Quase engasguei com o salgado.
- Que? Ele morreu de que? - perguntei.
- Desculpa Karen, tinha me esquecido que vocês ficavam. Eu deveria ter sido menos frio. Enfim, ele morreu com uma facada no coração. - João respondeu.
- Quem fez isso? - Júlia perguntou.
- O Bruno mesmo, examinaram a faca e o ambiente. Só tinha as digitais dele.
- Licença. - eu disse me levantando.
Fui até o banheiro, prendi o cabelo e lavei o rosto, fiquei encarando meu reflexo enquanto pensava, mas Fernanda atrapalhou meus pensamentos.
- Você tá bem? Fiquei preocupada com você. - ela disse.
- To bem sim, só que isso não é comum.
- O que não é comum?
- Seu ficante morrer.
- Sinto muito.
Fernanda tinha se recuperado bem do acidente, mas estava com um olhar bem cansado.
- Relaxa.
Fui para a aula de História, pus meu casaco sobre a camisa da escola, peguei minha mochila, e deitei nela.
Sinto uma mão em meu ombro, levanto a cabeça e vejo os olhos azuis de Marcela.
- Hora da saída, amiga. - ela disse.
- Dormi muito? - pergunto.
- Os três tempos da aula de História, mas aquela velha nem notou. - ela deu um sorriso forçado.
Marcela tinha um coração bom, tinha inveja dela por isso. Ela sempre estava disposta a tentar ajudar, animar uma pessoa.
Entretanto, as pessoas se aproveitavam da bondade de Marcela.
- Olha. - Começou Marcela. - João disse que o enterro será amanhã de manhã, sábado letivo, mas... Quem se importa? Eu vou com você. - Permaneci encarando ela, que já estava sentada em minha frente com as mãos nas minhas. - Se você quiser ir, é claro.
- Certo, verei se vou. - respondi.
- Precisa de alguma coisa? Quer sair? Beber?
- Preciso de uma carona.
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A Garota da Faca
Misterio / SuspensoSou uma pessoa de muitos segredos e, por causa deles, minha vida foge dos padrões. Sigo a tradição da minha família, que é trancada à mais de sete chaves dentro de uma casinha da Barbie. Por conta disso, se você convivesse comigo ou até se tornasse...