Uma voz bem animada acordou Jorge naquela manhã, como sempre fazia. O sol mal havia aparecido e lá estava ele mais uma vez.
— Ah, por favor. — resmungou o jovem. — Fecha essa cortina. O senhor está querendo me deixar cego.
— Deus o livre! — disse o pai do rapaz. — Abra bem os olhos, abra bem os ouvidos e hoje escolha uma noiva bem bonita e educada para me dar muitos netinhos!
— Ah... — reclamou, sentando-se na sua cama. — Pelo jeito não tenho escolha.
— Eu acho que não entendi — disse seu pai. — Mas isso não importa.
— Estou profundamente ansioso por causa dessa festa — ironizou. — Mal posso esperar para conhecer as minhas pretendentes.
— Ótimo — disse o rei, fazendo-se de desentendido. — É assim mesmo que eu gosto de ver. O desjejum já está pronto, portanto, em pouco tempo, eu quero que esteja pronto também.
Jorge e o seu pai, o rei Carlos, estiveram ocupados durante todo o dia com os preparativos para um grandioso baile que aconteceria no castelo. Jorge já era "homem formado", como gostava de dizer o seu pai, e deveria se casar com uma princesa, como de costume, que se tornaria rainha quando chegasse a hora.
— Ora, ora — falou o rei entrando no quarto de Jorge, que já estava vestido para a festa. — Penso eu que não será uma tarefa difícil, para um rapaz tão bonitão, conquistar o coração de uma das moças.
— Achei que o senhor não se importava com esses assuntos — disse o rapaz que se olhava em um imenso espelho. — Então quer dizer que eu não preciso casar com alguma das moças que virão, caso eu não me interesse por ninguém?
— Bobagem, garoto — respondeu Carlos. — Dezenas de princesas de outros reinos virão. São moças muito gentis e bonitas. Não queira passar a perna em mim só porque estou ficando velho.
— "Ficando velho"? — disse Jorge, rindo do rei. — O senhor já é idoso!
— Eu não sou idoso! — alegou, endireitando-se. — Metade do cabelo ainda é preto!
— Sem contar a parte onde já não tem nenhum fio, não é verdade? — brincou. — Mas, se eu não me engano, já está na hora de ir.
— Já está na hora — respondeu o pai do rapaz. — Vamos! Já estão esperando por nós.
Realizaram uma grande festa naquele dia e muitas pessoas foram. Havia gente de reinos distantes e havia gente de lugares próximos também, assim como convidados do próprio lugar.
O príncipe Jorge dançou com várias princesas. O jovem percebeu que elas estavam realmente muito bonitas e eram bastante gentis, mas não se sentiu interessado em casar com nenhuma das desconhecidas. A celebração do aniversário do príncipe durou muitas horas e todos se divertiram bastante.
No dia seguinte, estavam pai, mãe e filho conversando sobre os "resultados" da festa:
— Diga para nós o que você decidiu, meu querido — solicitou sua mãe. — Estamos bastante ansiosos.
— Eu... Acho que elas eram bem bonitas — disse Jorge. — Gostei das moças.
— Muito bom! — comemorou o rei. — Mas nós queremos saber com qual delas você vai se casar.
— Eu não pensei muito bem sobre isso ainda... — respondeu. — Talvez eu precise de mais tempo.
— Oh, não... Não pode ser... — reclamou Diana, a rainha.
— O que houve, minha flor? — perguntou o rei. — Sente-se bem?
— Não é óbvio, meu rei? — disse a mulher. — O nosso filho não quer se casar. Mas eu sei o que ele quer. Ele quer ficar aí levando essa boa vida sem responsabilidades. Não quer ser rei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A FRUTA DOURADA - Fadas, Bruxas e Reinos Distantes
Short StoryA Fruta Dourada, inspirado em uma história contada pela minha vó, é o primeiro conto do meu livro Fadas Bruxas e Reinos Distantes, publicado em 2017. Jorge é um príncipe de um reino antigo e seus pais estão querendo que ele aceite um casamento arran...