""Se você chegou até aqui, leu a sinopse, então não vou re-postá-la, OK.""
Desembarco do navio e inspiro o ar da nova cidade, ele cheira á cinzas, ainda que o incêndio tenha sido á quatorze anos, mas cheira indiscutivelmente melhor que o navio e seus trinta e nove marujos fedorentos.
-Will, aqui meu amigo venha - ouço uma voz familiar - sou eu, Ezequiel, mudei muito desde a Academia de Letras.
Meu amigo Ezequiel o qual não vejo há oito anos; desde que minha família faliu ele foi o único amigo que ainda me escrevia.
-Para onde foi todo aquele cabelo loiro rebelde? - digo o abraçando - você está muito alto Ezequiel!
Ele ainda me segura pelos ombros e sorri para mim.
-Já faz muito tempo Will - ele diz nostálgico - tínhamos treze anos, e muitos sonhos, mas agora somos homens feitos - ele passa o braço por cima de meus ombros e pega minha maleta - vamos até a casa da tia Josefine, lá conversaremos mais á vontade.
Eu noto que ele não mudou muito em personalidade, continua espontâneo e autêntico, o tipo de pessoa que não envelhece nunca, este é Ezequiel.
-Claro, espero que sua tia me reconheça Ezequiel, ela não me vê a muito tempo.
Ele bate em meu ombro.
-Tem razão Will, agora você até parece um homem - ele ri alto.
Caminhamos pela cidade e ele me mostra alguns lugares, como o bordel local, a saloon, uma livraria, o mercado, a loja de ocultismo a qual ele fechou a cara, e uma avenida onde tinha uma loja de ternos, outra de camisas, uma de vestidos e uma sapataria, o resto da cidade pareceu monótona a minha visão britânica.
Chegando na casa dele, após andarmos um pouco pelo campo, me deparo com uma casa modesta, mas bem ampla, com janelas largas e uma varanda com cadeiras e gaiolas de pássaros.
Na sala me deparo com uma mulher de aparência madura, mas jamais se aplicaria a palavra "velha" a ela, com um vestido amarelo e o cabelo ruivo escondido num chapéu também amarelo, com sapatos brancos e com um cigarro na boca, ela se levanta para me olhar.
-Tia Josefine, este é o meu amigo - ele é interrompido por ela.
-William Blackthorne, eu reconheceria este olhar em qualquer lugar, mas como está crescido este rapaz - ela me analisa - tão alto, e com os cabelos e olhos escuros dignos de um Blackthorne, mas o queixo delicado de um Goldmayer, igual a sua mãe.
Eu me atenho aos elogios dela, como de costume o cabelo negro me precede em toda a Londres, e o "queixo" delicado também me faz um sucesso com as mulheres, que acreditam que meus filhos com elas terão o queixo dos Goldmayers, como na pintura no palácio de Buckingham.
-Obrigado, se bem lembro a senhora e minha mãe sempre foram boas amigas não é mesmo ?
Meu comentário me força a pensar mais um vez em minha mãe, como se já não pensasse nela todos os dias.
-Sim estudamos juntas, ela amou seu pai intensamente, até que a febre á levou infelizmente - ela suspira - todos queriam se casar com ela, tão bela - ela fez uma pausa - enfim, sinta-se em casa rapaz, mas não vague por ai durante á noite.
Olhei para Ezequiel, mas a expressão dele não entregou nada.
Por fim, fui para o quarto, por sinal muito maior do que o que eu dormia na Academia, após minha mãe falecer pela febre quando eu tinha cinco anos, meu pai passou a escrever livros de terror, e se isolar, enquanto meu tio tomava de conta da galeria da família, a qual ele faliu e meu pai se afogou em uma fonte enquanto estava bêbado uma noite, a noite do aniversário da morte dela, eu tinha dez anos.
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O Conto da Venda da Alma de William Blackthorne
FanfictionMeu nome é William Blackthorne, e vou te contar como perdi minha alma. Dentre as muitas lendas da cidade de New Orleans, uma delas encanta as jovens turistas todo ano, a do Devorador de Almas, ou Hollow como alguns que contam resolveram me chamar, m...