VENDO Á FILHA, PELA PRIMEIRA VEZ

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 - Oi, Caio!... Tudo bem com você!?... Posso...entrar!?

Marina, parecia tão desconfortável ou mais do que o homem diante de si. Fato este, que de certa forma, por incrível que possa parecer, o deixou um pouco mais calmo do que anteriormente.

Não o suficiente, no entanto, para o fazer, baixar á guarda por completo. Com esta mulher, ali presente, não podia vacilar. Pois, qualquer vacilo, poderia...vir a ser fatal.

Já tivera um exemplo no passado. Errara demais, em ter acreditado nela um dia. E não iria, de forma nenhuma, se permitir, o mesmo erro outra vez.

Os dois, não tinham a mais remota ideia, de como deveriam se comportar, um com o outro. Nem parecia, que em um passado, não tão distante assim; haviam tido, um relacionamento íntimo; cujo houvera gerado uma filha. E que existira, algum sentimento, que os unira. Mesmo que da parte dela, tivesse sido...apenas desejo.

Pareciam serem dois estranhos, que por algum acaso ou capricho do destino, estavam se conhecendo neste exato momento. E não tinham, absolutamente nada em comum, nem sobre o que dialogarem.

Após uma breve hesitação, Caio, resolveu sair da frente dela, para lhe dar passagem. E lhe redarguiu.

- Oi, Marina!... Tudo bem sim, Graças A Deus!... E com você!?... É claro, que você pode entrar!... Se sente e fique á vontade!

A mulher, assim o fez. E ao executar esta ação, ficou a admirar á casa. E achou muito bonita. Mas preferiu, nada comentar.

Não sabia pois, como deveria se portar com Caio. Ou mesmo se ele, desejava ter, alguma espécie de conversação com ela. No entanto, foi o próprio, quem retornou a falar.

- Você...deseja comer ou...beber...alguma coisa!?

- Não, obrigada!... Não creio...que alguma coisa...fosse conseguir...passar por minha garganta agora!... Pois, estou muito ansiosa para isto!

O homem, não conseguiu deixar de achar, á resposta dela e toda á situação como um todo; um tanto quanto irônica. E até teria sorrido, se ele mesmo, não se encontrasse tão tenso.

A criatura, abandonara á filha, sem nenhum remorso aparente; simulando uma falsa morte e agora, retornava literalmente do nada e parecia, mal ver á hora, de conhecer á criança. Tudo isto, poderia até ser cômico; se não fosse trágico.

Não conseguia deixar de pensar, que ela, estava a armar, mais algum novo golpe. Estava meio que apavorado, com esta proximidade que a mesma, queria ter com Nayanny.

Tinha pânico, de vir a perder, a sua filha tão adorada. Mas, não iria permitir, de forma alguma, que Marina, lhe roubasse a sua bebê e o afastasse. Ah!... Mas, não iria mesmo!

- Acredito eu então, que você...queira ir...direto ao ponto...não!?

A jovem senhora, pensou bem, no que deveria replicar. Tinha á incômoda sensação, de estar "pisando em ovos". E que qualquer palavra, mal colocada, poderia vir a ser interpretada de modo errôneo por este homem.

Ele, não parecia nada disposto, a facilitar á vida dela. Muito pelo contrário.

Dava a enorme impressão, de que quanto mais, pudesse vir a dificultá-la, mais o faria. Não poderia o culpar, todavia.

Aprontara em excesso com o mesmo. Portanto, fizera por merecer toda esta desconfiança demonstrada tão crua e visivelmente e ainda mais.

Podia ver, escrito nos olhos dele e estampada em sua face, á luta férrea, travada por ele; entre fazer, o que julgava ser o correto, que era lhe permitir, conhecer, se aproximar e poder conviver com á filha deles ou a expulsar, de uma vez por todas dali; exigindo que ela, sumisse de uma vez por todas e não retornasse nunca mais. Sinceramente, não sabia, o que ela mesma faria, se estivesse no lugar do mesmo.

Sua integridade e grandeza de caráter, se demonstrava, no simples fato, de ainda se dignar a recebê-la; mesmo depois de tudo, o que ela aprontara. Era um ser humano inigualável; sem nenhuma sombra para nenhum questionamento, de qualquer origem.

Tentando agir, com á máxima bravura, que conseguira reunir, após alguns minutos e vários pensamentos; decidira enfim, dar uma réplica. E esta, saiu em forma de uma pergunta.

- Será que eu...posso...conhecer... a minha filha...agora!?

A voz, quase não fora exposta. Pois, estava estrangulada, de tanta emoção e expectativa.

- "- MINHA FILHA"... você quer dizer!!!!!!!!!!! Afinal de contas...fui eu...quem cuidei dela...durante todo este tempo de tua "MORTE"!!!!!!!!!!!... Com os auxílios muito preciosos, de minha irmã e de meu padrinho, é claro!!!!!!!!!!!

Ela, não pôde deixar de notar, as irônicas ênfases, á expressão minha filha e á palavra morte. Porém, apesar disto, incrivelmente, não se deixou intimidar e treplicou.

- "NOSSA FILHA", Caio!!!!!!!!!!!... "NOSSA...FILHA"!!!!!!!!!!!

Preferindo não prolongar esta conversa, que certamente, iria acabar em uma calorosa discussão; Caio, somente fez um gesto, para que Marina, o seguisse. O que foi prontamente exercido.

Até que chegaram ao quarto de Nayanny. Esta, dormia tranquilamente, feito o anjinho que realmente era.

Marina, sentiu os seus olhos, se encherem de lágrimas comovidas. Pela primeira vez, estava tendo a raríssima chance, de ver a sua filha.

Caio, a olhava, sem nada dizer. Preferia, ficar a contemplando, para tentar analisar, ás expressões e reações da mesma.

Esta, desviou o olhar, por alguns instantes, da pequena criatura. E perguntou para ele:

- Posso...carregar ela...um pouquinho!?

O homem, ainda pensou em recusar. Porém, ao ver a fragilidade e expectativa, com que era contemplado, decidiu ceder.

Ele mesmo, retirou Nayanny do berço. E a colocou, com todo o cuidado e amor, no colo da mãe.

Quando esta, enfim pôde sentir em seus braços, o calor, do pequeno corpinho e aspirou, o cheiro natural, que dele emanava; não conseguiu conter á emoção. As lágrimas, rolaram em profusão.

Vendo esta cena, tão singela e bela, Caio, também não conseguiu se impedir, de ficar completamente emocionado; mesmo que á contragosto. E suas lágrimas, também desceram.

Mesmo sabendo pois, que não deveria se sentir deste jeito; não pôde se impedir de sonhar. E dentro do seu sonho, se incluía uma linda mulher e uma menininha, que era á miniatura dela; vivendo para sempre, junto com ele. E formando á família, cujo sempre sonhara.

Sonhos!!!!!!!!!!!... Doces...sonhos!!!!!!!!!!!...

Amor Além da Vida( Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora