Get her

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Eu acordei com um afago nos cabelos.

Abri os olhos e me deparei com Michael ali, entretido em me olhar. Tinha um alívio em seus olhos e um brilho desconhecido também, me fez sentir bem.

- Acordou. - diz ele, sorrindo.

Sorrio de volta, sem vontade de conversar.

- A enfermeira trouxe Elle mais cedo, mas você estava dormindo, então disse que voltaria mais tarde. - me endireito na cama, espreguiçando o corpo. - Ou você quer ir vê-la agora?

- Onde ela está? - pergunto.

- No berçário, junto com os outros bebês.

Ele me ajuda a levantar e eu vou para o banheiro, queria trocar de camisola e colocar um kimono por cima da mesma, fazia um pouco de frio dentro da maternidade. Nós caminhamos juntos até a salinha dos bebês, e eu segurava seu braço enquanto isso, doía um pouco para caminhar ainda. Paramos em frente ao vidro e procuramos por alguns instantes a bebê, até a encontrarmos. 

A enfermeira a trouxe para perto do vidro, sorrindo e acenando.

- Nós fizemos isso. - digo, engolindo em seco. - Ela é linda.

Michael me olha, passando o braço por meus ombros.

- A gente fez sim, e bem feito pelo jeito, bastou uma vez pra plantar essa sementinha aí dentro. - ele pisca, me fazendo rolar os olhos. - Mas foi de longe a melhor coisa da minha vida, eu nunca vivi algo assim antes.

Umedeço os lábios, sentindo que estou certamente muito emotiva agora.

- O meu pai nem sabe que eu estou aqui, que eu tive um bebê. - desabafo, pensando alto.

- Ele sabe sim, a Polly contou pra ele. 

- E o que ele disse? - me viro para olhá-lo, e ele desvia o contato visual de imediato.

- Nada demais, só os parabéns.

Tem algo errado, eu sinto isso. 

Eu vejo em como sua postura mudou que na verdade o que ele disse é mentira, que não é o que realmente aconteceu. Isso me deixa enfurecida.

- O que ele disse? - pergunto de novo, meio tom pra cima.

Antes que pudesse me responder, outra pessoa o faz.

- Ele falou que agora a dívida está definitivamente paga. - Polly fala, parando ao nosso lado. - A sua irmã debochou de você, e eu particularmente prefiro não repetir as palavras dela.

Ela me olha de forma intensa e eu murcho, aquela era a verdade. 

Eles estavam melhores sem mim.

- E eu torço pra que o nascimento desse bebê seja o fim dessa maldição de vocês. - eu a olho sem compreender. - Nós precisávamos fazer isso, separá-los, pra que isso pudesse acontecer.

Seu dedo aponta para Elle e eu compreendo o que ela fala. Ela retira um colar antigo e o larga no chão, pisando na pedra vermelha que havia no centro dele. 

- Era um colar amaldiçoado, herança de família. - ela diz, olhando pra frente. - É pra garantir que não haja mais nenhum mau agouro.

Se Polly acreditava que aquilo tudo foi pelo bem de Elle, então que seja, eu mesma não iria discutir com ela pois sequer entendia a cultura da família deles. 

No fim do dia, eu só quero estar com minha pequerrucha para sempre.

- Resolva-se com a Sierra, Michael. - diz Polly, virando-se. - Não precisamos de mais problemas, nem agora e nem nunca mais.

Volto a olhá-lo, fechando a cara.

Eu havia me esquecido de Sierra por um momento, mas como agradecia Polly por me fazer recordar.

- Espero que consiga finalmente ser feliz a partir de hoje. - tiro seu braço de meus ombros, afastando-nos. 

- Lisie, eu quero que sejamos uma família unida. - diz ele. - Quero que nossa filha tenha pais e que viva uma base sólida.

Ri, revirando os olhos.

- Michael, você voltou com a Sierra! - falo, bufando. - Você sabe o que ela fez comigo, e ainda sim conseguiu se deitar com ela sem problema algum. Não é possível que você jura mesmo que nós vamos ficar juntos depois de tudo que aconteceu.

Ele suspira, contrariado.

- Eu posso explicar Lisie, não foi pra valer. - sua mão pega a minha, impedindo de me afastar. - Nada daquilo foi real, eu nunca a quis e nem nunca vou querer, ela era só algo que eu precisava terminar. 

- Então você voltou com ela pra terminar e depois voltar comigo?

- Não, existe outro motivo.

Palmas ecoam atrás de nós. 

Nos viramos e damos de cara com Sierra, atrás dela está Catarina, ambas segurando armas em riste.

- Olha docinho, eu até ia te perdoar, mas já vi que tem algo que vai doer mais pra você aprender do que matar o seu brinquedinho. - ela diz, sorrindo. - Traga pra mim. - Sierra fala para alguém no telefone.

Segundos depois, a enfermeira saí de dentro da sala com nossa filha em mãos e a entrega para Catarina, e eu sinto como se estivesse congelada. 

Todo o meu corpo formiga mas não é capaz de se mover um centímetro, temendo pelo pior que poderia vir.

- Solta ela Sierra, você sabe que vai ser pior pra você. - Michael fala, apontando uma arma para ela também.

Estou tão nervosa que me encolho atrás dele, ainda de olhos colados em Elle nos braços de Catarina.

Por qual razão todo mundo estava armado dentro de uma merda de hospital?!

- Ai meu bem, a gente sabe que você não vai fazer nada! - Sierra brande a arma com força. - A não ser que queira que eu atire na sua filhinha. Isso aqui é por não ter honrado com o acordo Michael, você sabe que os Billy Boys cansaram desse teatrinho.

- Por favor, não machuca ela. - finalmente encontro coragem, indo para o lado dele. - Eu faço o que você quiser, só não machuque ela.

As irmãs riem.

- Eu te dei a chance de fugir, mas o covarde do Hank não teve nem coragem de matar uma grávida. - ela debocha, fazendo careta. - Dá pra acreditar Cat? Um assassino de aluguel que não consegue matar?

O meu corpo todo formiga, a mente acelerada em busca de uma solução.

- Eu faço qualquer coisa Sierra, só deixa ela em paz. - Michael diz, se aproximando do chão com a arma. - Soltei, viu só? Deixa elas irem.

Catarina troca olhares com Sierra, ambas parecendo muito felizes.

- Ah meu amor, eu te quis tanto e por tanto tempo... - ela começa a falar, sorrindo. - Mas agora acho que realmente nós dois não era pra ser.

E eu previ aquilo muito antes de acontecer, o que me fez avançar contra elas, enquanto um barulho alto de tiro ecoa por aquele corredor. 

Talvez a história fosse se repetir.

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