Quatorze

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Voltando para o quarto, Severus reparou em uma mala jogada no canto que haviam ignorado na noite anterior. Deu de ombros e se vestiu com roupas leves escolhidas por Lucius, com certeza (eram todas de marca e de tecidos caros, todas em cores claras chegando quase ao branco). Colocou a toalha para secar e voltou pra dentro do quarto espaçoso vendo que Potter acabara de acordar e se espreguiçava na cama com a cara amassada de sono.

Severus riu discretamente, mas ficou sério logo após e pigarreou, atraindo a atenção do outro para si. — São 12:58pm, se você correr acho que ainda podemos almoçar naquele restaurante que você queria ir. — disse seriamente. O moreno mais baixo assentou e pulou para fora da cama, pegando sua própria toalha e correndo para o banho.

Suspirando Severus pegou a mala e a colocou em cima da cama, preferindo arrumá-la até que o ômega saísse do banho. Ao abri-la, arregalou os olhos em choque e ficou ali, petrificado no chão do quarto e quase que sem saber o que pensar.

"Céus! Não infarta agora!" - sua mente gritou.

— Mas que... Inferno!




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— Acho que deveríamos apenas pegar algo rápido pra comer e... — dizia James voltando ao quarto, mas paralisou na porta e sua boca se abriu assim como seus olhos arregalaram e o coração acelerou como se quisesse correr uma maratona. Seus dedos ficaram frios de repente e ele começou a tremer ao ver Snape senado na cama com sua mala aberta, revelando as roupas que com certeza foi Sirius quem colocou junto. EU TE METO MISERÁVEL! - gritava internamente.

— Eu não sabia que gostava de usar esse tipo de roupa, Potter. — dizia o maldito Sonserino com um risinho de deboche. — Quer dizer, essas roupas...

— Simon que me deu. — se apressou a dizer o mais novo. — Ele achava que as minhas eram curtas demais e me deu essas. Ele vivia dizendo que não gostava que eu mostrasse muito meu corpo como se fosse uma vadia, mas nós brigamos por isso e ele me deu essas porque dizia que eram mais "comportadas"...

— Potter! — Snape exclamou. — Céus! Você fala demais! — ele pegou uma das peças e fez uma careta. — Oh meu Deus! Se eu soubesse que você gostava de roupas consideradas "femininas" eu teria feito uma programação para comprar novas e queimar essas, porque sinceramente...! Olha isso! — jogou uma em cima da cama e foi atirando as outras, uma a uma, na mesma direção da primeira, sua face de nojo se aprofundando. — Você tem sorte de ter sido eu a achar isso e não Lucius. — dizia distraído. — Ele teria um ataque cardíaco.

— Espera... — James franziu o cenho. — Você não vai... Sei lá, brigar comigo ou coisa assim?

— Sim, eu vou. — Snape o olhou profundamente, parecendo irritado. — Eu vou porque você está nos atrasando e as lojas aqui fecham às 4 da tarde. Se formos rápidos, acho que conseguimos almoçar quietos e comprar roupas novas pra você ainda hoje.

James travou e piscou como uma coruja, vendo o companheiro se levantar da cama e mexer no closet rápido, escolhendo um conjunto azul claro. — Vista. — mandou ao ômega e saiu do quarto, dizendo enquanto caminhava pelo corredor: — Sinceramente, eu devia ter quebrado a cara daquele babaca, onde já se viu...! Se usar essas roupas as pessoas vão atirar pedras em você...! Puta que pariu...!

Ainda congelado James se vestiu e saiu, caminhando pelo largo corredor de um material metálico que Snape lhe explicara ser aço, brilhante e resistente, até chegar as escadas prateadas que davam na sala de estar, e então seguiu por uma porta lateral, atravessando a grande sala de jantar até chegar a cozinha, vendo o Sonserino mexer em um ou outro armário.

— ... Onde já se viu... — continuava a murmurar ainda parecendo irritado. — ... Ridículas...! Até minha avó tinha um gosto melhor...!

— Como? — James franziu o cenho, começando a se irritar também. — Hey, elas são ótimas, ok? Não são realmente tão horríveis assim. — se defendeu.

— Sério, se você usar aquele vestido marrom perto de mim eu queimo ele com você dentro. — ameaçou. — Olha, eu não tenho problemas em você usar roupas curtas ou algo do gênero, em minha opinião se você tem algo bonito no seu corpo você tem que mostrar sem medo, mas aquele vestido faz você parecer uma freira que caiu na lama e eu não vou deixar que você saía por aí parecendo um... — ele respirou fundo e desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. — Seguinte, vamos fazer isso: iremos comer algo, um salgado ou algo parecido, e vamos comprar roupas decentes.

— Nada de roupas de freira? — riu o Potter.

— Nada de roupas de freira. — Snape sorriu de lado, fazendo James perder o ar por ser a primeira vez que via aquele sorriso. — Vamos.





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Almoçaram no restaurante Hórus, a porção daquela sopa ainda fazia James querer comer mais, apesar de estar cheio e de ter nojo extremo por ter comido. Perguntara o que era aquilo para o alfa quando terminaram e este, com um sorrisinho cretino, lhe exclareceu com um riso: — Carne de naja ao molho de alho apimentado.

James foi ao banheiro e vomitou, tendo nojo de si mesmo por ter comido uma cobra. — Como você me deixou comer aquilo?!? — exclamou indignado para o marido. — É nojento!

— Você não pareceu achar nojento quando comeu. — riu o Sonserino maldito. — Mas, sério, foi um exagero. Quer dizer, eu pesquisei alguns pratos bruxos do Egito quando soube que vínhamos pra cá e fiquei bastante surpreso ao descobrir alguns ingredientes das comidas bruxas deles. Quer dizer, você sabia que os restaurantes caros compram veneno de basilisco pra colocar na comida?

— Quê?!? — o Potter repetiu enquanto saíam do restaurante bebendo um milkshake de brigadeiro. — Como assim?!?

— Eles misturam o veneno ao molho de pimenta e levam ao forno por cinco horas. O ácido se separa do veneno e forma uma espécie de "camada" em cima do molho, então, quando ele esfria e a camada endurece, eles a retiram, colocam a pimenta no forno de novo e depois servem com a comida. — explicou o mais alto, parando para respirar e tomar sua bebida gelada. — O Egito é realmente fascinante.

— E aquela sopa? — perguntou James. — Como eles fazem?

Snape sorriu. — A sopa foi um agrado meu, me agradeça. — riu ele. — Os egípcios matam as najas que não podem engravidar porque as outras não precisam delas para se reproduzir. A carne dos "inférteis" é mais macia porque eles não precisam proteger os ovos, então eles sabem qual devem matar. Os egípcios capturam os ovos das cobras e as criam em um ambiente tão selvagem quanto o seu hábitat natural, depois eles selecionam cuidadosamente as que vão virar comida e soltam as outras. — explicou.

— E aí? — questionou o Grifinório.

A Rosa Dourada - SnamesOnde histórias criam vida. Descubra agora