As denúncias, autorizadas na véspera, começaram de manhã cedo; as sultanas,observando que estavam todas incluídas, a exceção de Rosette, na lista dos corretivos,decidiram que as oito deveriam participar da brincadeira e prontamente lhe passaram a fazeracusações. Comunicaram que a adorável criança passara a noite inteira peidando, e como issonão passava de brincadeira que lhe estavam fazendo, seus desmentidos defrontaram-se como harém todo; seu nome foi inscrito sem demora. Tudo mais se processou muito bem e, aexceção de Sophie e Zelmire que praguejaram um pouco, os amigos ficaram emocionadoscom os cumprimentos das garotas descaradas e levadas: "Bom dia, Senhores tenho merdaem minha bunda, quem quer um pouco"? E, na realidade: havia merda por todos os lados adisposição, porque, com medo de alguma tentação de lavagem, as governantas tinhamremovido todos os vasos, todos os receptáculos, todas as toalhas e toda a água. A dieta decarne sem pão começava a aquecer aquelas boquinhas não lavadas, os Senhores notaramque havia já uma diferença acentuada no hálito das meninas."Agora sim"! exclamou Curval ao retirar sua língua da goela de Augustine; "isso agorarepresenta pelo menos alguma coisa; só de beijar esta boca já fiquei de pau duro".Todo mundo concordou que houvera uma melhoria sensível.Como nada mais houve de novo ou extraordinário até a hora do café, vamos transportaro leitor diretamente ao salão. O café foi servido por Sophie, Zelmire, Giton e Narcisse. 0Duque disse estar absolutamente seguro de que Sophie era o tipo de moça que podiadescarregar; a experiência, em sua opinião, era indispensável. Pediu a Durcet para a observaratentamente e, deitando-a num divã, poluiu simultaneamente as bordas da sua vagina, seuclitóris e seu ânus, primeiro com os dedos, depois com a língua; e a Natureza triunfou: depoisde quinze minutos de atividade, a linda garotinha ficou irrequieta, agitou-se, ficou vermelha,suspirou, arquejou. Durcet chamou a atenção de Curval e do Bispo para todas aquelasmanifestações, pois os dois tinham duvidado da capacidade de descarga da garota; o Duquesugeriu que, corno sempre tivera confiança nessa capacidade, aos outros competiaconvencerem-se a si próprios, e por isso todos passaram a sorver aquele jovem esperma, e aboceta da pequena sem-vergonha deixou todos os lábios molhados. O Duque não conseguiuresistir a lúbrica atração da experiência; levantou-se e, acocorando-se por cima da criança,descarregou em sua boceta entreaberta e depois usou seus dedos para empurrar o máximode sua semente para o seu interior. Sua cabeça inspirada pelo espetáculo na sua frente,Curval agarrou na pequenina boceta e pediu outra coisa além de seu esperma; ela estendeusua bonita e suave bunda, o Presidente colou sua boca a mesma, o leitor inteligente não terágrande trabalho a pensar no que dali recebeu. Zelmire, entretanto, divertia o Bispo: primeiro,esfregou-lhe o pau, depois chupou-o, finalmente sugou seu fundamento. E durante todo essetempo, Curval estava sendo masturbado por Narcisse cuja bunda beijava ardentemente. Noentanto, ninguém além do Duque perdeu esperma: Duclos anunciara algumas histórias bonitaspara a tarde a qual, prometeu, deixaria a perder de vista tudo que tinha contado até a véspera,e os Senhores estavam com disposição para poupar suas forças para o auditório. Chegada ahora, passaram a suas alcovas, e essa interessantíssima mulher expressou-se da maneiraseguinte:"Um homem, cujas circunstâncias e existência até então ignorava por completo, disse anarradora, e a respeito de quem mais tarde pouco vim a saber, e, portanto, um homem arespeito do qual só posso dar um retrato imperfeito, enviou-me um bilhete, no qual meconvidava a ir a sua casa, na rue Blanche-du-Rempart, as nove horas da noite. Não tinhamotivos para desconfiar, sua nota dizia; embora não o conhecesse, podia estar certa de quenão teria razão de queixa se aceitasse seu convite. Dois luíses acompanhavam a carta e, adespeito de minha habitual cautela que certamente se devia ter oposto a minha aceitação deum convite de um homem de quem nada sabia, a despeito de tudo isso aceitei o risco,confiando não sei em que intuição que, em voz muito baixa, me dizia que nada tinha a recear. Eportanto fui: cheguei ao endereço dado. Fui recebida por um criado que me aconselhou a medespir inteiramente, porque, explicou, era preciso que eu estivesse inteiramente nua para medeixar entrar nos aposentos de seu amo; executei a ordem e imediatamente me viu no estadodesejado, levou-me pela mão, e tendo-me conduzido através de vários aposentosintermediários, bateu finalmente a uma porta. A porta abriu-se, entrei, o criado retirou-se, aporta volta a fechar-se; mas no que respeita a quantidade de luz no quarto, havia muito poucadiferença entre esse lugar e o interior de um chapéu, nem ar nem luz penetravam no quartoatravés de qualquer abertura. Mal acabo de entrar quando um homem nu surgiu e me agarrousem uma palavra; conservei minha calma, persuadida de que o negócio se resumia apenas aum pequeno derrame de esperma de uma maneira ou outra:., que uma vez terminado meuserviço, disse comigo mesma, terá terminado aquela aventura noturna. E por isso não perdinem um momento levando minha mão as suas virilhas, com a intenção de extrair o veneno domonstro o mais depressa possível. Descobri um pau muito grande, muito duro e também muitorebelde, o qual mal lhe toquei os dedos são afastados a força: meu oponente parece não terdesejado que eu descobrisse a menor coisa a seu respeito; fui levada até um banco e senteime.O libertino instalou-se perto de mim, e agarrando minhas mamas uma após a outra,espremeu e torceu as mesmas tão violentamente que protestei dizendo que me estavamachucando. Logo após sua brutalidade cessou, conduziu-me a um sofá elevado, e fêz-medeitar ao comprido no mesmo; depois sentando-se entre minhas pernas afastadas, começou afazer em minhas nádegas o que parou de fazer a meus seios: apalpou e apertou com violênciasem paralelo, afastou-as, comprimiu-as de novo, amassou-as, malhou, beija e morde, chupoumeu ânus, e como estes reiterados ataques eram menos perigosos desse lado do que opodiam ser do outro, fiquei calma e não ofereci resistência, e enquanto ele se divertiu com meuquarto traseiro perguntei a mim mesma qual poderia ser o propósito de todo aquele mistérioquando, afinal, as coisas que estava fazendo eram perfeitamente normais. Estava tentandoimaginar o que queria quando de repente meu homem começou a soltar uns gritos de fazergelar o sangue:"Corre, corre puta, foge, estou-te dizendo", gritou, "sai daqui puta, pois estoudescarregando e não me responsabilizo pela tua vida"!Como podem prontamente imaginar, meu primeiro movimento foi por-me de pé; vi umpequeno raio de luz — vindo através da porta por onde entrara — corro para ele — esbarro nocriado que me recebera a entrada — lanço-me em seus braços... Devolve-me minhas roupas,dá-me ainda dois luíses, abandono a casa imediatamente, muito satisfeita por ter escapadotão facilmente". "E tinha excelentes razões para se felicitar a si mesma", disse Martaine,"porque aquilo a que você se expôs foi meramente uma versão reduzida de sua paixão normal.Apresentarei de novo o homem, Senhores", aquela dama do mundo continuou, "mas numaspecto mais perigoso"."Creio que minha caracterização do homem será ainda mais sombria", disse Desgranges,"e desejo associar-me a Madame Martaine garantindo-lhe que você foi extremamente feliz porter passado apenas pelo que passou, pois o mesmo cavalheiro tem paixões muito maisinvulgares"."Mas vamos esperar e ouvir a história inteira antes de discutir a questão", o Duquesugeriu, "e, Duelos, trate de nos contar outra para afastar de nosso espírito a imagem de umindivíduo que indiscutivelmente nos excitará se continuamos ocupados com ele". "0 libertinocom quem a seguir tive contacto, Duelos continuou, desejava mulheres de busto muito bonito, ecomo isso é uma de minhas belezas, depois de o ter exposto ao seu escrutínio, preferiume aqualquer das outras mulheres de minha casa. Mas que uso quereria aquele desgraçadolibertino fazer de meus seios e rosto? Mandou-me deitar, inteiramente nua, num divã,escarranchou-se em meu peito, depositou seu pau entre minhas mamas, ordenou-me que asapertasse uma contra a outra com toda a força de que fosse capaz, e depois de uma brevecarreira, o perverso camarada inundou-as de esperma ao mesmo tempo que expectorava pelomenos vinte bocas cheias de cuspo, que aterraram todas em minha cara"."Bem", disse Adelaide, em cujo rosto o Duque acabava de cuspir, "não vejo necessidadede imitar essa infâmia. Já acabou"? continuou enquanto limpava o rosto. Mas o Duque nãotinha descarregado. "Acabo quando quiser, doce criança", o Duque respondeu; "lembre-sebem de que, se está viva, é só para obedecer e deixar fazer em você o que nos agradar.Continue com sua história, Duelos, porque posso fazer coisa pior e, adorando esta bonitacriatura como eu amo", disse, recorrendo a um pouco de troça, "não desejo inteiramenteultrajá-la"."Não sei, Senhores, Duelos disse ao recomeçar seu discurso, se já ouviram falar napaixão do Comandante de Saint-Elme. Tinha uma casa de jogo onde todas as pessoas queiam arriscar seu dinheiro eram habilmente tosquiadas; mas, a parte mais extraordinária de tudoisso, é que roubo de seus clientes costumava fazer endurecer o pau do Comandante: todas asvezes que roubava um homem descarregava nas calças, uma mulher com quem eu estava nasmelhores relações, e a quem ele mantinha há muito tempo, contoume um dia que, as vezes, acoisa aquecia-o tanto que era obrigado a procurá-la em busca de alívio do ardor que odevorava. Não se limitava a roubar os clientes na roleta; qualquer outra espécie de roubo eraigualmente atraente a seus olhos, não havia nada seguro quando ele estava nas proximidades.Se jantasse a mesa de alguém roubava as pratas; quando entrava nos aposentos de outrapessoa, pilhava as jóias, se perto das pessoas, apropriava-se da caixinha de rapé ou do lenço.Tudo estava sujeito a roubo: tudo o interessava profundamente desde que lhe pudesse deitaras mãos, e tudo lhe dava uma firme ereção, e o levava mesmo a descarregar assim quetivesse satisfeito sua vontade.Mas nessa sua excentricidade era certamente menos extraordinário do que o juizparlamentar com quem tive de me haver logo depois de minha chegada ao estabelecimento daFournier, e a quem tive como cliente durante muitos anos; sendo seu caso muito delicado sótratava comigo.O jurisconsulto tinha um pequeno apartamento alugado ao ano que dava para a place deGreve; uma velha criada vivia como governanta do apartamento, e seus únicos deveres eramestes dois: manter as instalações em boa ordem e mandar recado a seu amo quando eramvisíveis na praça os preparativos para uma execução. O juiz imediatamente se punha emcontacto comigo, dizendo-me que estivesse pronta; disfarçava-se e vinha buscar-me numacarruagem, e dirigíamos-nos a seu pequeno apartamento.No salão a janela de batente estava colocada de maneira tal que tinha uma vista direta eestava situada perto do cadafalso; ali nos podíamos colocar, o juiz e eu, por trás de umapersiana que tinha em uma de suas tábuas horizontais dois binóculos de teatro, e enquantoaguardava a chegada do paciente, o sábio carrasco de Temis divertiase numa cama que foracolocada perto da janela; enquanto esperava, como digo, beijava minha bunda, episódio que, apropósito, lhe agradava enorme-mente. Finalmente, a agitação da multidão anunciava achegada da vítima, o homem da toga voltava a seu lugar a janela e fazia-me tomar o meu aseu lado, com a injunção de esfregar lentamente seu pau, proporcionando meus movimentosao progresso da execução que estava a ponto de observar, de tal maneira que o esperma nãoescapasse até o paciente ter entregado sua alma ao criador. Tudo estava preparado, ocriminoso subia na plataforma, o jurista contemplava-o; quanto mais o paciente se aproximavada morte, mais furioso se tornava o pau do vilão em minhas mãos. A lâmina era levantada, alâmina descia, era nesse instante que descarregava: "Ah, bom Jesus"! dizia, "bom Cristo!como gostaria de ser o carrasco, e como a lâmina deslizaria melhor em minhas mãos".Além disso, as impressões de seus prazeres podiam ser medidas pelo método deexecução, um enforcamento produzia-lhe pouco mais do que uma leve sensação, um homemrebentado na roda levava-o ao delírio, mas se o criminoso fosse queimado vivo ouesquartejado, meu cliente desmaiava de prazer. Homem ou mulher, era a mesma coisa paraele"."Atrevo-me a dizer", observou uma vez, "que só uma mulher grávida teria um efeito maisforte em mim, e, infelizmente, a coisa não pode ser feita"."Mas, Meritíssimo", disse-lhe uma certa ocasião, "através de suas funções públicas osenhor cooperou na destruição desta infeliz vítima"."Mas é claro", respondeu, "e é isso precisamente que cria toda a diversão em mim; hámais de trinta anos que julgo e nunca pronunciei outra sentença além da de morte"."E o senhor supõe", disse-lhe, "que não tem, embora no mínimo, motivos para secensurar pela morte dessas pessoas, que tanto se assemelha a um assassinato"?"Esplêndido", murmurou; "será preciso, contudo, olhar tão de perto para a questão"?"Mas na sociedade uma coisa assim chama-se horror", protestei."Oh", replicou, "é preciso aprender a tirar o melhor partido do horror; no horror hámatéria para produzir uma ereção, sabe, e a razão disso é bastante simples: essa coisa, pormuito pavorosa que se queira imaginar, deixa de ser horrível assim que adquire o poder defazer descarregar; deixa, portanto, de ser horrível a não ser aos olhos dos outros, mas quemme garante que a opinião dos outros, quase sempre errônea ou defeituosa sob todos osoutros aspectos, o não é igualmente neste caso? Não há nada", prosseguiu,"fundamentalmente bom, ou fundamentalmente mau; tudo é relativo, relativo ao nossoponto de vista, isto é, a nossas maneiras, a nossas opiniões, a nossos preconceitos. Uma vezestabelecido o ponto, é extremamente possível que alguma coisa, per feitamente indiferenteem si própria, possa ser realmente desagradável a seus olhos, mas possa ser a mais deliciosaaos meus; e imediatamente a considero agradável, imediatamente a acho divertida,independentemente de nossa capacidade, de acordo na atribuição de um caráter a mesma,não seria eu um idiota se me privasse da mesma meramente porque você a condena? Vamos,vamos, minha querida Duclos, a vida de um homem é uma coisa de importância tãoinsignificante que se pode brincar com ela tanto quanto se quiser do mesmo modo que com avida de um gato ou de um cachorro; compete aos débeis e fracos defenderem-se a sipróprios, têm virtualmente as mesmas armas que possuímos. E como você é tão escrupulosa",meu homem acrescentou, "estrelas minhas! que pensaria você da fantasia de um de meusamigos"?E, com licença de Vossas Senhorias, terminarei a noite relatando, como minha quintahistória, o caso que o juiz me contou.Este jurista filosófico disse-me que seu amigo só tratava com mulheres condenadas amorte. Quanto mais próximo o momento em que lhe fossem entregues, estivesse de suamorte, melhor pagava por elas. Mas insistia em que a conferência se realizasse depois denotificadas de sua sentença. Graças a sua posição na sociedade, ao alcance fácil destaespécie de presa, nunca deixava nenhuma escapar pelos dedos e", meu informante continuou,"já o vi pagar cem luíses por esse gênero de encontro. Contudo, não as aproveitacarnalmente, ou antes, nada requer delas a não ser que lhe mostrem as nádegas e caguem nasua frente; quanto a sabor de merda, nada há, ao que afirma, que se aproxime do dasmulheres que sabem que vão ser executadas. Não Se poupa esforço algum para conseguiruma destas entrevistas particulares, e é claro, como os Senhores podem muito bem supor,não deseja ser conhecido pela vítima. Às vezes faz-se passar por confessor, outras por amigoda família, e suas propostas são sempre fortificadas pela promessa de que, se entregarem aseus pequenos caprichos, muito possivelmente poderá ajudar as pobres vítimas."E depois de terminar, quando se satisfez, como, minha querida Duelos", disse o juiz,"imagina você que ele conclui esta operação? Exatamente como eu, minha digna amiga;reserva seu esperma para o clímax, e liberta-o finalmente quando diante de seus olhosdeleitados a pessoa condenada expira". "Ah, isso é a verdadeira vilania", comentei."Vilania"? interrompeu. "Minha querida filha, tudo isso é pura conversa, palavras. Nadaque provoque uma ereção se pode considerar vilania, e o único crime que existe neste mundoé a pessoa recusar-se alguma coisa que possa produzir uma descarga". "E era assim que elenada se recusava", disse Martaine; "Madame Desgranges e eu teremos, ou pelo menosesperamos ter, ocasião para distrair a companhia com algumas anedotas lúbricas e criminosasrelativas a este personagem"."Excelente", disse Curval, "pois aí esta um homem a quem já admiro muito. É assimmesmo que se deve raciocinar acerca dos prazeres próprios, e sua filosofia agrada-meinfinitamente. É verdadeiramente incrível como o homem, já restrito em todos seusdivertimentos, em todas as suas faculdades, tenta ainda apertar o escopo de sua existênciaatravés de seus preconceitos desprezíveis. Por exemplo, não se suspeita geralmente daslimitações impostas a todos os seus deleites, por aqueles que promovem o assassinato acrise, privam-se a si próprios de cem alegrias, cada uma mais deliciosa do que a outra,atrevendo-se a adotar a ilusão odiosa que forma esse disparate particular. Que diabo dediferença pode fazer a Natureza que haja um, dez, vinte, quinhentos seres humanos a mais oumenos na Terra? Os conquistadores, heróis, tiranos — regulam-se por essa lei absurda?Alguém os ouve dizer que não devemos fazer aos outros aquilo que não queremos que nosfaçam? Realmente, meus amigos, digo-lhes francamente que tremo e gemo quando ouçoloucos atreverem-se a dizer que é essa a Lei da Natureza, etc... Deus Misericordioso! todasequiosa de crimes e assassinatos, é para fazer com que eles sejam cometidos, para osinspirar, que a Natureza forjou sua lei, e o mandamento que grava profundamente em nossoscorações é satisfazermo-nos seja a que custo for. Mas, paciência: terei talvez, brevemente.uma ocasião melhor para expandir estas questões, fiz o estudo mais profundo das mesmas e,comunicando minhas conclusões, espero convencê-los, como eu o estou, de que a únicamaneira de servir a Natureza é responder cegamente a seus desejos, seja qual for suaespécie, porque, para se manter o equilíbrio divino que ela universalmente estabeleceu. sendoo vício tão necessário ao esquema geral como a virtude, tem por hábito incitar-nos a fazer isto,ora a fazer aquilo, segundo o que de momento é necessário a seus desígnios. Sim. meusamigos, discutirei um dia isso diante de vós, mas de momento preciso ficar calado. pois tenhoesperma que precisa sair, esse camarada diabólico das execuções fez com que meus colhõesficassem terrivelmente cheios". E o Presidente partiu para o boudoir no final do corredor: comele foram Desgranges e Fanchon, suas duas queridas amigas, que eram tão safadas quantoele; e com o Presidente foram também Aline, Sophie, Hébé, Antinous e Zéphir. Tenho poucasinformações concretas a respeito daquilo que passou pela cabeça do libertino fazer no meiodaquelas sete pessoas, mas sua ausência foi prolongada e ouviram-se seus gritos: "Vem,chega, volta deste lado, ouviu? Mas não foi isso que eu disse para você 'fazer" e outrasobservações irritadas intercaladas com pragas das quais reconhecidamente era grande devotoquando se dedicava a cenas de devassidão; as mulheres voltaram finalmente, seus rostosmuito vermelhos, seus cabelos muito desalinhados, e com o ar de terem sido muitofuriosamente malhadas e agredidas a pontapé em todos os sentidos. Entretanto, o Duque eseus dois amigos pouca coisa fizeram, e de todos apenas o Bispo descarregou e de umamaneira tão extraordinária que é melhor nada dizermos. de momento acerca da mesma.Foram para a mesa da ceia, onde Curval filosofou um pouco mais, pois. com essehomem, as paixões não tinham a menor influência nas doutrinas: firme em seus princípios, eraigualmente ateu, iconoclasta e criminoso depois de ter derramado seu esperma ou antes,quando estava em fermento lúbrico, e é assim, precisamente, que deviam ser todas aspessoas sensatas e equilibradas. 0 esperma não devia poder ditar ou afetar nossos princípios;nossos princípios é que deviam regular nossa maneira de o derramarmos. E quer se esteja depau duro, ou não, nossa filosofia, agindo independentemente das paixões, devia ser sempre amesma.O divertimento nas orgias consistiu numa verificação que até então não tinha sidoefetuada, mas que, não obstante, foi interessante: os Senhores decidiram determinar quemtinha a bunda mais bonita, entre os rapazes, e entre as meninas. E assim, primeiramentefizeram os oito meninos formar uma linha: estavam de pé, sim, mas por outro lado, forammandados inclinar-se um pouco para a frente, pois é essa a única maneira de julgarconvenientemente uma bunda. O exame foi muito prolongado e muito severo, opiniõescolidiram, opiniões mudaram, foram retificadas, cada bunda foi inspecionada quinze vezes e amaçã foi acordada a Zéphyr; foi unanimemente acordado que era fisicamente impossível acharcoisa mais perfeita, mais bem moldada, melhor fendida.Depois voltaram-se para as meninas, que adotaram a mesma postura. A deliberação foiinicialmente lenta, prolongada, provou ser quase impossível distinguir entre Augustine, Zelmiree Sophie. Augustine, mais alta, mais bem feita do que as outras duas, teria sem dúvidatriunfado se o júri fosse composto por pintores; mas libertinos gostam mais de graça do quede exatidão, de corpulência do que de regularidade. Havia contra si um traço a mais demagreza e delicadeza; as outras duas concorrentes ofereciam uma compleição tão fresca, tãosaudável, tão gorducha, nádegas tão brancas e rechonchudas, umas costas cujas linhasdesciam tão voluptuosamente, que Augustine foi eliminada de consideração ulterior. Mas comoiriam decidir entre as duas que restavam? Depois de dez tentativas de votação, as opiniõescontinuavam igualmente divididas.Finalmente, Zelmire ganhou o prêmio; os dois encantadores vencedores foram reunidos,beijados, apalpados, esfregados para o resto da noite, Zelmire foi mandada esfregar o pau deZéphyr o qual, descarregando como um mosquete, proporcionou, nos espasmos do prazer, oespetáculo mais encantador; depois, por sua vez, esfregou a boceta da jovem que só faltoudesmaiar em seus braços, e todas estas cenas de lubricidade indescritível, provocaram aperda de esperma do Duque e de seu irmão, mas apenas excitaram moderadamente Curval eDurcet, que concordaram necessitar sim, mas de cenas menos bucólicas, muito menosetéreas, para que suas almas endurecidas se alegrassem, e que todas aquelas brincadeirasencantadoras serviam apenas para crianças. Foram dormir, e Curval, mergulhadoprofundamente na lama de novas infâmias, compensouse pela: ternas pastorais a que foraobrigado a assistir. Era dia de casamento, e a vez de Cupidon e Rosette serem unidos pelosagrado matrimonio, e ainda por outra fatal combinação de acidentes, estavam ambos na listados castigos dessa noite. Como não se apanhou ninguém em falta nessa manhã, essa parteinteira do dia foi devotada a cerimônia do casamento, e depois de determinado este, osrecém-casados foram levados ao salão para ver o que faziam um ao outro. Os mistérios deVênus eram muitas vezes celebrados, como sabemos, na presença das crianças; embora atéentão nenhuma delas tivesse tido qualquer papel importante nos mesmos, estavamsuficientemente entranhadas na teoria da coisa para poderem executar tudo que há a fazer.Cupidon, seu pau muito rigidamente levantado, insinuou seu pequeno batoque entre as coxasde Rosette, e ela emprestou-se a essas manobras com todo o candor da mais pura inocência;o rapaz estava atuando tão bem que estava provavelmente no caminho do sucesso quando oBispo, tomando-o nos braços, pos em si próprio aquilo, que, imagino, a criança teria gostadoimenso de por na sua jovem esposa; enquanto perfurava o amplo buraco do Bispo, olhava-acom olhos de pesar, mas ela logo ficou ocupada: o Duque foi-lhe nas coxas. Curval aproximouseda maneira mais lúbrica para afagar a bunda do pequeno fodedor do Bispo, e como abonita bundinha em questão estava, de acordo com as instruções, no estado desejado,lambeu-a e começou a ficar de pau duro. Durcet dedicava-se as mesmas habilidades com agarotinha que o Duque segurava com o peito voltado para si.No entanto, ninguém descarregou e os Senhores foram jantar; os jovens noivos, queforam admitidos a mesa, serviram também o café juntamente com Augustine e Zelamir. E avoluptuosa Augustine, profundamente aborrecida por não ter ganho o prêmio de beleza danoite anterior deixara, como se por mau humor, seus cabelos num estado de desarranjo quelhe davam um ar mil vezes mais intrigante. Curval ficou agitado ao vê-la, e examinando suasnádegas:"Não consigo compreender como esta safada não ganhou a palma", disse o Presidente,"pois o diabo me carregue se no mundo inteiro há uma bunda melhor do que esta".Assim dizendo, abriu essa bunda, e perguntou a Augustine se ela estava pronta parafazer uma grande gentileza a seu velho amigo. "Oh, sim", respondeu, "um favor bem grande narealidade, porque tenho de libertar-me do que tenho aqui".Curval deita-a num sofá, e ajoelhando-se diante daquele radiante traseiro, devora seuconteúdo num relâmpago."Sagrado nome de Deus", diz o magistrado, lambendo os lábios, voltando-se para seuscolegas e mostrando o seu pau batendo em sua barriga. "Estou em estado de fazerfuriosamente uma coisa ou outra"."E que seria"? perguntou o Duque, que gostava muito de fazer o Presidente dizerhorrores quando se encontrava naquele estado particular."O quê"? Curval disse, "Ora, qualquer infâmia que deseje propor, mesmo que sejadesmembrar a Natureza ou desparafusar o universo"."Vamos embora", disse Durcet ao vê-lo deitar uns olhares furiosos na direção deAugustine, "vamos ouvir Duelos, são horas de a ouvir. Estou convencido", continuou, dirigindoseaos outros, "de que se lhe põe o dente, a patinha vai passar uma mau quarto de hora"."Oh, sim"! disse o inflamado Presidente, "muito mau, posso garantir". "Curval", disse oDuque, cujo pau se agitava no ar como uma lança ameaçadora e que acabara de subtrair umpouco de merda de Rosette. "os outros que nos confiem o harém durante duas horas e vão vero que somos capazes de fazer".Durcet e o Bispo, no momento mais calmos do que seus coproprietários, pegaram emcada um destes pelo braço, e foi assim, isto é, calças caídas até os tornozelos e paus no ar,que os libertinos fizeram sua solene entrada no auditório, onde a assembléia estava já reunidae pronta a ouvir as últimas façanhas de Duclos; tendo a narradora antecipado pelo estado dosdois cavalheiros, que logo seria interrompida, começou nestes termos:"Um nobre da corte, de cerca de trinta e cinco anos de idade, procurou-me e pediu umadas mulheres mais bonitas que eu pudesse conseguir. Nada disse que indicasse sua maniafavorita, e para satisfazer qualquer necessidade que pudesse ter, dei-lhe uma jovem costureiraque nunca assistira até então a qualquer cena de devassidão e que era incontestavelmenteuma das criaturas mais adoráveis de que a França se podia orgulhar. Apresentei-os um aooutro, e curiosa por observar o que ia acontecer, corri para meu posto de observação noburaco da parede"."Onde diabo foi Madame Duelos", começou por dizer, "descobrir uma sirigaita comovocê? Andou rebuscando no esterco de alguém? Você devia ser criada de algum soldadoquando a foram buscar".E a jovem, corando de vergonha até as orelhas, pois não fora avisada de nada, ficou semsaber que atitude tomar."Bem, então tire suas roupas", o cortesão exigiu. "Meu Deus, mas você é uma porcariahorrorosa! Já vi putas feias em minha vida, mas nunca vi uma como você, nem tão estúpida.Hei e então? Conseguiremos acabar com isto hoje? Ah, sim, aí está o corpo que louvam atéaos céus. Sagrada Mãe, mas que tetas, até parece que foram arrancadas a uma vaca velha"."Nem uma senhor, posso garantir"."Oh, estou vendo, nem uma eh! E assim que todas estas putas falam; basta ouvi-las paranos tentarem convencer de que são todas virgens... Bem, ande um pouco, dê a volta... infamebunda que você arrasta por aí. Nádegas caídas, asquerosas — agora compreendo comodisseram que você era invulgar. Deve ter preciso uma data de pontapés para ficar assim".E deixem que lhes diga, Senhores, que a bunda a que o homem se referia era tão bonitacomo se pode imaginar. De qualquer maneira, a moça começou a ficar irritada; quase pudesentir o tremor de seu coração, e vi seus olhos ficarem preocupados, depois úmidos. E quantomais perturbada ficava, mais energicamente o safado a tentava mortificar. Não posso lembrarmepossivelmente de todas as coisas desagradáveis que lhe disse; não se dizem coisas maisofensivas, cruéis a criatura mais vil, mais infame. Finalmente, um nó cresceu em sua gargantae as lágrimas começaram a correr. Foi a esse último desenvolvimento que o libertino, que sevinha poluindo com toda sua força, reservara o buquê de suas ladainhas. É uma vez maisimpossível reproduzir todas as horríveis observações que fez a sua pele, figura, feições, onojento odor que disse sair da moça, como criticou seu comportamento, sua mente; emresumo, a tudo recorreu, tudo inventou, tudo para humilhar seu orgulho, e descarregou porcima de todo seu corpo enquanto vomitava atrocidades que um varredor de ruas nunca seatreveria a sonhar. A cena teve um desfecho muito divertido: a moça parece tê-la tomadocomo uma lição, e isso a levou a fazer um juramento; jurou que nunca mais se exporia asemelhante aventura, e uma semana mais tarde soube que entrou para um convento para oresto de sua vida. Relatei isso ao homem, que achou tudo isso prodigiosamente divertido e quemais tarde me pediu novas moças para converter.Um outro, Duclos continuou, pediu-me que lhe arranjasse moças extremamente sensíveisque aguardassem notícias de acontecimentos cujo desfecho desfavorável lhes provocasseacessos de profunda mágoa. Tive grande dificuldade em descobrir alguém quecorrespondesse a esta descrição, e era virtualmente impossível impingir-lhe um paliativo. Sabiao que queria, há anos que se dedicava a essa brincadeira, e em olhar era suficiente para lhedizer se o golpe que queria vibrar acertaria em cheio no alvo. E por isso não fiz esforço algumpara o enganar, e consegui de alguma maneira conseguir-lhe moças no estado mental quedesejava. Descobri um dia uma criada que aguardava notícias de Dijon de um jovem ao qualadorava e que chamava Valcourt. Apresentei a moça ao libertino. "Onde nasceu, senhorita"?perguntou a moça de maneira decente e respeitosa. "De Dijon, Senhor"."De Dijon? Mas, que estranha coincidência, pois acabo de receber uma carta de Dijoncontendo novidades que muito me entristeceram"."E de que se trata"? a moça perguntou com grande interesse: "Conheço todo mundo nacidade, e quem sabe se essas notícias terão interesse para mim"."Oh, não creio", nosso homem respondeu, "só me dizem respeito a mim; trata-se damorte de um jovem — de quem eu gostava profunda-mente, tinha-se casado recentementecom uma moça que meu irmão, que também reside em Dijon, lhe apresentara, moça por quemestava apaixonadíssimo, e no dia seguinte ao casamento, morreu sübitamente". "E como sechamava o rapaz"?"Chamava-se Valcourt; nasceu em Paris", e o libertino citou a rua e o número ondeValcourt vivera. "Você não deve tê-lo conhecido com certeza".Mas a jovem desmaiara.Logo após o libertino, fora de si com prazer, balbuciou uma série de palavrões,desabotoou suas calças, e começou a esfregar seu pau no soberbo corpo da mulher. "Ah, porDeus! é isto que quero. Vamos depressa agora", disse para si mesmo, "as nádegas, sópreciso das nádegas para descarregar".E fazendo-a voltar-se, e levantando-lhe as saias, lança sete ou oito jatos de esperma nabunda imóvel da moça, e depois retirou-se sem um pensamento pelas conseqüências do quedisse, ou pelo que viesse a acontecer a infeliz criatura"."E ela morreu como resultado disso"? inquiriu Curval, que estava sendo vigorosamenteenrabado."Não", Duclos respondeu, "mas adoeceu e ficou seis semanas de cama"."Boa piada, sim senhor"! disse o Duque. "Mas", continuou o safado, "mas preferia queseu homem tivesse escolhido a época de sua menstruação para lhe fazer a revelação"."Sim", declarou Curval, "sem dúvida. Mas, Senhor Duque, diga-nos a verdade; seu pauestá no ar, posso notar daqui: o senhor teria preferido que ela morresse na hora, não é"?"Bem", como quiser", respondeu o Duque. "Se prefere assim, concordo, porque, sabe,não tenho grandes escrúpulos pela morte de uma mulher"."Durcet",. disse o Bispo, "se você não manda estes dois malandros lá foradescarregarem, esta noite vamos ter festa"."Ah, não diga isso", Curval disse, dirigindo-se ao prelado, "você tem medo de seurebanho. Mas que diferença fazem dois mais ou menos? Bem, o Senhor Duque, ouviu asugestão do Monsenhor, vamos para o aposento, mas vamos juntos, pois é mais do queevidente que os dois cavalheiros querem evitar um escândalo esta noite".Mal o disseram, já o fizeram; e nossos dois libertinos fizeram-se seguir de Zelmire,Augustine, Sophie, Colombe, Cupidon, Narcisse, Zélamir, Adonis, escoltados por Clivador deBundas, Invictus, Thérese, Fanchon, Constance e Julie. Seguiu-se um breve intervalo, depoisouviram-se os gritos de duas ou três mulheres e a seguir os urros de nossos dois devassosque derramaram seu esperma ao mesmo tempo. Augustine reapareceu, limpando seu narizsangrento, os seios de Adelaide cobertos por um lenço. Quanto a Julie, sempresuficientemente libertina e esperta para passar por qualquer provação sem conseqüências, riacomo uma pessoa histérica e dizendo que não fosse ela os dois não teriam conseguidodescarregar. O resto da companhia voltou; Zelamir e Adonis tinham ainda suas nádegas cheiasde esperma. Tendo garantido a seus confrades que se tinham comportado com toda adecência e moderação possível, que nada se lhes podia censurar, e agora perfeitamentecalmos estavam em condições de ouvir, os Senhores deram a Duclos ordem para continuar oque ela fez nos termos seguintes:"Lamento sinceramente a precipitação do Senhor Curval em se aliviar de suasnecessidades, disse a soberba criatura, pois tenho duas histórias de mulheres grávidas acontar-lhe, as quais lhe teriam sem dúvida dado grande prazer. Conheço seu gosto pela frutaguardada, e estou certa de que, se tiver ainda uma centelha de calor, em seus intestinos,estas duas histórias o divertiriam"."Mas conte da mesma maneira", disse Curval. "Você sabe, espero, que uma descarga amais não tem importância nenhuma em meus sentimentos, e que no momento em que estoumais apaixonado pelo diabo é sempre aquele que se segue a uma"."Muito bem, Duclos disse, conheci um homem cuja mania tinha estreita ligação com aobservação de uma mulher dando a luz; começava a esfregar seu próprio pau no momento emque começavam os trabalhos da mulher, e costumava descarregar em cima da cabeça doinfante a frente de sua vítima.Um segundo empoleirava uma mulher grávida de sete meses num pedestal isolado demais de 5 metros de altura. A mulher era obrigada a conservar seu equilíbrio, e seu espíritonaquilo que estava fazendo, pois que por pouca sorte ficasse tonta, ela e seu filho seriamdefinitivamente arruinados. 0 libertino de que falo, muito pouco afetado pela situação da pobrecriatura cuja habilidade acrobática pagava, conservava a infeliz no poleiro até descarregar, eesfregava seu pau diante da mulher ao mesmo tempo que dizia: "Ah, que estátua linda, queorna-mento bonito, a imperatriz em seu trono". "Bem, Curval, você sacudia a coluna, nãosacudia"? disse o Duque."Ah, nada disso, você está enganado; tenho muito respeito pela Natureza e por suasobras. Não é a mais interessante de todas elas a propagação de nossa espécie"? Não umaespécie de milagre que devemos adorar incessantemente e ter o interesse mais caloroso porquem o pratica? Pela minha parte nunca vejo uma mulher grávida sem ficar comovido; pensemum momento que coisa maravilhosa é a mulher, exatamente como um forno, chocar um poucode ranho no fundo de sua vagina. Há coisa mais bonita, mais encantadora do que isso?Constance, querida moça, vem aqui, pelo que me deixe beijar o santuário no qual neste precisomomento um profundo mistério está em progresso".E quando se viu com ela em sua alcova, não perdeu muito tempo procurando o templo aque queria ministrar. Mas há razões para supor que Constance encarou suas intenções de umamaneira um tanto diferente, ou, pelo menos, só acreditou em metade de suas profissões, poisum instante depois ouviu-se soltar um grito que não tinha relação alguma com asconseqüências de uma reverência ou homenagem. Depois o silêncio voltou a reinar;observando que tudo estava calmo, Duclos concluiu suas narrações com a seguinte história:"Conheci um homem, disse ela, cuja paixão consistia em ouvir crianças lamuriarem echorarem; precisava de uma mãe com um filho no máximo de três ou quatro anos. Mandava amãe dar a criança uma boa surra; isso tinha que ser feito na sua frente, e quando a pequenacriatura, despertada por tal tratamento, começa a berrar, a mãe devia pegar no pau do semvergonha, apontando a glande ao rosto da criança, no qual descarregava quando a criançafazia mais barulho"."Agora, aposto", disse o Bispo a Curval, "que esse camarada era tão amigo damultiplicação quanto você"."Não me atrevo a dizer", Curval concedeu. "Deve ser, de acordo com o argumento deuma senhora reputadamente possuidora de uma grande reserva de sabedoria, deve ser, diziaeu, um grande safado; porque, de acordo com os pensamentos da mulher, os homens que nãoamam os animais, crianças ou mulheres de barriga inchada, são monstros que merecem serpostos em jaulas. Bem, segundo a opinião dessa agradável velha louca, meu caso foi ouvido edecidido e retirado da agenda", o Presidente disse, "porque sem dúvida não tenho afetonenhum por nenhuma dessas três coisas".E como já era tarde, e as interrupções tinham consumido uma grande parte da sessão,foram diretamente para a ceia. À mesa, debateram as questões seguintes: que necessidadetem o homem de sensibilidade? Curval provou que nada há de tão perigoso, e que a bondadehumana é o primeiro sentimento a extirpar das crianças, fazendo-as acostumarem-se desdepequenas aos espetáculos mais ferozes. Tendo cada um abordado o problema de maneiradiferente, através de longos e inúmeros atalhos acabaram finalmente por concordar comCurval. Terminada a ceia, o Duque e o Presidente foram de opinião que as mulheres e ascrianças deviam ser mandadas dormir, e propuseram que as orgias fossem um torneioexclusivamente masculino; todos concordaram, a idéia foi adotada, os Senhores recolheram-sea seus aposentos com os oito fodedores e passaram quase a noite inteira fazendo-se enrabare tomando licores. Caíram na cama duas horas antes da alvorada, e a manhã trouxe consigo,eventos e histórias que o leitor talvez ache interessantes se der ao trabalho de ler o que sesegue.
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Os 120 Dias de Sodoma ou a Escola da Libertinagem
Romance"Aconselho o leitor excessivamente recatado a por meu livro imediatamente de lado, para não ficar escandalizado, pois é já evidente que não há muito de casto em nosso plano, e atrevemo-nos desde já a garantir que o haverá ainda menos na execução...