O Halloween era a melhor época do ano de acordo com Triz. A recém médica, no auge de seus 25 anos, ia até a casa dos pais nesse feriado. Levava seu pequeno irmão Theo para pegar doces e encontrava com suas antigas amigas de colégio. Não era diferente dessa vez.
A mulher de cabelos castanhos e fios finos concordou com cada regra imposta por seus pais antes que eles saíssem para dormir fora. Ela trataria de cuidar do garotinho está noite, por esse motivo, ficaria em sua velha casa.— cowboy? sério? eu amei, Theozinho. — Disse a irmã mais velha ajoelhada no meio do corredor, observando seu pequeno irmão vestido de Woody, do Toy Story. O garoto balançava a cestinha em formato de abóbora maligna pra lá e pra cá, então ela tinha um sorriso imenso indo de canto a canto, animada com a ideia. Ao soar da campainha, tratou de se levantar e guiar o irmãozinho pelas escadas até o primeiro andar. Lá, recebeu suas duas melhores amigas, Michelle e Anny. Elas traziam suas irmãzinhas mais novas, que se falavam, mas, certamente deixavam Theo meio de lado. O rapazinho tímido não sabia exatamente como enturmar, apesar de gostar muito mais de fazer amizade com meninas, pelo que Triz já tinha percebido antes.
— qual é, sério que ela disse isso? que imbecil! — Comentava Michelle a respeito da ex de Anny, que a tinha magoado novamente. Enquanto isso, Triz apenas concordava com seus braços cruzados, elas andavam pela calçada e mais a frente estavam os pequenos. Por vezes, paravam para que eles fossem até determinada casa pedir por doces. Era noite, e muitas crianças com seus pais andavam fantasiadas por ali. Distraídas, em algum momento, a médica olhou ao redor e franziu suas sobrancelhas. Ela procurava pelo mini cowboy, mas ele já não estava mais com as outras crianças.
— Theodore?! gente, onde está o Theo? eu não estou vendo! — Assustada, começou a andar depressa sendo seguida por suas amigas, até avistar em um jardim, o chapéu marrom de seu irmãozinho entre o gramado, onde na casa a porta estava totalmente aberta. Ela correu até lá agarrando o objeto e foi até a entrada. Era a maior casa do bairro, moderna, com paredes feitas de vidro porém, que de fora, não se era possível ver nada lá dentro. Como se alguém quisesse te observar sem ser observado, ela pensara.
Assustada e ansiosa, já foi logo entrando na casa silenciosa, gritando chamados pelo irmão. Até que então, o encontrou. Ele segurava sua cestinha cheia, melando os lábios numa barra de chocolate que segurava na outra mão. Em seus fios de cabelo, era depositado um carinho de dedos pálidos e longos, de unhas pintadas de preto. Subindo mais seu olhar pelo braço da pessoa, usava uma jaqueta marrom de couro, até alcançar o pescoço e, por fim, o rosto. Ela não soube descrever internamente a sensação de calafrio que sentirá ao encarar tais olhos mesclados, as sobrancelhas juntas e expressão vazia a analisaram com certo desprezo, antes que um sorriso de lado fosse depositado nos lábios rosados. Os dedos da mão livre deslizaram pelos cabelos negros jogando-os para trás, o homem então pigarreou esperando explicações.
— a-ahn... desculpe. — A mulher ajeitou sua postura não entendendo sua instabilidade e se recompôs. — perdoe eu e o meu irmão, é que ele fica agitado nessa época do ano e, eu encontrei o chapéu dele no seu jardim então eu...
— você e o seu irmão são muito mal educados. — A voz rouca soou a interrompendo. Retirou seus dedos dos cabelos do pequeno e enfiou ambas nos bolsos, Triz estava encasquetada. Como o sujeito podia ter tamanha grosseria para consigo? Antes que pudesse contestar, outra voz soou, assim, outra pessoa.
— perdoe o meu irmão, ele não é muito sociável e não tem muitos modos. — Dizia, mais amigável. E então ao lado do carrancudo, parou um outro rapaz. Esse também tinha olhos fundos, porém uma expressão mais amigável. Seus cabelos loiros eram curtos, penteados num topete e usava um suéter vermelho bem justo ao corpo, com as mangas dobradas. — sou Luke, e esse aqui o Michael. somos novos no bairro e em New Orleans.
Calmamente a garota suspirou, estava feliz por ter alguém sensato ali. E, cá entre nós, com uma bela aparência. Os dois na verdade, mas ela não podia mais ver tanta beleza no outro, com tamanha antipatia. Olhou para a mão estendida do simpático rapaz e a segurou, sentindo o quão fria era a sua pele. Seus ombros se ergueram um pouco e seus pelos arrepiaram, mas ainda sim apertou.
— sou Beatrice Winter, e esse é o meu irmãozinho, Theodore. moramos aqui desde que nascemos, então acho que somos vizinhos. — Respondeu. Ela apesar de não morar mais com os seus pais, vivia muito do seu tempo por ali, então, considerou a situação.
Assim que seu nome foi dito, percebeu entre-olhares dos irmãos, que agora estavam sérios. Pareciam... Surpresos. O carrancudo no entanto, abriu um sorriso maldoso, que não seria entendido por mais ninguém além de seu irmão. Deu um passo a frente, se curvando com os lábios próximos ao ouvido da mais baixa. — é um prazer conhece-la, Winter. espero que nos vejamos mais vezes.
Sussurou trazendo mais calafrios ainda ao corpo da menor. Ela podia jurar que aquilo não era uma simples frase de efeito. Soava como uma ameaça.
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Dark Paradise
VampirosNem mesmo neblinas seriam capazes de esconder e apagar as histórias envolvidas com a família real, um segredo carregado de imortalidade, sangue e mágoas. A maldade pura e sombria, arrastando-se por cima do amor.