.
Sua atenção se voltou à pergunta de Rute, que a deixou praticamente sem jeito.
___ No que trabalhava em São Paulo, Dany?
Ela buscou Vítor em ajuda.
___ Quando encontrei Dany, ela trabalhava numa lanchonete, na rodoviária, Rute.
___ Que estranho...- o padrinho falou calmamente.___ o detetive nunca tê-la achado lá?! A rodoviária não é assim tão impossível de se achar alguém...
Vítor sorveu um gole do café.
___ Então, também é sobre isso que ambos queremos conversar com o senhor.
___ Conversaremos sim, mais tarde.- largou a xícara na mesa de vime e levantou.___ Vou descansar um pouco.
Andou alguns passos rumo à porta e parando, olhou para Lizandra.
___ Aquela aula sobre comunicação no ambiente de trabalho ainda está de pé?
___ Com toda certeza, Augusto! Descanse. Nos encontremos na biblioteca. Andei pesquisando alguns sites interessantes...depois te mostro. - ela sorriu.
___ Vou aguardar ansioso. - disse e saiu.
Rute também virou as costas, saindo, resmungando algo que ninguém conseguiu entender, embora parecesse que estava insatisfeita com a amizade de Augusto e a filha.
Danyelle seguiu a amiga, adentrando à cozinha.
___ É impressão minha...ou está acontecendo alguma coisa que você não gosta entre meu padrinho e Lizandra?
Rute se virou para responder a pergunta feita de forma tão direta. Como nos velhos tempos, as duas não tinha cerimônias uma com a outra.
___ Lembra quando eu te alertava sobre Vítor...? Que os homens só enxergam aquilo que querem ver?
Dany sentou para escutar a velha amiga, balançando a cabeça em positivo.
___ Pois é. Lizandra parece que não aprendeu... Sofreu tanto, mas não assimilou nada!
___ Rute, o que é? Eles estão tendo um caso?
___ Agora não, mas já tiveram, Danyelle!! E por isso que quando vi Vítor te cercando há três anos, eu a alertei... não queria que sofresse como Lizandra.
___ Sua filha e meu padrinho...
___ Sim, logo que a esposa dele faleceu... Vítor era um menino ainda.
A conversa foi interrompida pela chegada das babás e as crianças que já faziam manha, querendo as mamadeiras para se alimentarem e dormirem.
Dany segurou Enzo para que Diana pudesse preparar os leites.
___Porque nunca me contou sobre isso, Rute?- questionou baixinho.
___ Era um segredo que Lizandra preferiu guardar...ainda mais quando soube que ele iria casar com outra mulher.
___ Assim como aconteceu comigo e Vítor?
___ Parecido, só que Lizandra não teve a mesma sorte sua, que está feliz com sua filha viva.
O choro de Alice dispersou a conversa. Assim que pudesse voltaria naquele assunto com Rute.

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