P.V. S/N
Aos poucos, o melhor sono da minha vida, era despertado pelo toque de um celular. Não se parecia com a melodia do meu, então continuei com os olhos fechados e murmurei para Bo-Ra atender.
- Alô? - Sua voz rouca e sonolenta, faz com que eu volte meus sentidos e lembrar o porquê de estarmos deitados totalmente despidos ali - Me desculpe. - Ele conversa em coreano. - Eu sei brother, mas esqueci do horário e acabei dormindo até tarde. Eu vou amanhã tudo bem? Como foi o ensaio? - A melhora do meu coreano, me fez entender a conversa e me assustar com suas palavras. Pois me recordei que também deveria ter ido a um ensaio. - Okay! Tchau !
Hoje foi o primeiro dia de ensaio na academia de dança, eu tinha ficado apenas meio período no serviço, para que desse tempo de descansar e não perder a hora. Mas minha madrugada com aquele homem me fez esquecer de tudo, e faltar no dia mais importante da minha vida.
- Eu não acredito! -Levanto rapidamente, alcançando meu celular e verificando a hora. - Meu Deus... Eu perdi o primeiro dia. - Gritava comigo mesma, em português.
- Você já acorda agitada? Está com fome gatinha? - Ele pergunta com aquele maldito sorriso irresistível.
- A culpa é sua! - Grito em coreano, o apontando. - Você me fez perder a aula!
- Você fala em coreano agora? Como aprendeu tão rápido?
- Você me ferrou! Eu deveria ter deixado você ir embora. - Digo vestindo as primeiras peças que encontro.
- O que? Você é louca? Você que começou. - Ele se irrita e altera o tom de voz, se igualando com o meu.
- Mentira! Você me beijou primeiro.
- Ah... Sim. É verdade. Mas você retribuiu. - Seu tom se acalma e fica sereno. - Não se estresse... Nossa madrugada foi incrível. - Diz com malícia. - Um dia de aula a mais ou a menos, não fará diferença. É apenas um dia.
- Apenas um dia? - Digo indignada, meus olhos enchem d'água. - Era meu primeiro dia, eu não podia faltar, porque se trata de uma bolsa de estudos. Essa é a razão para eu estar nesse país. - Dito com dificuldade já caindo no choro. - Essa era a minha oportunidade de mudar a merda da minha vida. Agora acabou.
- Eu... - Diz assustado com meu surto. - Não fique assim. Se tiver algo que eu possa fazer, me fale. Eu tenho algumas certas regalias, dependendo do caso.
- Você pode me ajudar indo embora... Se vista e saia daqui, por favor. - Digo decepcionada, me sentando no chão e deitando a cabeça nos joelhos.
- S/n... É sério, talvez eu ajude. Você não vai entender direito, mas...
- Você já me ajudou mais do que deveria está lembrado? - Dito o interrompendo. - Se vista e vai!
- Eu não acredito nisso... - Fala rindo, porém em tom de indignação. - Você me deixa louco. - O escuto, vestindo sua roupa com raiva. - Quem pensa que é? Você me leva do céu para o inferno em segundos. Eu não faço essas coisas, não ajudo as pessoas assim, não me preocupo com o resultado das minhas palmadas na cama. E garota, eu não sou expulso depois de transar. Sabe... Eu vim aqui para brigar com você. É você que é culpada por estragar minha vida, agora vem me dizer que foi eu que estraguei a sua?
- Agora estamos quites... Vá embora, por favor! Minha colega de quarto já deve estar voltando para casa, não quero ter que explicar isso.
- Mas você está...
- Por favor! - Grito.
Apenas escuto o forte bater da porta ao sair. Foi como se meu coração estivesse saindo pela boca. Sentia a crise de pânico cada vez mais próxima, meus batimentos eram altos, como o último volume da mais potente caixa de som, meus braços e pernas formigavam até doer. Já não havia respiração, apenas supetões me salvando de afogamentos, apesar de tentar me acalmar, meus pensamentos já não pertenciam a mim. Se embaralhavam e nada mais era claro ou concreto. Apenas queria gritar por ele, precisava ser socorrida de mim mesma.
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Olhando a Vida nos Olhos
RomansaQuando se está cansada de apenas sobreviver e resolve "olhar a vida nos olhos", a ansiosa S/n, se arrisca em uma nova forma de viver sua vida. Sem rumo ou um plano, por amor a dança e em busca de autoconhecimento; o destino faz com que ela esbarre...