CAPÍTULO 2

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Depois de passar dois dias com as janelas do quarto trancadas e com as cortinas fechadas, porque além do menino bonito ser meu vizinho de casa, ele também é meu vizinho de janela, eu decido abrir as janelas do meu quarto para entrar um pouco de sol e vento enquanto eu tomo um banho. Assim que termino de me refrescar e volto ao meu quarto, ligo a caixinha de som e coloco uma música para tocar enquanto me arrumo para encontrar as meninas no shopping.

Dançando de calcinha e sutiã na batida da música pop, procuro uma calça preta no armário e assim que a visto, fico parada com as mãos na cintura pensando em qual blusa usar, mas nunca parando de dançar. Depois de ficar impaciente, pego uma camisetinha branca e dou um nó na bainha, encontro minha bolsa jogada na cama e a pego depois de colocar uma bota preta e fazer uma maquiagem leve.

Desço as escadas e vou até o quadro de chaves na cozinha pegar as minhas da casa e do carro quando encontro mamãe, que depois de tirar um tempo a mais para si em meio ao caos do trabalho e decidir aprender a fazer sobremesas, terminando de decorar uma torta de morangos na ilha da cozinha.

- Ei, meu bebê, vai sair com as meninas? – ela levanta a cabeça para me olhar e abre um sorriso.

Ando em direção a ilha e roubo um dos morangos que estão no prato ainda esperando para irem à torta.

- Sim, mamãe. Estamos querendo ir naquela nova loja de artigos desportivos que abriu, precisamos de sapatos novos para animar.

- Ah, claro. Só sapatos para animar que vocês irão comprar... – ela diz rindo já conhecendo a filha que tem, que vai ao shopping para comprar um item e volta com cinco sacolas. – Filha, antes de você sair, poderia me acompanhar?

- Onde você vai, mãe?

- Ah, eu conheci os nossos vizinhos hoje de manhã quando saí para pegar as correspondências e avisei a Ella que iria levar uma torta de morango para eles nessa tarde, você sabe, para dar boas-vindas. – Mamãe limpa as mãos no avental florido que veste por cima de seu macacão verde turquesa.

Eu dou uma leve engasgada só de pensar na possibilidade de olhar para o filho dos novos vizinhos depois de ele ter ouvido o que a Kate disse, mas assinto, ainda que com dificuldade.

- Obrigada, filha! Não quero ir sozinha e seu pai teve que entrar num vídeo conferência faz uns cinco minutos e você sabe como são essas coisas de advocacia, nunca sabemos quando eles vão parar de falar. – Ela dá uma risadinha.

- Claro, mamãe, vamos lá. – Eu tento manter a voz firme, mas a realidade é que estou nervosa.

Chegamos a porta da casa ao lado e uma mulher de cabelos pintados de vermelho aparece e nos convida a entrar com um sorriso no rosto. Ela retira a torta da mão da mamãe e nos leva até a cozinha onde nos sentamos no balcão para conversar. Nós já havíamos entrado nesta casa quando ela pertencia a Sra. Maddox, mas ela claramente passou por reformas e novas decorações pois está toda moderna e diferente.

- Oh, Mary, não precisava trazer mesmo a torta.

- Claro que precisava, Ella. Eu disse que iria fazer uma torta de boas vindas à vizinhança.

- Espero que não tenha sido incomodo.

- Jamais, mas deixe eu lhe apresentar a minha filha, Allison.

- Oi querida, um prazer conhecer você, sou Ella.

- Um prazer, Ella. – Eu digo enquanto lhe dou um sorriso.

- Sua mãe me disse que você estuda na Boston High School.

- Sim, estou indo para o último ano.

- Que bom, você provavelmente será colega de classe do meu filho, Taylor...

- O que tem meu nome? – uma voz masculina me assusta e quando eu olho para trás, o garoto bonito está sorrindo com os braços cruzados em cima do peito enquanto anda em nossa direção no centro da cozinha.

- Filho, essas são nossas vizinhas. Essa é Mary e sua filha, Allison. Ela estuda no mesmo colégio no qual te matriculamos esse ano, vocês provavelmente serão colegas de classe. – Ella nos aponta e diz empolgada.

Vejo Taylor ir até minha mãe e lhe dar um beijo na bochecha de saudação e quando ele vem até o banco onde estou sentada, me puxa para um abraço, abaixa a voz e diz:

– Você esqueceu de fechar as cortinas hoje e foi uma delícia te ver dançando One Direction de calcinha e sutiã.

Ele me solta, dá um sorriso grande e cheio de dentes brancos e brilhantes e vai até um quadro de chaves no canto da cozinha, pega uma chave de carro.

- Mãe, vou sair com os caras, não volto tarde. – Dá um beijo estalado na bochecha da mãe, sorri para a minha – Foi bom lhe conhecer, Sra. Mary. – E então vira para mim, que permaneço paralisada desde que ele me soltou minutos antes. – Um prazer te conhecer, Allison.

E então o garoto bonito, com o sorriso bonito e braços fortes – preciso concordar com a Kate, ele deve ser atleta – vai embora e me deixa somente com a sua fala vibrando na minha cabeça e o perfume masculino e forte impregnado em mim.

E esse foi o segundo encontro que tive com Taylor Reed. 

The Heart Never LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora