Capítulo 25

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Quando despertou, percebeu que seu leito estava vazio. Ficou surpresa, esperava que ele chegaria tarde, mas se deitaria ao seu lado para passar a noite.

Levantou-se e imediatamente se vestiu, desceu pelas escadas com pressa. Procurou por Sophie e a encontrou organizando a sala de estar, com outras criadas 

Chamou de canto, e questionou:

-- Lorde Nicholas não chegou de viagem?

-- Infelizmente, não. Estamos aguardando alguma mensagem da parte dele.

-- Oh, meu Deus. Será que aconteceu alguma coisa?

-- Talvez não tenha resolvido seus assuntos ontem, decidiram prorrogar a viagem. Fique tranquila que isso é comum.

-- Mas nem ao menos um aviso?

-- O responsável pelos avisos é Gabriel. Temos pessoal nas fronteiras da propriedade esperando o menino. Se ele parou para descansar, deve estar dormindo. Gabriel tem um sono que não tem explicação.

Sophie falava sorrindo, sabia como tranquilizar os anseios de Beatrice.

Mais tarde, receberam um recado do lorde pelas mãos de Gabriel, dizendo que estava ocupado e dentro de alguns dias, retornaria.

Durante uma semana, Beatrice se dedicou exclusivamente as aulas de piano. Maestro Mc Douglas a fez companhia todos os dias. Após as aulas, saíam para caminhar pelo jardim.

Sua presença a confortava. Ele lhe contava histórias de suas viagens e apresentações, tinha sempre uma maneira de fazer com que Beatrice não se afligisse com saudades do lorde.

Completando-se dez dias desde sua partida, a caravana do Lorde adentrou pelos portões das Colinas Violetas. Beatrice estava no jardim e pode ver ao longe.

Animada e frenética por encontrar o marido, pôs-se a espera.

Quando ele desceu da carruagem, os braços de Beatrice enlaçaram seu pescoço quase que imediatamente.

-- Mi lady…-- ele sussurrou, entre os beijos apaixonados. -- Como senti sua falta!

-- Por favor, não faça mais isso! Pensei que fosse morrer de saudades…

-- Eu sei, eu também… mas agora estou aqui, minha adorada.

Entraram pelas portas do castelo e Sophie vinha ao encontro, sorridente. Certamente, ela também sentira falta dele. Entretanto, Sophie se limitou a uma reverência educada, ao invés de um abraço caloroso.

Beatrice sabia que Sophie estava se policiando, para que as paranóias dela evitassem de deixá-la em crise novamente.

Nos seus aposentos, o lorde tirava os calçados enquanto Beatrice o questionava sobre a viagem. 

-- Onde esteve tanto tempo?-- ela dizia, curiosa.

-- Estive longe, querida. Tive que ficar naquele chalé que visitamos, pois não compensava voltar para cá todas as noites.

-- Certamente era algo que exigia sua atenção.

-- Muita. Mas finalmente estou em casa, e carente de seus braços, minha adorada…-- ele resmungou, enlaçando seus braços em seu corpo.

Se envolveram num beijo apaixonado e Beatrice estava necessitada desses beijos. Queria as mãos do lorde tocando seu corpo com paixão, queria seu corpo colado no dele e também deleitar dos prazeres mais sórdidos em seus braços.

No mesmo instante, suas roupas estavam aos seus pés e a boca do lorde explorava seu corpo. Beatrice foi jogada na cama e o corpo do lorde cobriu o seu, sem demora, sem rodeios a possuiu rapidamente, sedento.

Estivera pensando nesse momento em todos os momentos daqueles dez dias. Saudade do corpo de sua amada, do seu cheiro e do seu calor.

Após o reencontro adoroso, Beatrice saciou suas saudades, ficaram o resto daquele dia na cama. O lorde lhe contou coisas fantásticas que já tinha vivido, aventuras e como era a vida de um homem de confiança de Vossa Majestade.

Aquele dia, Beatrice não teve aula de piano. Dedicou-se exclusivamente ao seu lorde.

Durante o jantar, enquanto estavam ainda sentados à mesa, Dominic entrou agitado. Fez uma reverência e disse, aflito:

-- Meu senhor, preciso lhe falar.

O lorde nem respondeu, apenas se levantou e ambos se afastaram. Beatrice entendeu o que aquilo significava. Alguns minutos depois, ele retornou e disse-lhe, sussurrando:

-- Infelizmente preciso partir.

-- Agora?

-- Sim. Dominic está me aguardando com a carruagem.-- beijou-a intensamente e continuou:-- Espero estar de volta em breve.

Em instantes, o lorde já havia deixado o Castelo. Beatrice deixou a mesa de jantar e se recolheu para seus aposentos. 

Uma mistura de melancolia e solidão se apossou de seu íntimo. Por que ele me deixa sozinha?, Pensou, enquanto tirava suas vestes elegantes e as substituia por uma camisola confortável.

Sophie entrou nos aposentos, cabisbaixa.

-- Sinto muito, mi lady. Sei que queria que o lorde ficava por mais tempo.-- ela comentou, puxando a colcha da cama e ajeitando os travesseiros para que Beatrice se deitasse.

-- Obrigada, Sophie. Mesmo que esse Castelo seja incrível e eu não esteja realmente sozinha, tenho a sensação de extrema solidão…-- ela resmungou, deitando-se.

-- eu estou do seu lado, minha senhora.

Beatrice segurou as mãos frias da amiga. Certamente Sophie entendia bem essa solidão. Não tinha família nem um pretendente, vivia para o Castelo Verde e para o Lorde. Sua vida se resumia aquilo.

-- Não tem vontade de ir embora, Sophie?

-- E para onde eu iria? Aqui é minha casa.

-- Estou falando de procurar um sentido para a vida.

-- Eu gosto de viver aqui. Gosto de tomar conta do Castelo, tenho amigos aqui. Não sei para onde iria.

-- Que bom que está satisfeita com sua vida.

-- Eu não estou satisfeita, minha senhora. Mas me conformo.

Aquelas palavras foram no âmago de sua alma. Sophie estava apenas conformada e aquilo era muito triste.

Pensou naquilo até pegar no sono, o que demorou um pouco para acontecer.

Na manhã seguinte, enquanto fazia seu melhor para absorver as lições que o Maestro se esforçava para ensinar, Beatrice ficou furiosa.

-- Maestro, eu decidi que não quero mais estudar.-- revelou-se, fechando os livros.

-- Lamento se não estou sendo um bom professor.-- sua voz saiu magoada.-- pode me dizer onde posso melhorar.

-- Estou cansada. Não há nada de errado contigo.

O Maestro estava bem vestido, elegante, sempre perfumado. As vezes flertava com Beatrice, entretanto sempre sorrisos singelos e elogios puros.

Por um instante, Beatrice desejou ser casada com ele. Um homem presente e inteligente, percebia cada sutil mudança em suas feições e sentimentos. 

Reprimiu esses pensamentos, voltando a conversa:

-- Quer saber? Vou continuar, pois se tudo isso falhar, ainda poderei ser uma pianista.

O Maestro então, percebeu que o mal que afligia Beatrice era o desprezo pela parte do lorde. Afinal, ele tinha ficado dez dias fora e passou apenas umas horas ao lado dela, tornando-se a partir. Não era necessário grande capacidade intelectual para perceber isso.

O Grande Amor De Um LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora