A companhia levantou-se no dia 14 de novembro as dez horas da manhã, segundo seespecificava nos estatutos que os Senhores tinham mutuamente jurado observar fielmente sobtodos os particulares. Os quatro fodedores que não tinham compartilhado do leito dos amigos,ao acordarem, levaram Zéphyr ao Duque, Adonis a Curval, Narcisse a Durcet e Zélamir aoBispo. As quatro crianças eram muito tímidas, até mais bizarras mas, encorajadas por seusguias, executaram muito bem suas tarefas, e o Duque descarregou. Seus três colegas, maisreservados e menos pródigos com seu sêmen, tinham em depósito a mesma quantidade que oDuque, mas não distribuíram nenhum.Às onze horas, passaram para os aposentos das mulheres onde as jovens oito sultanassurgiram nuas, e nesse estado serviram chocolate, ajudadas e dirigidas por Marie e Louison,que presidiam ao serralho. Houve uma grande dose de apalpação e agarramento, e as pobresoito meninas, infelizes vítimas da lubricidade mais gritante, coraram, esconderam-se atrás desuas mãos, tentaram proteger seus encantos, e imediatamente mostraram tudo assim queobservaram que sua modéstia irritava e aborrecia seus senhores. 0 Duque levantou-se comouma bala e mediu a circunferência de seu engenho contra a esguia e pequena cintura deMichette: a diferença não excedia sete centímetros. Durcet. o administrador do mês, conduziuos exames prescritos e fez as sondagens necessárias; verificou-se que Hébé e Colombetinham errado. seu castigo foi imediatamente pronunciado e fixado para o sábado seguinte nahora da orgia. As duas choraram. Ninguém se comoveu.Dirigiram-se então aos aposentos dos rapazinhos. Os quatro que não tinham aparecidode manhã. ou sejam. Cupidon. Céladon, Hyacinthe e Giton, descobriram seus traseiros deacordo com a ordens. e o espetáculo proporcionou um instante de divertimento. Curvalbeijouos a todos na boca, e o Bispo passou um momento mexendo em seus membros,enquanto o Duque e Durcet faziam outra coisa. Terminada a inspeção. verificou-se que nãohavia infrações.A uma hora os Senhores dirigiram-se a capela onde. como sabemos, estavam instaladasas facilidades sanitárias. Tendo os cálculos das exigências da noite levado a recusa de umbom número de pedidos. somente Constance, Duelos, Augustine, Sophie. Zélamir, Cupidon eLouison compareceram; todos os outros tinham pedido permissão e receberam ordem paraagüentar até a noite. Nossos quatro amigos. instalados em redor do mesmo assentoconstruído especialmente, fizeram com que os sete súditos ocupassem o assento um após ooutro, e depois retiraram-se quando acharam que o espetáculo era suficiente. Desceram parao salão onde, enquanto as mulheres jantavam, conversaram e riram até chegar a hora de lhesser servida a sua refeição. Cada um dos quatro amigos instalou-se entre dois fodedores, deacordo com a regra que bania todas as mulheres de sua mesa, e as quatro esposas nuas,ajudadas pelas velhas vestidas de gréias, serviram então o jantar mais magnificente esuculento que se possa imaginar. Ninguém mais delicado, mais hábil do que as cozinheiras quetinham levado, e eram tão bem pagas e tão abundantemente providas, que tudo não podiadeixar de ser um brilhante sucesso. Como a refeição da tarde devia ser menos pesada do quea da noite, restringiram-se a quatro soberbos pratos. cada um composto de doze iguarias.Vinho Borgonha com os frios, Bordeaux com as entradas, champagne com os assados,Hermitage com os pratos do meio, e Tokay e Madeira com a sobremesa.Os espíritos subiram pouco a pouco: os fodedores, a quem os amigos tinham toda aliberdade com suas esposas, tratavam estas de maneira um tanto ríspida. Constante chegou aser quase derrubada, mesmo agredida, por ter demorado a trazer um prato a Hercule o qual,vendo-se progredir nas boas graças do Duque, pensou que podia levar a insolência ao pontode espancar e molestar sua mulher: o Duque achou isso muito divertido. Curval, de mau humorna altura da sobremesa arremessou um prato ao rosto de sua esposa, que só não lhe abriu acabeça ao meio porque ela se desviou. Ao ver um de seus vizinhos ficar de membro duro,Durcet, embora estivessem ainda a mesa, prontamente desabotoou suas calças e apresentousua bunda. O vizinho logo lhe colocou sua arma; concluída a operação, voltaram de novo abeber como se nada tivesse acontecido. O Duque, logo imitou a pequena infâmia de seu velhoamigo e apostou que, por muito grande que fosse o membro de Invictus, era capaz de esvaziarcalmamente três garrafas de vinho enquanto fosse enrabado por ele. Que facilidade. quetranqüilidade, que desprendimento de libertinagem! Ganhou o que apostou, e como nãoestavam bêbados de estômago vazio, e essas três garrafas caíram em cima de pelo menosmais quinze, a cabeça do Duque começou, suave-mente, a andar a roda. O primeiro objetoque avistou foi sua mulher, chorando por causa da afronta que recebera de Hercule. e essavisão a tal ponto inspirou o Duque, que este não perdeu nem um instante em lhe fazer coisasexcessivas demais para descrever neste momento. O leitor observará até que ponto somoscomedidos no começo, e até que ponto são indecisos nossos esforços no sentido de fazer umrelato coerente destas questões; esperamos que nos desculpe o fato de fecharmos a cortinanum considerável número de pequenos detalhes. Prometemos levantá-la um pouco mais tarde.Nossos campeões dirigiram-se, finalmente, ao salão, onde novos prazeres e maisdeleites os aguardavam. O café e os licores foram distribuídos pelo encantador quartetoformado por Adonis e Hyacinthe, dois apetitosos rapazinhos, e duas lindas virgens, Zelmire eFanny. Thérèse, uma das duenhas, supervisionava as crianças, pois fora decretado quesempre que duas ou mais crianças estivessem juntas, uma duenha devia estar presente.Nossos quatro libertinos, meio embriagados mas, não obstante, determinados a acatar suasleis, contentaram-se com beijos, em passar as mãos, mas sua inteligência libertina sabia comotemperar essas brandas atividades com todos os refinamentos do deboche e da lubricidade.Pensou-se durante um momento que o Bispo ia ter de entregar seu sêmen a troco das coisasextraordinárias que estava arrancando de Hyacinthe, ao mesmo tempo que Zelmire omasturbava. Seus nervos estavam já tremendo, uma crise eminente começava a tomar contade seu inteiro ser, mas, dominou-se, os objetos tentadores prontos a triunfar sobre seussentidos foram afastados aos rodopios e, sabendo que havia ainda um dia inteiro de trabalhona sua frente, o Bispo poupou o seu melhor para a noite. Foram bebidas seis espéciesdiferentes de licor, e três de café e, soando finalmente a hora, os dois casais retiraram-separa se vestirem.Nossos amigos tiraram uma soneca de quinze minutos, e dirigiram-se depois a sala dotrono, lugar onde os auditores deviam escutar as narrações. Os amigos tomaram seus lugaresnos sofás, tendo o Duque o adorado Hercule a seus pés, perto dele, nua, Adelaide, esposa deDurcet e filha do Presidente, e no quarteto a sua frente, e ligados ao nicho por uma guirlandade flores, como se explicou, Zéphyr, Giton, Augustine e Sophie, vestidos de pastores,supervisionados por Louison, que, vestida de velha camponesa, fazia o papel de sua mãe.Aos pés de Curval, encontrava-se Invictus, em seu sofá, Constance, esposa do Duque efilha de Durcet, e por quarteto, quatro espanhoizinhos, cada um com seu traje, e o maiselegante possível: eram Adonis, Céladon, Fanny e Zelmire; Fanchon, vestida de duenha,vigiava as crianças.O Bispo tinha Antinous a seus pés, sua sobrinha Julie no sofá, e quatro pequenosselvagens quase nus por quarteto. Os rapazes: Cupidon e Narcise; as meninas: Hébé eRosette; uma velha amazona, interpretada por Thérèse, tomava conta dos quatro.Durcet tinha Bum-Cleaver como fodedor, perto e reclinada. Aline, filha do Bispo e, na suafrente, quatro pequenas sultanas, os meninos vestidos como as meninas, e esse refinamentoenfatizava no último grau o rosto encantador de Zélamir, Hyacinthe, Colombe e Michette. Umvelho escravo árabe, representado por Marie, presidia a este quarteto.As três narradoras, magnificamente vestidas como cortesãs parisienses de classesuperior, estavam sentadas por baixo do trono, num sofá, e Madame Duelos, a narradora domês, com um vestido decotado e muito elegante, bem maquilada e carregada de jóias, tendoocupado o seu lugar no palco. assim deu início a história do que ocorrera em sua vida, relatono qual devia inserir, com todos os detalhes pertinentes, as primeiras cento e cinqüentapaixões designadas pelo título de paixões simples:Não é empreendimento pequeno, Senhores, tentar falar perante um círculo como ovosso. Acostumados ao que de mais sutil e delicado as letras produzem, como, é caso parase perguntar, podereis suportar os períodos mal formados e as imagens deselegantes de umahumilde criatura como eu, que não recebeu outra educação além da proporcionada pelalibertinagem. Mas, vossa indulgência tranqüilizava-me; pedem-me apenas o natural e overdadeiro, e atrevo-me a dizer que, o que disso vos proporcionarei, merece vossa atenção.Minha mãe tinha vinte e cinco anos quando me trouxe ao mundo, e eu fui sua segundafilha; a primeira, fora também filha, seis anos mais velha do que eu. O nascimento de minhamãe nada teve de distinto. Cedo perdeu o pai e a mãe, e como eles moravam perto domosteiro de Récollet, em Paris, quando se viu. órfã, abandonada e sem recursos, obtevepermissão desses bons padres para pedir para as almas em sua igreja. Mas, como tinhaalguma juventude e saúde, logo atraiu sua atenção, e subiu gradualmente da igreja em baixo,para os quarto em cima, de onde desceu com um filho. Foi como conseqüência dessa aventuraque minha irmã viu a luz, e é mais do que provável que meu próprio nascimento possa seracertadamente atribuído a mesma causa.Contudo, contentes com a docilidade de minha mãe e vendo como ela fazia a comunidadeprosperar e florescer, os bons padres recompensaram seus trabalhos concedendo-lhe aquiloque pudesse ganhar com o aluguel dos bancos em sua igreja; mal minha mãe acabou deconseguir esse cargo, logo casou, por ordem de seus superiores, com um dos carregadoresde água da casa, o qual, imediatamente, e sem a menor repugnância, adotou minha irmã e eu.Nascida na Igreja, morei por assim dizer mais na Casa de Deus do que na nossa própria;ajudava minha mãe a arrumar os bancos, secundava o sacristão em suas várias operações,teria dito Missa se fosse necessário, embora não tivesse feito ainda cinco anos.Um dia, voltando de minhas santas ocupações, minha irmã perguntou-me se tinhaencontrado o Padre Laurent...Respondi-lhe que não."Bem, então fique alerta", disse ela, ele anda procurando você, sei que anda, ele quermostrar a você o que mostrou a mim. Não fuja, olhe bem nos olhos dele sem ter medo, ele nãovai tocar em você, mas mostra uma coisa muito engraçada, e se você deixar ele fazer, recebemuito dinheiro. Ele já mostrou a mais de quinze por aqui. É o que ele gosta mais, e deu umpresente a todo mundo".Os Senhores podem bem imaginar, que nada mais foi necessário para eu não só nãoevitar o Padre Laurent, mas para me induzir a procurar por ele; nessa idade a voz da modéstiaé, quando muito, um sussurro, e não é seu silêncio até o momento em que se deixa a tutela daNatureza é prova certa de que esse sentimento artificial é muito menos produto do treinamentodessa mãe original do que fruto da educação? Voei instantaneamente para a igreja, e nomomento em que atravessava um pequeno pátio localizado entre a entrada do adro e domosteiro, esbarrei de frente com o Padre Laurent. Era um monge de cerca de quarenta anos,com um rosto muito bonito. O bom padre deteve-me."Onde vai, Françon", perguntou."Arranjar os bancos, Padre"."Não tenha medo, não tenha medo, sua mãe trata disso", disse o monge. "Venha, venhacomigo", e levou-me para um aposento escondido, perto dali. "Vou mostrar uma coisa quevocê nunca viu". Sigo o Padre, entramos, ele fecha a porta, e pondo-se bem na sua frente:"Bem, Françon", diz, tirando um membro monstruoso de suas calças, um instrumento quequase me derrubou de medo; "diga-me", continua, ao mesmo tempo que se masturba, "já viualguma coisa igual a esta?... usa-se para foder, e aquilo que você vai ver, aquilo que vai sairdela num momento ou dois, é a semente da qual você foi criada. Já mostrei a sua irmã, já amostrei a todas as meninas de sua idade, dê a sua mão, ajude um pouco, ajude a sair, façacomo sua irmã, ela já fez sair umas vinte vezes ou mais... Mostro o meu pau, e depois quejulga que eu faço? Salpico meu sêmen na cara delas... É minha paixão, minha filha, não tenhooutra ... e você está quase a assistir".E ao mesmo tempo senti-me completamente encharcada com um borrifo branco,ensopou-me dos pés a cabeça, algumas gotas acertaram até em meus olhos, pois minhacabecinha dava-lhe na abertura das calças. Entretanto, Laurent gesticulava: "Ah! sêmen lindo,o querido sêmen que estou perdendo", exclamou, não, olhe para você! está toda cobertadele". Adquirindo gradualmente controle de si próprio, guardou calmamente a sua ferramenta eafastou-se, colocando doze sob minha mão e sugerindo que lhe levasse uma amiguinha.Como podem prontamente imaginar, não podia estar mais ansiosa por correr e contartudo a minha irmã; ela limpou-me, tendo o máximo cuidado em não esquecer alguma mancha,e ela que tinha permitido que eu ganhasse minha pequena fortuna, não deixou de exigir metadede meu salário. Instruída por este exemplo, não deixei, na esperança de uma divisãosemelhante dos lucros, de procurar tantas meninas para o Padre Laurent quantas pudeencontrar. Mas, levando-lhe uma que ele já conhecia, não a aceitou, embora me desse trêssous a título de encorajamento."Nunca vejo a mesma duas vezes, minha filha" disse o Padre, tragame uma que eu nãoconheça, nunca as que dizem que já tiveram negócios comigo".Agi com mais sucesso; no espaço de trens meses, apresentei ao Padre Laurent mais devinte meninas novas, com as quais, a bem do seu prazer, empregou o mesmo método queusara comigo. Além da estipulação de que lhe fossem estranhas, havia uma outra relativa aidade, e parecia ser de extrema importância: não queria meninas de menos de quatro nem demais de sete anos. E minha pequena fortuna não podia ir melhor, quando minha irmã, vendoque eu estava penetrando em seus domínios, me ameaçou de divulgar tudo a minha mãe, senão parasse aquele esplêndido comércio; fui obrigada a renunciar ao Padre Laurent.Contudo, minhas funções de procuradora continuaram a conservarme nas vizinhanças domosteiro; no dia em que fiz sete anos encontrei um novo amante, cujo capricho preferido,embora muito infantil, era, não obstante, um tanto mais sério. Chamava-se Padre Louis, eramais velho que Laurent, e tinha uma qualidade não identificável em seu comporta-mento, queera muito mais libertino. Aproximou-se silenciosamente de mim na porta da igreja quando eu iaentrando, e fez-me prometer que iria a seu quarto. Primeiro fiz algumas objeções, mas quandome assegurou que três anos antes minha irmã o visitara, e recebia meninas da minha idadetodos os dias, fui com ele. Mal chegamos a sua cela, fechou a porta a chave e, depois dedeitar um elixir num copo fez-me engolir e, depois, mais duas copiosas medidas da mesmacoisa. Dado este passo preparatório, o reverendo, mais afetuoso que seu confrade, começoume beijando e, tagarelando todo o tempo, desabotoou meu avental e, levantando-me a saiaaté a cintura, pôs as mãos, a despeito de minha débil resistência, nas partes anteriores queacabara de trazer a luz; e depois de as ter cuidadosamente apalpado e considerado,perguntou se eu não queria mijar. Singularmente levada a essa necessidade pela forte doseque momentos antes me fizera beber, afirmei que a vontade de fazer era maior do que nunca,mas que eu não a queria satisfazer na sua frente."Oh, meu Deus, faça! Sim, sua marota", disse o safado, "por Deus, sim, você vai mijar naminha frente, e o que é pior, vai mijar em mim". "Olhe", continuou, tirando o seu pau dascalças, "aqui está a ferramenta que você vai molhar, vamos, mije um pouco nela".Então levantou-me e colocou-me em cima de duas cadeiras, um pé numa, o outro pé naoutra, afastou as duas cadeiras tanto quanto possível, e depois fez-me ficar de cócoras.Segurando-me nessa posição, colocou um vaso por baixo de mim, instalou-se num pequenobanco a altura do vaso; seu engenho estava em uma de suas mãos, diretamente por baixo deminha boceta. Uma de suas mãos apoiava minhas ancas, com a outra se masturbava, eestando minha boca ao nível da sua, beijou-a."Vamos, minha pequenina, mije", exclamava ele, "inunde meu pau com esse liquidoencantador cujo calor exerce tal agitação em seus sentidos. Mije, meu coração, vamos, mijelogo e tente inundar meu sêmen".Louis ficou animado, excitou-se, era fácil ver que esta operação invulgar era a que seussentidos mais prezavam; o êxtase mais doce, mais delicado coroou aquele próprio momentoquando o líquido com que enchera meu estômago começou a sair em abundantes esguichosdentro de mim, e simultaneamente enchemos o mesmo vaso, ele de esperma, eu de urina.Concluído o exercício, Louis fez praticamente o mesmo discurso que eu ouvira de Laurent,,queria transformar sua putazinha em procuradora, e desta vez, não me importando com asameaças de minha irmã, levei decididamente todas as meninas que conhecia ao Padre Louis.Ordenou a cada uma delas que fizesse a mesma coisa, e como não sentia compunção vendoqualquer delas uma segunda ou terceira vez, e me dava sempre uma compensação separada,que nada tinha a ver com os honorários adicionais que extraía de minhas pequenascamaradas, seis meses depois vi-me senhora de uma somazinha razoável, que erainteiramente minha; só precisava de a esconder de minha irmã."Duelos", disse o Presidente, interrompendo-a nesse ponto", creio que lhe dissemos quesuas narrações devem ser decoradas com os detalhes mais numerosos e minuciosos; amaneira precisa e o grau em que podemos julgar que a paixão que descreve se relaciona comas maneiras humanas e o caráter do homem, é determinada pela sua vontade de não ocultarnenhuma circunstância; e, o que é mais, a mínima circunstância pode ter uma imensa influênciana procura dessa espécie de irritação sensória que esperamos de suas histórias". "Sim, meuSenhor", Duelos respondeu, "fui avisada para não omitir nenhum detalhe e para entrar nosdetalhes mais minuciosos sempre que sirvam para lançar luz na personalidade humana, ou naespécie de paixão; terei negligenciado alguma coisa neste relato"?"Negligenciou", disse o Presidente; "não faço a menor idéia do pau do seu segundomonge, nem da sua descarga. Além disso, ele mexeu na sua boceta, diga, e você acariciou oseu engenho? É isso a que chamo detalhes esquecidos"."Perdão, meu Senhor", disse Duelos, "vou já reparar esses enganos, e evitá-los no futuro.O Padre Louis possuía um membro muito comum, maior de comprimento do que circunferênciae, em geral, de formato comum; na realidade, recordo-me que ficava muito pouco duro, e sóquando a crise chegava, adquiria um pouco de firmeza. Não, ele não esfregava - minha boceta,ficava satisfeito abrindo-a um pouco com os dedos para deixar sair a urina com maiorfacilidade. Trouxe seu pau muito perto duas ou trens vezes, e sua descarga era rápida, intensae breve; de sua boca só saíam as palavras: "Ah, sêmen! mija, minha filha, mija fonte bonita,mija, está ouvindo, mija, não vê eu gozar"? E enquanto dizia isso, dava alternadamente beijosem minha boca. Não eram excessivamente libertinos"."É isso, Duelos", Durcet disse, "o Presidente tinha razão; não consegui visualizar coisaalguma a base de seu primeiro relato, mas agora tenho o homem bem no meu foco"."Um momento, Duelos", disse o Bispo, ao observar que ela ia continuar. "Tenho na minhaconta uma necessidade muito mais imperiosa do que mijar, está-me apertando há umaeternidade, e tenho a impressão que é preciso satisfazê-la".Dizendo isso, levou Narcisse para a sua alcova. Os olhos do prelado chispavam fogo, opau batia-lhe na barriga, espuma aflorava-lhe aos lábios, era o sêmen confinado que desejavaabsolutamente escapar, e que só podia ser liberado por meios violentos. Arrastou sua sobrinhae o rapazinho para os seus aposentos. Tudo parou; uma descarga era considerada coisaportentosa demais para não se suspender tudo no momento em que alguém estivesse paraproduzir uma; tudo devia concorrer para torná-la deliciosa. Mas, naquela ocasião, a Naturezanão correspondeu aos desejos do Bispo, e alguns minutos depois de se ter retirado para seusaposentos, emergiu dos mesmos, furioso, no mesmo estado de ereção, e dirigindo-se aDurcet, administrador durante o mês de novembro:"Ponha este malandro na lista dos castigos de sábado", disse, empurrando a criança auns metros de distância, e dê-lhe um castigo severo, se faz favor".Era aparente que o rapazinho não fora capaz de satisfazer o Monsenhor, e Juliesegredou no ouvido de seu pai o que acontecera. "Bem, por Deus, escolha outro", exclamou oDuque, "escolha alguém dos nossos quartetos, se nada lhe agrada no seu"."Ah, minha satisfação agora seria muito além do desgraçado pouco que era suficiente háum momento", disse o prelado. Sabem a que ponto somos levados por um desejo contrariado;preferia restringirme, mas nada de pena desse pobre diabo", continuou, "é o querecomendo...""Mas fique tranqüilo, meu caro Bispo", disse Durcet, "prometo dar-lhe um bom castigo, éuma ótima idéia para dar um bom exemplo aos outros. Lamento vê-lo nesse estado; tenteoutra coisa; deixe-se enrabar"."Monsenhor", Martaine disse, "sinto-me 'grandemente disposta a satisfazer VossaExcelência se o desejar...""Não, Cristo, não"! exclamou o Bispo, "você não sabe que há mil ocasiões em que não sedeseja uma bunda de mulher? Eu espero, eu espero... deixe Duclos continuar, a noite eu tratodisso. Tenho de encontrar o que quero. Continue, Duclos".E os amigos, tendo dado boas gargalhadas em face da franqueza libertina do Bispo —"há mil ocasiões em que não se deseja uma bunda de mulher" — a narradora prosseguiunestes termos:Não foi muito tempo depois de eu ter atingido os sete anos de idade que um dia,seguindo meu costume de levar uma de minhas camaradas ao Padre Louis, encontrei outromonge com ele em sua cela. Como isso nunca tinha acontecido, fiquei surpreendida e quis sair,mas depois de Louis nos tranqüilizar, minha amiguinha e eu decididamente entramos."Então, Geoffrey"? Louis disse a seu companheiro, empurrando-me para ele, "eu não lhedisse que era bonita"?"Mas sim, é muito bonita", Geoffrey respondeu, sentando-me no seu colo e dando-me umbeijo. "Quantas anos tem minha filha"?"Sete Padre"."Menos cinqüenta do que eu", disse o bom padre, beijando-me de novo.E durante este pequeno diálogo, o xarope estava sendo preparado e, era costume, cadauma de nós bebeu três grandes copos mas, eu não costumava beber quando levava algumbrinquedo a Louis, porque ele só pretendia um borrifo da menina que eu lhe levava, porque eunão ficava geralmente para a cerimônia, mas demora, por todas essas razões, fiquei atônitacom num tom da mais ingênua inocência perguntei:"E por que quer que eu beba, bom Padre, quer que eu mije"?"Sem dúvida, minha filha", respondeu Geoffrey, que continuava me apertando no seu colo,entre suas coxas, e cujas mãos tateavam já a minha frente, "claro, quero que você mije, e aaventura vai ser comigo; será talvez um pouco diferente da outra que experimentou. Vamospara minha cela, deixemos o Padre Louis com sua amiguinha, e vamos trabalhar os dois;voltaremos quando tivermos terminado".Saímos; antes de ir, Louis disse-me ao ouvido que fosse boazinha com seu amigo, edisse que eu não me arrependeria. A cela de Geoffrey não era muito longe da de Louis, eatingimo-la sem ser vistos. Mal entramos, Louis barricou a porta e mandou-me tirar a saia.Obedeci, ele mesmo puxou minha combinação até o umbigo, tendo-me sentado na borda desua cama, abriu minhas coxas, tanto quanto elas permitiam, empurrando-me ao mesmo tempopara trás, de modo a que minha barriga ficasse inteiramente a mostra, e meu peso apoiadointeiramente na base de minha espinha. Mandou-me ficar naquela posição, e começar a mijarno momento em que me desse uma ligeira palmada com a mão. Depois, escrutinizando-medurante um momento, naquela atitude, com uma das mãos separou os lábios de minha boceta,enquanto com a outra desabotoava suas calças e, com movimentos rápidos e enérgicos,começou a agitar um pequeno membro escuro e atrofiado, que não parecia muito inclinado aresponder aquilo que dele se exigia. Para lhe dar certo encorajamento, nosso homempreparou-se para fazer sua obrigação, e procedeu a seu costume favorito, aquele que lhe davao maior gozo possível — pôs-se de joelhos, no meio de minhas pernas, passou um instanteobservando o pequeno orifício diante de seus olhos, diversas vezes aplicou sua boca aomesmo, balbuciando algumas frases luxuriosas de que não me lembro porque na época não ascompreendia, e continuou agitando aquele obstinado e pequeno membro, o qual, emboraferozmente manuseado, não se movia. Finalmente, colou seus lábios aos de minha pequeninaboceta, recebi o sinal, e despejando imediatamente o conteúdo de minha bexiga na boca docavalheiro, encharquei-o com uma torrente de urina que ele engoliu com igual velocidadeaquela com que eu a derramava em sua goela. Nesse momento, seu membro desfraldou-se esua cabeça orgulhosamente erguida palpitou contra uma de minhas coxas: sentia derramarbravamente sua debilitada e estéril emissão varonil. Tudo fora tão bem feito, que ele engoliu asúltimas gotas no mesmo momento em que seu pau, confuso pela vitória, chorava lágrimas desangue pela mesma.Tremendo por todos os lados, Geoffrey levantou-se, e observei que não tinha mais porídolo, uma vez extinto o incenso, o mesmo fervor religioso que tivera enquanto o delírio,inflamando sua homenagem, sustinha ainda a sua glória: um tanto abruptamente deu-me dozesous, abriu a porta sem me pedir, como os outros, que lhe levasse meninas (era evidentementefornecido por outra pessoa) e, indicando o caminho da cela de seu amigo, disse-mepara ir para lá, acrescentando que estava com muita pressa, que tinha suas obrigações adesempenhar, que não me podia conduzir, e depois fechou a porta sem me dar oportunidadede lhe responder."Não há dúvida", disse o Duque, "são inúmeros os que não podem em absoluto suportar oinstante em que a ilusão se desfaz. Parece que o orgulho sofre quando se deixa uma mulherver o homem em tal estado de fraqueza, e o desgosto parece ser o resultado da frustraçãoque se experimenta nesses momentos"."Não", disse Curval, a quem Adonis, de joelhos, tocava uma punheta, e cujas mãosmexiam em Zalmire, "não, meu amigo, o orgulho nada tem a ver com isso, mas o objetodestituído, no sentido mais profundo, de todo o valor, a exceção daquele com que nossaluxúria o dota, esse objeto, dizia eu, mostra-se a si próprio como na verdade é, uma vezapaziguada nossa lubricidade. Quanto mais violenta tiver sido a irritação, mais o objeto ficadestituído de sua atração quando essa irritação cessa de a sustentar, do mesmo modo queficamos mais ou menos fatigados depois de uma maior ou menor exerção, e essa aversão,que depois sentimos, não passa do sentimento de uma alma saciada a qual a felicidade édesagradável, porque a felicidade o acaba de cansar"."Mas dessa aversão, de qualquer maneira", disse Durcet, "nasce muitas vezes um planode vingança, cujas conseqüências fatais são muitas vezes observadas"."Sim, mas isso é outra questão", Curval respondeu, "e como a seqüência destasnarrações nos dá, talvez, exemplos do que estamos dizendo, não antecipemos mediantedissertações, aquilo que em si próprio se produzirá naturalmente"."Presidente, seja franco", disse Durcet: "estando a ponto de ficar alucinado, acredito queno momento presente prefira sentir o prazer do gozo a discutir coisas desagradáveis"."Nada disso, absolutamente", disse Curval, "estou frio como o gelo... Verdade, sim",continuou, beijando os lábios de Adonis, "que esta criança é encantadora... mas não se podefoder; não conheço coisa pior que vossos malditos regulamentos... somos obrigados a ficarreduzidos a coisas... a coisas... continue, Duelos, continue, porque tenho a impressão de queposso perpetrar uma loucura, e quero que minha ilusão fique intacta, pelo menos até ir para acama".O Presidente, percebendo que seu engenho se começava a rebelar, mandou as duascrianças de volta a seus postos e, deitando-se ao lado de Constance, que bonita como era,não conseguia mesmo assim excitá-lo tanto, pediu outra vez a Duelos, que continuasse suahistória; ela recomeçou imediatamente, como segue:Reuni-me a minha amiguinha. Louis já tinha terminado; não muito satisfeitas, saímosjuntas do mosteiro, eu quase resolvida a não voltar. O tom de Geoffrey magoara meu orgulho,e sem me preocupar mais com as origens de meu desagrado, não gostei de sua causaaparente, nem de suas conseqüências. Contudo, estava escrito em meu destino que teriaainda algumas aventuras naquele piedoso retiro, e o exemplo de minha irmã, que tinha,segundo me disse, feito negócio com catorze de seus habitantes, convencer-me-ia de queestava ainda longe do final de minha viagem. Três meses depois deste último episódio, noteias aberturas que me eram feitas por outro desses reverendos padres, este, um homem decerca de sessenta anos. Inventou toda a espécie de pretextos para me atrair a seu quarto; umdeles triunfou, tão bem, de fato, que um belo domingo de manhã ali me encontrei, sem sabercomo ou por que acontecera. O velho safado, conhecido por Padre Henri, trancou a porta maleu passara o limiar, e abraçou-me com extremo calor."Ah, diabinho!" exclamou o bom Padre, transportado de alegria". Agora te peguei, destavez você não escapa, ha!"O tempo estava extremamente frio na época, meu nariz estava pingando, como é normalnas crianças, no inverno; tirei um lenço. "Que é isso? Que é isso? Cuidado com isso", advertiuHenri, "eu é que faço essa operação, meu amor".E depois de me deitar em sua cama, com minha cabeça um pouco de lado, sentou-se ameu lado, na cama, e pôs minha cabeça no seu colo. Observou-me avidamente, seus olhospareciam prontos a devorar a secreção que escorria de meu nariz. "Oh, carinha ranhosa",disse, começando a latejar, "como vou chupá-la". Com isso, debruçando-se para mim, e pondomeu nariz em sua boca, não só devorou todo o mucus entre meu nariz e minha boca, masenfiou lubricamente a ponta da língua em cada uma de minhas narinas, uma pós a outra, ecom tanta sabedoria que me provocou dois ou três espirros que redobraram o corrimento quedesejava, e tão avidamente devorava. Mas, Senhores, não me perguntem detalhes acercadesse camarada, nada mostrou, e se foi por não ter feito nada, ou por o ter feito em suascalças, não consegui ver nada, e no meio da chuva de seus beijos e lambidelas lascivas nãonotei nada de extraordinário que pudesse denotar um êxtase, e conseqüentemente, minhaopinião é que ele não descarregou. Toda a minha roupa estava em seu lugar, até suas mãosficaram quietas, e dou-lhes a minha palavra de que a fantasia desse libertino podia serexecutada na menina mais respeitável e menos iniciada do mundo, sem que ela .,desse suporque nisso tudo havia algo de lascivo.Mas o mesmo se não pode dizer da oportunidade que se me deparou no próprio dia emque fiz nove anos. 0 Padre Etienne, era esse o nome do libertino, tinha pedido diversas vezesa minha irmã que me levasse até ele, e ela fez-me prometer que eu iria sozinha, pois nãoqueria acompanhar-me, com medo que minha mãe, que já cheirava alguma coisa no ar,descobrisse; bem, estava planejando fazer uma visita ao bondoso sacerdote quando, um dia, oencontrei num canto da igreja, perto da sacristia. Sua maneira era tão graciosa, falava demodo tão persuasivo que não precisou de me arrastar a força. 0 Padre Etienne tinha cerca dequarenta anos, saudável, robusto, um camarada e tanto. Mal fechou a porta e já me perguntouse eu sabia como esfregar um pau."Que é isso"!, respondi, corando até as orelhas, "nem mesmo sei que o senhor estádizendo"."Bem, então eu explico, menina levada", disse, derramando beijos apaixonados em minhaboca e olhos, "meu único prazer neste mundo é educar meninas, e as lições que dou são tãoboas, que são inesquecíveis. Comece por tirar a saia, porque se vou ensinar você como sedeve fazer para eu sentir prazer, é justo que ao mesmo tempo a ensine a recebê-lo, a lição sópode ter êxito se nada nos impedir. Vamos lá. Comecemos por você. 0 que você tem aqui",disse ao mesmo tempo que punha a mão no meu montículo, "chama-se boceta, e o que vocêprecisa de fazer para despertar sensações muito felizes é isto: com um dedo — um dedochega — esfregue ligeiramente esta pequena protuberância aqui. Chama-se, a propósito,clitóris". Segui as instruções."Vamos, assim, amorzinho, com uma das mãos aqui, deixe um dedo da outra penetrargradualmente nesse delicioso buraquinho..." O Padre ajustou minhas mãos."Isso mesmo... Bem! Você não sente nada"?, perguntou, fazendo-me continuar minhatarefa."Não, Padre, sinceramente não sinto nada", respondi ingenuamente. "Ah, é porque você émuito novinha, mas dentro de dois anos vai ver o prazer que dá"."Espere", interrompi, "acho que está acontecendo alguma coisa".E com todo o vigor' imaginável esfreguei os lugares que me ensinara... Sim, sem dúvida,umas vagas sensações convenceram-me de que começara uma coisa que valia a penacontinuar, e o intenso uso que desde então faço deste exercício proporcionador de alívio,persuadiu-me mais de uma vez, da competência de meu mestre. "E agora é a minha vez",disse Etienne, "porque o seu prazer desperta meus desejos, e eu preciso simplesmente decompartilhar dos mesmos, meu anjo. Vamos lá; segure aqui", disse, convidandome a agarraruma ferramenta tão monstruosa que minhas duas mãozinhas mal conseguiam fechar-se nela,"pegue, minha filha, isto chama-se um pau, e este movimento", continuou guiando meu pulsoem movimentos bruscos, "esta ação, chama-se uma punheta. Assim, mediante esta ação,você está esfregando meu pau. Vamos, minha filha, faça força. Quanto mais rápido epersistente o seu movimento, mais apressa um momento que, acredite, eu adoro. Mas lembresede uma coisa essencial", acrescentou, sempre guiando minhas mãos já voando, "tenhasempre o cuidado de deixar a ponta descoberta. Nunca deixe esta pele, chamada prepúcio,cobrir a ponta, chamada glande, pois todo o meu prazer sumiria. Isso mesmo; vamos logo veruma coisa, minha filhinha", o professor continuou, "veja eu fazer em você, o que você faz emmim".E apertando-se contra meu peito, ao mesmo tempo que falava e eu continuava emmovimento, colocou suas mãos com tanta habilidade, mexia o dedo com tamanha arte que oprazer finalmente me empolgou, e é sem sombra de dúvida que a ele devo minha iniciação. Eentão, minha cabeça a roda, abandonei minha tarefa, e o reverendo, que ainda não estavapronto para completá-la, consentiu em esquecer seu prazer por um momento, a fim de sededicar exclusivamente a cultivar o meu; e quando me tinha feito saborear todo esse prazer,fez-me recomeçar o trabalho que meu êxtase me obrigara a interromper, e muito expressamenteme ordenou que me concentrasse estritamente no que fazia, e me preocupasseexclusivamente com ele. Assim fiz com toda a minha alma. Era mais que justo: sem dúvida lhedevia muitos agradecimentos. Comecei a trabalhar com tanta alegria, e observei tão fielmentetodas as suas instruções que o monstro, vencido por vibrações tão rápidas, cuspiu finalmentetoda a sua raiva e me cobriu com o seu veneno. Então Etienne pareceu ficar fora de si,transportado pelo delírio mais voluptuoso; ardentemente beijou minha boca e esfregou minhaboceta, e a perturbação de sua voz mais enfaticamente declarava o seu transtorno.Expressões grosseiras, misturadas a outras da espécie mais amorosa caracterizaram essetransporte, que durou bastante tempo, e do qual finalmente o galante Etienne, tão diferente deseu colega engolidor de mijo, emergiu para me dizer que eu era encantadora, quegrandemente esperava que eu voltasse, e que me trataria sempre como naquele momento:apertando uma moeda de prata em minha mão, levou-me de volta ao lugar onde meencontrara e deixou-me maravilhada, emocionada e encantada com essa última boa fortuna.Sentindo-me muito melhor a respeito do mosteiro, decidi voltar mais vezes no futuro,persuadida de que, quanto mais fosse avançando nos anos, mais agradáveis as aventuras queali me esperavam. Mas o destino chamou-me para outro lugar; eventos mais importantes meesperavam num mundo novo, e ao chegar em casa ouvi as notícias que logo entristeceram afelicidade produzida em mim pelo resultado de minha última experiência.Uma campainha soou nesse momento no salão; era o anúncio da ceia. Após o que,Duelos, muito aplaudida pelo auspicioso começo que tivera, desceu do palco, e, depois deterem feito alguns ajustamentos para reparar a desordem em que os quatro pareciam estar,os amigos voltaram seu pensamento para novos prazeres, e precipitaram-se para saber o quecomo lhes reservara.A refeição foi servida pelas oito meninas, nuas. Tendo tido o bom senso de deixar o salãoalguns minutos antes, estavam prontas no momento em que os senhores entraram naqueleambiente. Os companheiros a mesa totalizavam vinte; o quarteto libertino, os oito fodedores,os oito meninos. Mas, furioso ainda com Narcisse, o Bispo quis vetar sua presença nobanquete, e como era perfeitamente natural que dessem tolerância aos caprichos uns dosoutros, e os observassem mutuamente ninguém ergueu sua voz para contestar a sentença, e opobre coitadinho foi confinado num quarto escuro para aguardar os estágios das orgias emque talvez Monsenhor pudesse ter inclinação para fazer de novo as pazes com ele. Asesposas e narradoras, comendo separadas, tinham concluído sua refeição apressadamente afim de estarem prontas para as orgias, e as velhas dirigiam o movimento das oito meninas, e ojantar começou.Esta refeição, muito mais pesada do que a que se comia mais cedo, era servida commuito mais opulência e esplendor. Começou por uma sopa de mariscos, e frios compostos devinte variedades; seguiramse vinte entradas, que logo deram lugar a outras vinte mais levescompostas inteiramente de peito de galinha e outros animais preparados de todas maneiraspossíveis. Mas os assados ofuscaram tudo isso; tudo que de mais raro se pode imaginar foiservido. Depois surgiram massas frias, e logo após vinte e seis entremets de todas asdescrições e formas. A mesa foi limpa, e o que acabara de ser retirado foi substituído pol. umdesfile de doces quentes e frios. Finalmente surgiu a sobremesa: um prodigioso número evariedade de frutas, embora se estivesse no inverno, depois gelados, chocolate e os licoresque foram tomados a mesa. Quanto a vinhos, variaram com cada serviço: Borgonha com oprimeiro duas qualidades de vinho italiano com o segundo e terceiro; Reno com o quarto; como quinto vinhos do Ródano; champagne com o sexto; duas qualidades de vinho grego com osoutros dois. Os espíritos estavam extraordinariamente excitados porque, ao contrário doalmoço, não era permitido durante o jantar repreender as criadas, ou com a mesmaseveridade; essas criaturas, sendo a própria quinta essência daquilo que a companhia tinhapara oferecer, deviam ser tratadas com um pouco mais de cuidado, mas, por outro lado, osamigos permitiam-se uma série furiosa de impurezas com elas.Meio embriagado, o Duque disse que não tocava noutra gota, a partir daquele momentoseria a urina de Zelmire ou nada, e esvaziou dois grandes copos que obteve fazendo a criançasubir em cima da mesa e agachar-se no seu prato. "Ora, não há nada de errado em bebermijo jovem fraco", disse Curval e, chamando Fanchon, declarou: "Vem aqui, venerável puta, voumatar minha sede na própria fonte". E enfiando sua cabeça entre as pernas da velhaencarquilhada, avidamente sugou as torrentes impuras de urina venenosa que ela arremessouem seu estomago. E então sua palavra aqueceu e discutiram vários problemas filosóficos econsideraram diversas questões relativas a maneiras; deixo ao leitor imaginar a pureza dosdiscursos e a elevação de sua moralização. 0 duque empreendeu um encômio a libertinagem,e provou que ela era natural, e que quanto mais numerosas as extravagâncias, melhor servemo criador de nós todos. Sua opinião era geralmente aclamada, entusiasticamente aplaudida, elevantaram-se para ir pôr em prática as doutrinas que acabavam de ser estabelecidas. Tudoestava pronto no salão das orgias: as mulheres lá estavam, já nuas, deitadas em pilhas dealmofadas no chão, promiscuamente misturadas entre os catamitos que se tinham apressadoda mesa um pouco depois da sobremesa. Nossos amigos cambaleavam ao entrar: duasvelhas despiram-nos, e caíram em cima do rebanho como lobos assaltando um redil. O Bispo,cujas paixões tinham sido cruelmente irritadas pelos obstáculos que antes encontrara, jogou asmãos a sublime bunda de Antinous, ao mesmo tempo que Hercule o enfiava no espeto, evencido por esta última sensação e pelo serviço importante sem dúvida muito desejado queAntinous lhe prestava, cuspiu finalmente torrentes de sêmen tão impetuosas e pungentes, quedesfaleceu em êxtase. Os ardis de Baco tinham os sentidos fascinados satisfeitos peloexcesso, entorpecidos pela luxúria; nosso herói passou desse desmaio a um sono tão profundoque teve de ser carregado para a cama. O Duque estava encantado. Curval, lembrando-se doque Martaine oferecera ao Bispo, recheou-a, ao mesmo que sua bunda era tampada. Miloutros horrores, mil outras infâmias acompanharam e se sucederam a essas, e nossos trêsindomitáveis campeões — porque o Bispo não pertencia mais a este mundo — nossosvalorosos atletas, dizia, escoltados pelos quatro fodedores de plantão noturno, que não tinhamparticipado do festim, mas que então os foram buscar, retiraram-se com as mesmas esposasque tinham partilhado de seus divãs durante a narração. Infelizes vítimas de sua brutalidade,nas quais é mais provável que derramassem mais ultrajes do que carinhos e nas quais, éigualmente provável, inspirassem mais aversão do que prazer...Tais foram os eventos que transpiraram no primeiro dia.
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Os 120 Dias de Sodoma ou a Escola da Libertinagem
Romantizm"Aconselho o leitor excessivamente recatado a por meu livro imediatamente de lado, para não ficar escandalizado, pois é já evidente que não há muito de casto em nosso plano, e atrevemo-nos desde já a garantir que o haverá ainda menos na execução...