O Colorado chora sem consolo, ele cobre o rosto com as mãos e se encolhe em uma arvore tentando se esconder enquanto seu choro diminui gradualmente ate se tornar um gemido. Seus amigos riem e então o cercam e fazem cócegas para que ele mostrasse seus olhos inchados, eles tinham acabado de roubar sua moto Honda CA72 azul celeste que era a unica daquele modelo que circulava em Vicente López. O Colorado se afoga em impotência, ele não sabe o que fazer para recuperar-la então ele implora de joelhos e depois ele corre para procurar a sua mãe Aída e logo conta a ela o que aconteceu. Ele volta com ela a porta do clube Sarmiento em Olivos.
- Se eles não devolverem a moto pro Carlitos irei à delegacia - a mulher ameaça.
Seu filho, Carlos Eduardo Robledo Puch, tem 15 anos mas parecer ser muito mais jovem. Ele é pequeninho e tem uma voz fininha o que fez com que ele virasse motivo de piada no grupo, eles o chamam de esquisitinho, afeminado, cara de mulherzinha e zombam dele porque quando ele caminha seus ombros se movem de uma maneira chamativa. Eles também zombam dele porque seu cabelo é comprido com uma grande mecha caída sobre o olho direito, "É assim que as meninas penteiam os cabelos" eles diziam. Eles não o perdoam por usar tênis e calças de marca e invejam sua moto, o Colorado diz que ela é uma das duas ou três desse tipo que existem país e eles acreditam nele "Um tio me deu", diz ele. Seus amigos suspeitam que sua avó tenha comprado, essa moto é inacessível para eles. Estamos na primavera de 1967 e a Honda é esta na moda: a marca vence em todas as competições internacionais de motocicletas e, pela primeira vez, compete com um carro na Fórmula 1. Nem todo mundo tem o luxo de pilotar uma Honda, Carlitos é privilegiado. Por isso eles roubaram sua moto para dar umas voltas perto do rio.
- Viadinho! você é uma garotinha que chora e diz à mãe que a gente te incomoda. - O gordo o repreende.
Ele devolve a moto depois de duas horas e joga a moto contra a calçada com desprezo. Quando ele descobre que a mãe do Colorado contou aos funcionários do clube sobre a brincadeira, ele fica furioso. E então ele vai pra cima do ruivo e o agarra pelos cachos e bate nele varias vezes e com muita força.
- Agora escuta aqui viado, nem pense em voltar a abrir a boca ou eu te encho de porrada de novo - O gordo o ameaça depois de dar o ultimo soco.
Desta vez o Colorado guarda suas lagrimas e não corre para contar a sua mãe que bateram nele mais uma vez mas imaginava que ela já vai saber de tudo quando olhar para sua cara machucada: nela existem mais hematomas que sardas. Ele está acostumado a espancado e zombado o tempo todo, ele não os provoca. Ás vezes quando vê que eles estão consertando motocicletas ele vai às oficinas para falar sobre corridas de carros um esporte pelo qual é apaixonado.
- Como vocês estão?
"Ai vem ele" eles diziam quando o viam chegar e outros riem de suas sardas "vai limpar essas bostas de mosca que você tem na cara" Coco diz em tom de zombaria enquanto o Gordo, Galego, Tito, Beto, Luisito e Hugo riem. O Colorado volta a tentar cumprimenta-los mas ninguém responde, estão o olhando de cima para baixo e a roupa que usa chama a atenção deles.
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𝙾 𝙰𝚗𝚓𝚘 𝙽𝚎𝚐𝚛𝚘 (𝚃𝚛𝚊𝚍𝚞çã𝚘)
Non-Fiction𝙽𝚞𝚗𝚌𝚊 𝚞𝚖 𝚌𝚊𝚜𝚘 𝚌𝚛𝚒𝚖𝚒𝚗𝚊𝚕 𝚌𝚘𝚖𝚘𝚟𝚎𝚞 𝚝𝚊𝚗𝚝𝚘 𝚊 𝚜𝚘𝚌𝚒𝚎𝚍𝚊𝚍𝚎 𝚊𝚛𝚐𝚎𝚗𝚝𝚒𝚗𝚊. 𝙳𝚞𝚛𝚊𝚗𝚝𝚎 𝚟á𝚛𝚒𝚘𝚜 𝚍𝚒𝚊𝚜 𝚝𝚘𝚍𝚊𝚜 𝚊𝚜 𝚊𝚝𝚒𝚟𝚒𝚍𝚊𝚍𝚎𝚜 𝚙𝚘𝚕í𝚝𝚒𝚌𝚊𝚜, 𝚎𝚜𝚙𝚘𝚛𝚝𝚒𝚟𝚊𝚜 𝚎 𝚊𝚛𝚝í𝚜𝚝𝚒𝚌𝚊𝚜 𝚙...